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sábado, 30 de outubro de 2010

O “SÓCAS”

Pensava eu.....

Pensava eu, que o nosso Primeiro era tão só um tipo tão obstinado, teimoso mesmo, que essa realidade ofuscava tudo o resto, chegando a parecer estúpido, néscio, um badameco vaidoso, intolerante e arrogante.
Mas alguns pormenores revelavam dele, ser um hábil político, capaz de lidar com coisas extremamente complicadas, compagináveis apenas com pessoas de grande equilíbrio entre o instinto e a racionalidade e a cultura de Estado. Pessoas muito qualificadas. Estou a lembrar-me por exemplo, de como lidou coma questão das escutas a Belém. Magistralmente fez com que a castanha estalasse na boca do queixinhas do Sr. Silva. Em relação ao qual não restam dúvidas de que é uma personagem politica destituída de imaginação…. Completamente quadrado!!! Mestre da trivialidade e da menoridade intelectual, cuja se esgota na sua qualidade de economista, professor e tudo… Coisa que desconfio, acumula com o seu ser privado e individual….
Estes últimos desenvolvimentos, da novela da aprovação do OE (orçamento de Estado), revelam um Sócrates a abanar por todos os lados e a deixar-se ultrapassar, nesta luta estúpida, que só rende em países do terceiro Mundo, e que consiste em revelar à opinião pública, à frente da qual tudo se passa, de quem é a culpa de estarmos tão mal… Tão mal,,, Que os “mercados” não gostam de nós, e não nos dão dinheiro para  comprarmos  chupas…. (é um pouco mais que isso, mas a ideia é a mesma)
O PPD brilha no espectro politico e prepara-se com a bênção do Sr. Presidente Silva  para fazer o PS governar segundo os seus ditames e estilo.
Pode e é dito em jeito de desculpa, coisa que não lhe conhecia, que é em nome do interesse Nacional. Mas, “isso é conversa mole para boi dormir”, como dizem os nossos irmãos brasileiros. Isto porque faça Portugal o que fizer será sempre penalizado pelos “merdosos” que manipulam os chamados mercados. E pelos ricalhaços da Europa, que hão-de continuar a tratar-nos como seus Jardineiros, enquanto não lhes pregarmos um valente “cagaço”. E isso sim, é coisa que eu esperava do nosso ministro maior. Em vez do: Porreiro pá…. Um valente toma à “bordalesa” e um marzapo das Caldas para enfiarem onde quiserem…..
Será que se trata do mesmo “animal feroz” que enfrentou lóbies tão poderosos como o dos farmacêuticos, (industria ou comércio a retalho). Ou o criador politico do “Magalhães”. E a reforma do ensino? Pode não ter sido o melhor caminho, mas revela muita coragem…. Enfrentou o “lóbie” dos Profes, perdeu. Voltou a erguer-se e voltou à luta…. Desculpem lá , mas tomates tem o homem….
Mas não!!! Ou me saiu ainda mais malandro do que eu sou capaz de imaginar, e eu tenho em matéria de malandrice uma imaginação fértil, ou então esgotou-se-lhe o gás. E assim sendo, é melhor que vá “engenheirar” para onde puder. Enquanto ainda é tempo de uma remota hipótese de recuperação da esquerda. Se bem que remota não se podem dar ao luxo de a protelar. Lembram-se do Ferro Rodrigues,? Também parecia uma luta inglória, no entanto o “Cherne” acabou por ganhar por muito pouco….
O que se avizinha é a concretização do sonho do Sá Carneiro: Um Governo, um Presidente e uma maioria….. E então é que vai ser o regabofe…. Não é por questões técnicas de gestão governativa, que essa gente quer um Estado menos gordo, é sim porque acreditam que o Estado está a roubar áreas de negócios à iniciativa privada….
A boa verdade é que os nossos governantes  anteriores e actuais , assobiam para o lado, e vão permitindo ou praticando a má gestão da coisa pública, abrindo caminho às considerações e ao oportunismo da direita partidária…. Não importando se a questão é vital, e que permaneça abrigada da voragem dos interesses privados…. 
Os mercados não gostam da ideia de Estado Social, mas se houver uma boa, comprovadamente boa, gestão, que remédio terão senão meter a viola no saco…..
Vejam lá se eles se metem com os países nórdicos….. Não há na UE, países com Estados mais Sociais que estes. Eles …. Os “mercados”, só se metem com quem tem convicções pouco fortes, acerca do seu caminho colectivo e de como se organizam para o atingir….
E o Resto é paisagem…. Sr. Sócrates, nosso primeiro….
Óh senhores…. E o que me custa é o espectáculo degradante do Sr. Silva travestido de virgem guerreira. Quando não é, nem uma coisa nem outra….
Quadrado será e sempre. Se ele ganhar, em vez do triunfo do Cubismo, teremos rodas quadradas e vulgaridade ao quadrado….
Até já me está a fazer doer!!!!

                            António Capucha
           Vila Franca de Xira, Outubro de 2010

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

O sacristinha

Missa Sagrada
Clementina, perdão a Srª. D. Clementina, tinha o hábito de pigarrear alto e bom som, não para aclarar a voz, que a tinha bem tonitruante, mas por alegado tique, o que constituía assim como que uma inconveniência, na Igreja Paroquial desta simpática vila, no extremo Sul do Ribatejo, porque alegadamente perturbava a liturgia…
Quando a D. Clementina desobstruia a goela entre o, In omne tempus e o ite missa est, isso implicava de imediato, o virar de cabeça do padre que a olhava por cimo dos óculos e com tal desaprovação evidenciada, que a visada punha de imediato a mão na boca e recolhia-se em quase expiação. Os, melhor, as fieis paroquianas permitiam que se lhes aflorasse às faces uma expressão de enfado o que aumentava a culpa da D. Clementina, pois que, nem entre as suas pares, encontrava solidariedade e compreensão. Apenas os Santinhos nos seus altares, ficavam impassíveis, mudos e quedos face ao dislate… O que nem lhe passava pela cabeça, era afrontar a autoridade eclesiástica do Padre. A estas discrepâncias correspondia  o cantar mais alto e o esbracejar mais vincado do “Manél” sacristão para tentar abafar a altercação e inopinado acontecimento . O Sacristão principal, único autorizado a tocar o sino e dirigir o coro das paroquianas e encher as galhetas de vinho de missa. Passava negra vida por mor de cuidar de que tudo decorresse com normalidade…
Ora estas peripécias e subtis variáveis à liturgia do dia, aliás, de cada dia, não passavam despercebidas ao sacristão improvisado, ajudante à missa das oito de todos os dias. O malandreco à socapa, ria deste ritual paralelo ao ritual predominante da celebração, que vinha escarrapachado no calhamaço das missas do padre, e dos esforços frustrados do 1º sacristão para os minimizar.
À mística, apesar de tudo, da D. Clementina, chegou mesmo a ser recusada a sagrada comunhão, à falta de melhor razão, exactamente por ter amiúde, cometido o pecado da imodéstia de usar tais guturais sons, unicamente para se evidenciar… 
Ora, ao sacristão improvisado, estas coisas pareciam-lhe despropositadas, mas acabava por aceitar e até entrar no aplauso unânime, porque a D. clementina o fuzilava com os olhos injectados de sangue quando o via rir á socapa das suas cenas e dos ralhetes subsequentes.
E não sabia ela, que o rapazola bebia às escondidas o sagrado vinho de missa na sacristia. Não sabia ela nem ninguém…  Senão não seria com o olhar que o fusilava….
Mas isso era coisa a que não resistia… O vinho era diferente de todos os que conhecia e que lhe causavam asco de tão ásperos que eram…. Mas aquele não! Era agradável, doce  e inebriante…
Tudo corria bem ao ajudante do sagrado oficio, não fosse a sua mãe teimar em lhe vestir calções, que lhe deixavam os joelhos nus sobre a escadaria de mármore negro do Altar Mor,  sempre que os salamaleques, cujos nunca entendeu, determinavam que se ajoelhasse. Era isso e aquela coisa de passar do lado direito para o lado esquerdo do Altar, algumas acompanhadas de badalados da campainha que lhe faziam uma confusão do caraças. O Sr. Padre ajudava-o maneando a cabeça para um lado ou para o outro, ou fazendo com a mesma que sim, para a “campaínhadela”. Isto não parecia nada bem era ao Sr. “Manel” porque era do seu âmbito e devia ser ele a conduzir a  inepta criatura.
O que convém aqui esclarecer é que o mariola, vigiava o vinho que era deixado na galheta e quando terminava o Santo Sacrifício da Missa, recolhia os elementos da Santa cena entre eles as galhetas do vinho e da água, e a caminho da sacristia em gestos mais que estudados e experimentados, emborcava o néctar restante. O “Manel”sacristão, fiel depositário do garrafão do precioso líquido, é que devia dizer de si para si: Alguma se passa… O Sr. Prior ultimamente bebe o vinho todo. Mas claro que experimentado acólito que era, sabia que isso não eram contas do seu rosário… Daí não rezar dos anais da Paróquia de Vila Franca de Xira, o misterioso desaparecimento da vinhaça de estalo para as missas. Faça-se pois luz, sobre o assunto. E se restar neste Mundo dos vivos alguém a quem este mistério traga intrigado, Fica a saber o como, ficando nas covas como convém, (não há aqui lugar a denunciantes e bufos) o quem!!!!
Áh é verdade, soube-se  muito tempo depois destes acontecimentos, que a D. Clementina, terá morrido com idade para tal, e com um cancro na garganta…
O pequeno sacritão, pede humildes desculpas por ter rido das cenas originadas pelos sonoros aclaros de voz da senhora…
O sabor do vinho de missa é que não lhe sai da cabeça!!!!!


                        António Capucha
     Vila Franca de Xira, Outubro de 2010

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Será que isto levanta?

Óh senhor Silva....Será que isto levanta????
E pronto não há acordo. Afinal azeite e água não se misturam…. Ainda bem digo eu, em nome da lógica das coisas….
Aparentemente o que alimentou os noticiários destes últimos dias, era a esperança, baseada sabe-se lá em quê, que o Governo do PS ia passar a governar baseado no OE do PSD. Só mesmo com muita fé é que se podia esperar isso. Conhecendo-se a personalidade política do José Sócrates, isso seria o menos provável.
E não seria só isso…. O 1º Ministro não iria assistir impávido e sereno ao cimentar da ideia de que o Presidente Silva, era o motor e garante da estabilidade em Portugal. O resto são números e profissões de fé dos economistas e fieis servidores das teorias dos “mercados”.
 Há a lamentar, que tardasse tanto este corte com a corrente néo-liberal que vem inchando. O governo tem mantido uma atitude dúbia em relação a estas questões…. Mas estamos chegados ao ponto em que não há nada a perder…. Ser governo, Pagar a factura de impopularidade por o ser, e aplicar a política dos outros. Só mesmo por masoquismo, ou estupidez…..
E agora que o Presidente Silva, já desfez o tabu, e se prepara para passear o seu imodesto factor de equilíbrio, de fiel da balança politica, imparável até à vitória final…. Então, dizíamos, é que não há mesmo nada a perder….
Não espero milagres. Mas o primeiro passo está dado…. Claro que o governo vai cair.
Mas isso era uma questão de tempo.
Tal como estão as coisas em termos económicos e políticos, e com a margem de manobra que resta aos governos que fazem parte do Euro, sobretudo se pobres como nós somos, dois meses de governo seja de quem for, são o suficiente para cair no mais atolado dos descréditos, Pois que sejam os que acreditam no sistema que nos provocou estas perturbações – os ditos mercados  e seus servidores e fieis acólitos – que sofram o desgaste por eles provocados….
Espero que esta seja a fronteira do faz de conta, que tem sido a actuação deste governo. É aliás a maior das contradições do estilo do Sócrates, Teria sido mais fácil que em vez de afirmar sempre a seu arrogante protagonismo, numa espécie de Xadrez suicida em que jogava deliberadamente para debaixo de xeque, (o que, como se sabe é proibido pelas regras do jogo.) assumindo a responsabilidade de coisas que não dominava, e tivesse a seu tempo reconhecido publicamente a sua incapacidade para fazer face às questões. Que isto que nos estava a acontecer era assim como que uma enxurrada imparável, e que ele nada pode fazer porque é apenas 1º Ministro de Portugal e as soluções , tal como as causas não estão ao nosso alcance.
É um exercício de humildade que lhe causa brotoeja, mas que lhe pode custar demasiado sobretudo ao PS e ao País, por tabela.
A solução já não passa por ele, que parece ser um protagonista a quem se extinguiu o papel. Mas alguém vai ter que começar a chamar os bois pelos nomes,  e a bater o pé aos “patrões” da UE, Já que se a UE enquanto tal, deixou os países mais frágeis ao Deus dará face à investida dos especuladores internacionais, ENTÂO, SERVE PARA QUÊ???? E como é evidente que os poderosos não se deixarão comover, é preciso tomar atitudes. Por exemplo criar com os outros países do Sul da Europa um lóbie inflexível, que faça mossa e acabe de vez com as mais que muitas descriminações de que têm sido alvo. Por parte da Alemanha, Reino Unido e França. Reparem só nesta contradição: O reino Unido, vulgo Inglaterra dá-se ao topete de ter colónias e de as defender tenazmente, em dois países também membros da UE. A Espanha e a Irlanda.(respectivamente: Gibraltar e o Ulster)
Como é que se sustenta uma coisa destas?
E como é que a Alemanha não aceitou qualquer facilidade de pagamento que aliviasse as contas de Portugal e da Grécia, a quem também vendeu dois ou três submarinos????? Se calhar para defender os corais do Egeu!!!!
Países do Sul e Irlanda Unidos numa estratégia de subverter esta união que não é a nossa Ou é?
O Durão “cherne” e o próprio Sócrates, grizaram-se todos com o Tratado de Lisboa que apenas transforma a UE cada vez mais num tratado apenas económico, onde como se sabe impera a estratégia bancária. Porreiro pá!!!!
Claro que isto sou eu a sonhar…. O que provavelmente vai acontecer é que, como profetizava Saramago, Portugal acabe como província de Espanha e A Irlanda cada vez mais britânica emigra toda para a América para policias de New York e “prontes”…..
E VIVA ESPANHA!!!! A Liza Minnelli em fundo, canta a Big Apple….. e Zorba rodopia bêbado.
A Portuguesa e o Danny Boy choram convulsivamente…. O Zorba continua a dançar….
CAI O PANO.
 
               António Capucha
Vila Franca de Xira, Outubro de 2010

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Aquele senhor que vale mais pelo que não diz,


Aquele senhor que vale mais pelo que não diz, do que pelo que diz… Também faz da sua acção não agir. Ou agir na sombra, sem que se venha a saber que afinal agiu, mais, não só agiu como agiu metendo o bedelho onde não é chamado. A única arte que tem é a de comer ele os figos e rebentar a boca aos outros. Como ao seu arqui–rival não consegue enganar, interveio metendo o foice em seara, que foi a sua, e que de há muito a esta parte, manipula a seu favor sem correr os desgaste próprio de quem comanda. Deixando que quem assuma esses riscos de mandar, se desgaste e morra de morte lenta . E já vão não sei quantos nesta voragem.
O outro senhor em guerra de galos com este outro, ao menos não se acobarda e assume por inteiro até o que não lhe cabe de responsabilidade…. E fá-lo até ao absurdo…. As acções, nem sempre hábeis, destes actores, simultaneamente, manipuladores e manipulados, são seguramente sempre muito elaboradas e a custar os olhinhos da cara aos “doozer’s” (fazedores) e consumidores finais das coisas, apesar de penosas e dispendiosas como já se disse, não passam de exercícios de faz de conta …. Virtuais….Eles levam tão a sério essa condição de virtualidade, que nem pestanejam em cumprir os desejos de uma “clic” abstracta a que chamam “Mercados”, contra os interesses mais do que evidentes e reais das pessoas concretas que somos nós. A perversão é tal que, o que á partida é virtual, produz efeitos reais…. E o que de génese, é real passa a ser considerado no âmbito dos jogos virtuais destas Almas…..
Entretanto na sombra de tudo isto e como se isto não existisse, o dito senhor continua a urdir o seu “tabu”, ridículo segredo de polichinelo, como todos os outros a que nos habituou na sua longa, diria antes, interminável carreira de político virtual…. E a manter a boca fechada não só aos “bolos-rei”…
Isto começa a fartar-me porque já nem constitui matéria susceptível de criar indignação…. Isto é aliás um longo e penoso nada. Tal como, que eu me lembre, o foram as consequências dos anteriores , mais que muitos, sacrifícios que já fizemos como sendo derradeiros, para normalizar as coisas….
Ora senhores “importantes” quando é que resolvem retirar como ensinamento que esta forma de resolver as crises, são completamente ineficientes. E a prová-lo está que nunca, apesar de inúmeras vezes aplicado, resolveu coisa nenhuma. (até o FMI, já cá esteve Lembram-se? E esta receita já vai na undécima vez que é aplicada) e a única coisa que fez foi trazer-nos até esta situação que difere da inicial apenas por ser mais grave.
Façam lá um exercício de humildade, e aceitem que o vosso lugar é em casa frente ao televisor a brincar na PS3….  E podem até ligá-las à “net” e jogar um contra o outro, poupando-nos assim ao espectáculo deprimente da Cooperação Estratégica. Seja lá isso o que for….
E por último deixe que lhe diga Sr. que faz de Presidente….Se, como é verdade o seu maior e melhor trunfo é o silêncio e o mistério. Então porque que é que não sai de fininho de cena? Politico que não fala, não erra! E político que não está, sempre pode fazer o papel de messias….. Já viu que glória: O senhor, O Messias…. Como o outro de Santa Comba…. Até lhe fazem romarias. É quase tão popular como a Santa da Ladeira.
Como o senhor acredita na Lei da auto regulaçao dos Mercados, isto é: a lei da oferta e da procura…. Porque é que não aplica essa mesma lei à sua acção política, e deixa o seu partido fazer o seu papel livremente….. Este seu mandato ainda não terminou e já custou aos seus, vai para cinco líderes…. Este que actualmente lidera o PSD será que vai resistir? Aparentemente ele não é muito alinhado na sua bola…. E o Senhor se dissesse que o detesta, não conseguia ser tão expressivo como o é, não o dizendo! (se eu fosse a Maria João Avilez, agora perguntava-lhe: O senhor não convive muito bem com a contrariedade… Pois não?  É que se nota a sua expressão a mudar para sorriso comprometido, quando lhe perguntam aquilo a que não quer responder. E já agora e a propósito …. O Senhor tem outro sorriso?)
Ou, Abrenúncio … Vá de retro, será que apenas não quer que uma crise política provocada pela queda do governo, perturbe e ofusque a sua coroação…. Perdão a sua eleição Presidencial?
Não é que eu me preocupe… Com o mal dos outros!!!!….. Mas sabe, é que estou absolutamente convencido que isso apenas alimenta a sua vaidade e eu detesto vaidosos…… Sobretudo os encapotados de servidores da coisa pública…..


                        António Capucha
        Vila Franca de Xira, Outubro de 2010

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Espectáculo de lançamento do CD do Afonso Dias ( a comprar)

Afonso Dias Foto José Serra

E de Outubro se fez Abril
A arte e criatividade tem destas coisas e uma delas é mudá-las!!!! Às coisas!
E faz isso através das pessoas. Electrizando-as….
Num espectáculo, nós, o público, certinho direitinho nos seus lugares. E lá no palco, eles, os “Artistas”, formais no seu estatuto, a debitarem a sua “redondilha”, redondinha e certinha direitinha….
Mas, e se do palco afinal, em vez da sua formalidade, o artista disser do que nós temos atravessado na garganta e não sabemos ou não podemos dar-lhe expressão? Então deixa de se saber onde acaba o palco e começa o público. E este subtil cocktail enche a sala, aliás, extravasa a sala, vai até onde nos leva a imaginação.
No passado Sábado (16de Outubro) foi isso que se deu no auditório do Museu do Neo-Realismo em Vila Franca, cidade. O Ex habitante de Vila Franca, ex Deputado constitucional, Ex membro dos GAC (grupo de acção cultural) de boa memória. Hoje refugiado no quente Algarve, onde continuou a sua actividade artística. AFONSO DIAS, tem produzido vários CD’s. ultimamente de poemas dos nossos maiores autores, e uma incursão pelo eterno e misterioso Fado e também faz teatro, escreve poesia e não só.
Desta feita regressou à canção sempre interventiva, claro, Com o CD de seu nome 13. Porque são treze as canções, porque nasceu a um dia treze, e porque sim.



Foto josé Serra

foto José Serra

 Convidou para o lançamento e para o acompanharem neste regresso às origens da sua consciencialização política, esta simpática terra que é a nossa, Os seus amigos de longa data: MANUEL FREIRE, TINO FLORES E PEDRO LOBO ANTUNES.
E estas quatro figuras tomaram conta da sala, que se revelou pequena para as pessoas que ali acorreram.
Foram mordomos cozinheiros e comensais do grande ensopado, que ali ferveu em lume nem sempre brando como devia, e a idade média dos presentes aconselhava.
Abril, sempre à espreita, e um brilhozinho maroto nos olhos de cada um, que explodiu no final com toda a gente sem conseguir estar quieta no lugar, entoando o: Nascem Flores do Pedro Lobo Antunes. Que foi… É, o Hino do 34. O nº da casa do bairro do CASI, onde todos nós vivemos, fizemos política, amor e nascer flores, tudo às molhadas…..
Faltaram alguns amigos; porque de todo não puderam estar, e outros porque já cá não estão de todo….
A tudo e a todos recantámos e trouxemos à cena. Rememoramos sobretudo o facto de termos sido lindos, cantarmos bem e desencadearmos invejas e o pior que o fél dos fascistas de merda, conseguem segregar…. E resistimos….
FOI LINDO…SOMOS LINDOS  !!!!!

    

Pedro Lobo Antunes a cantar as Flores - foto José Serra
                         António Capucha
           Vila Franca de Xira, Outubro de 2010

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Luísa, mãe solteira



A calçada irregular, a noite mal iluminada, só nesta rua, e para disfarçar o cansaço, Luísa contou três candeeiros num longo pisca-pisca…. Como me doem os pés, pensou…. O pensamento vai torpe de ter passado o dia na linha de montagem. Aquela sucessão de gestos sempre igual. Ao fim de quatro horas já a mente dormia, e continuava a mexer os braços e pernas reflexamente como o rabo amputado a um lagarto. O cérebro para ali, já não dizia nada de que desse conta. Os músculos contraíam-se  e distendiam-se ao ritmo certo abandonados à sua condição operária. Agora ao fim de dez horas imaginem se forem capazes,……
Arrasta-se Até casa, se é que se pode chamar casa aquilo, chove lá dentro as paredes escorrem água, Está um daqueles dias em que nada seca…. E as fraldas da menina? P’rá amanhã já não tem…. Tenho que me deitar em cima delas para as secar.  E o pensamento continuava a vadiar preso ao seu ser apenas por uma guita como um papagaio de papel.
Os pés enfim dormentes deixaram de doer e de sentir o frio dos sapatos encharcados. A sua mãe, há-de ter à sua espera um caldinho bem quentinho. Quero ver se ainda apanho o Sr. Fernando aberto para levar um pão de mistura que ele me fie, o de mistura é melhor que enche mais. E sentiu um fio de saliva a encher-lhe a boca. Ai credo, os dias agora são tão curtos. A menina deve estar cheia de fome…. E sem dar por isso estugou o passo… Pobrezinha da minha mãe dizia de si para si, ela não se queixa mas eu bem vejo, qualquer dia nem levantar-se pode. E depois o que é que eu faço, sem a minha querida mãezinha. Um tropeção numa pedra mais saída do parco alinhamento, e desvanece-se este funesto pensamento. Ainda bem coitadinha da Luísa, digo eu… Já tem que lhe baste. Mas praguejou pois então e chamou-lhes “tanta nome”  que se as pedras  tivessem mães, chorariam de raiva…. As pedras das calçadas têm destas coisas, são famosas por serem choronas. Inertes fanchonas….
Esta chuva….. Bom está no tempo dela…..
Tenho que pagar a renda da casa. Não posso esquecer senão lá tenho que aturar o senhorio, mais o seu bafo de alho e comida azeda, e aquela enxúndia trémula ao andar pesado de boi manso… Que nojo! Olhou os sapatos ….. Abertos de lado! Só me faltava mais esta.
A menina Há-de estar cheia de fome! Espera joaninha…. A mãe já vai dar-te a mamada….
Um golpe de vento vira a “sombrinha”  e as gotas de chuva gordas, pesadas fustigam-lhe as faces. Também com este vento ela entrava por baixo e por cima…. Ainda bem que não pus rímel, havia de ficar bonita!!! Parecia um espantalho….
Ai oxalá o Sr. Fernando ainda esteja aberto… É um duche; a mamada à menina,; o caldo quentinho e cama….ÁH e secar as fraldas… A minha mãe não pode secar nenhuma, Eu bem a vejo, ela disfarça mas eu bem vejo, aquele andar bamboleante agarrada aos moveis e a careta de dor ao levantar-se de uma cadeira…. Esta humidade entranha-se-lhe nas articulações…. Pobre mãe…..
Os olhos da menina são assim…. Só vendo. De manhã quando acorda são verdes e à noite quando se deita de barriguinha cheia, são cor de mel…. São tão lindos como contas… Quê??? Mais lindos que contas!!!!
Como que anestesiada, fura a tempestade insensível à chuva, e ao vento e frio. Corpo franzino mas robustecido pelo trabalho duro, quase trabalho de homem, avança impune e decidida….
Amanhã hei-de dar a volta pelo outro lado e vou à Farmácia do Sr. Aurélio por mor dele me arranjar uma coisa qualquer para a minha mãezinha… Injecção que seja…. Nem que tenha que ir ao Sr. Doutor Luis para passar a receita…. Quando tem que ser …. Tem que ser!
“Rás’ ta parta” ao tempo… Que merda.  Quando saiu da fábrica o corpo pedia-lhe descanso…  e agora … Toma lá o descanso. Um raio cortou a noite em duas…. E ela lembrou fugazmente…  Relembra que numa noite assim com o seu namorado, o Júlio, no palheiro do pai dele e enroscados um no outro e nos seus dezoito anos, entrelaçados como duas serpentes, durante sabe lá quanto tempo, se fundiram num só ser…. Uma só alma…. Depois …. Bem depois foi sei lá, nunca experimentara nada assim tão intenso e doce… Não conhecia nada melhor que isso…. Bom…. Desculpa pequenina, os teus beijos lambuzados são o melhor da vida. E mergulhar nos teus olhos é o sublimar de tudo, capaz de secar e matar o nada….. Já vou meu amor…. Estou quase a chegar… Depois é só secar-me… Será que ainda há gás para um duche? Sabia-me bem um duche quente.
Mete a chave à porta e a sua figura esbelta, recorta-se contra o negro da noite. A sua expressão é impossível de descrever sobretudo a do deslize progressivo da dureza de fazer face à intempérie,  para a de felicidade plena….. A joaninha em pé sobre as suas pernitas, a andar pela primeira vez, a correr para ela de braços abertos…. Ela nem pousou o saco com o pão….  Içou-a e foi integralmente lambuzada, que felicidade.
E FEZ-SE ABRIL, PRIMAVERA….      


                      António Capucha
     Vila Franca de Xira, Outubro de 2010

domingo, 17 de outubro de 2010

Bendita classe


Bendita classe

Uma noticia com um título que não é hábito despertar-me a curiosidade, não sei lá porque carga d'água, chamou-me a atenção. Rezava assim: Jovem preso em plena baixa lisboeta. Com um regador, um balde de plástico e uma embalagem de "Dystron", com os quais atacava idosos acima dos setenta anos..... Dizia em letra grande.
Estranho não é? Fui ver o desenvolvimento...
Tratava-se, segundo o repórter" estrábico", de um profissional de saúde que terá ensandecido devido ao excesso de trabalho no anterior turno da noite, ( aduziu mais adiante o reporter: o pobre profissional de saúde terá só nessa noite lavado uns dez rabos a velhos e aparado os respectivos cascos....) numa conhecida unidade de saúde da Capital. Ter-lhe-á sido também confiscado o alicate de unhas, cujo brandia em frente à autoridade, quando esta o tentava dominar.
Após umas horas, já mais calmo, disse ao Juiz de Polícia, que se soubesse o que sabe hoje, tinha ido para Técnico de Electrónica, ou assim!
Mas qual quê.... Desde pequenino que aquela mania de ser generoso e solidário com o próximo - seja lá isso o que for!!!!- marcou fortemente o seu destino. Como tinha um "QI" em bom plano, não podia ser simplesmente Bombeiro Voluntário. Mas também porque era um tanto cábula, não conseguiu média para entrar em medicina, logo, cruel como o destino.... Sobrava-lhe ser Enfermeiro.
Assim tarimbou o curso todo na presunção de que ainda assim, ia ser útil aos outros seres humanos.
Mas logo no estágio as coisas começaram a ficar muito claras... Salvar vidas e toda a nobreza que isso acarreta, estava reservada aos médicos cirurgiões, e outros pavões, que deixavam para os outros ( leia-se: os Enfermeiros ) apenas migalhas, o que é acessório, de retaguarda, cuidados continuados.... E um sem número de palavras, tão ocas como um garrafão vazio....
Sr. DR. Juiz, dizia o coitado do enfermeiro. Sou novo mas a frustração é tão violenta que só podia dar nisto.... Em dois anos que levo de profissional, terei seguramente lavado uns dez mil rabos a velhos, e aparado os respectivos cascos.... Dou uma pica aqui outra ali. Lá faço um "pensozeco" de longe em longe.... Mas um salvamento heróico de um doente , ainda que hipocondríaco... isso nunca me tocou e estou certo que jamais me tocará. Mas ainda há pior!!!!!
Não sei porque razão, mas os SR.s Dr.s médicos arrogam-se o direito de se lambuzarem com tudo o que é Enfermeira fêmea..... Só que sobretudo nos turnos da noite, a fadiga e o uso de esteróides e assim, os tipos passam-se... Como tenho a bata igual à das minhas colegas... Pimba!!!! Haja cu, que paciência já não há!!!!!
Estou farto!!!!!
Diga lá Sr. Dr Juiz, não é de um gajo se passar?
O repórter não diz mas eu sei que o bom do Juiz com o seu ar cansado de ver e ouvir tanta coisa, por cima dos óculos devolveu-lhe um olhar complacente. O que é inegavelmente um bom pronuncio sobre a sentença, cuja, o profissional da informação não refere. 
Isto li eu, com aqueles que a terra me há-de comer.... Fiquei sensibilizado e aqui faço eco do quanto aprecio a abnegada resistência espírito de entrega e missão desta classe profissional.... (credo isto parece conversa a propósito da selecção Nacional de futebol)
Força estou com vocês!
                                                        Assistido e Mal pago
                                                      Doente crónico e Assim
                
                  António Capucha 
Vila Franca de Xtra, Setembro de 2008

PS - Mais um texto salvo da reciclagem. Terei na altura, alinhado estas provocações, para uma pessoa amiga pertencente à distinta classe dos enfermeiros, de cujos cuidados espero nunca vir a precisar.... Lavarem-me o rabo e apararem-me os cascos? Isso é que era bom!


sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Último Imperador Azteca Guaicaipuro Cuatemoc



Alertado pela minha filha, Diria melhor: repreendido pela minha filha por ingenuamente acreditar em tudo o que vem na "net"E após aguentar estoicamente a exibição da sua douta superioridade, resolvi seguir-lhe as pisadas e pesquisar esta coisa do discurso da mensagem anterior..... Muito provavelmente O autor, ou autores, do texto não terão tido essa intenção. Mas resulta que o tal Embaixador, aparentemente não existe. Aliás esse nome corresponde ao último Imperador Azteca Guaicaipuro Cuatemoc (ver e ouvir vídeo abaixo). E a ser verídica a intervenção do senhor  na tal cimeira , também não me custa imaginar que uma qualquer mão morta, lhe tenha apagado o rasto e dado um sumiço do homem na "net".... 
Existem diversas entradas deste exacto texto em diversas línguas. Ora numa curva mais apertada do seu percurso alguma alma penada, resolveu criar uma expressão mais humana e terá criado a figura do tal embaixador a desancar nos senhores importantes da Europa, esquecendo-se de acentuar a sua condição metafórica. O intuito provável terá sido, digo eu, conferir-lhe idoneidade e acabar com a anonimato. Alguns observadores não fazendo comentários à ideologia implícita, sustentam que um grupo de intelectuais Sul Americanos o terá composto e simbolicamente atribuido ao ùltimo Imperador azteca. E ISSO BASTARIA PARA ACORDAR AS CONSCIÊNCIAS. O ACRESCENTO DE UMA PERSONAGEM ACTUAL RETIRA-LHE: PRIMEIRO, CREDIBILIDADE, À MENSAGEM DIFUNDIDA.
E DEPOIS, RETIRA-LHE O SIMBOLISMO TODO.
Haja ou não fraude Histórica no assunto, não é justo retirar mérito ao texto. Se ele foi ou não, atirado à cara dos nossos governantes actuais da Europa, isso é detalhe.....
Assim na forma de manifesto anti- Imperialista aqui vai em nome da honestidade intelectual.... A devida correcção e o evidente pedido de desculpas.....A autoria do texto, segundo este vídeo, é de Luis Britto Garcia.




 Extraído do blogue de Maria Frô:
A primeira vez que li o texto A Verdadeira dívida (às vezes identificado como “A Dívida externa da Europa” ou “Índio não quer mais apito”) foi em junho de 2002. Ele me chegou por e-mail, sendo apresentado como a transcrição de um discurso do cacique indígena Guaicaipuro Cuatémoc em uma reunião de líderes de governo na Europa. E me seduziu, é claro, porque é uma excelente idéia bem desenvolvida: se a América Latina deve à Europa, a recíproca também é verdadeira; se a nossa dívida é enorme e, a essa altura, impossível de ser paga, a deles é imensamente maior e quase incalculável. A única diferença é que, quando do endividamento do terceiro mundo, chama-se financiamento ao que na verdade é a velha usura; antes, quando os recursos naturais do novo mundo foram “transferidos” para a Europa, entre os séculos 16 e 18, não se chamava empréstimo, mas colonialismo, ao que na verdade era roubo puro e simples. A conclusão é velha e óbvia como as bases do marxismo: o arcabouço jurídico do capitalismo, que permite a cobrança de juros na transferência de recursos entre as nações, só é possível sobre uma base histórica de banditismo. 
“A Verdadeira dívida” é um lúcido ensaio sobre a dívida do terceiro mundo e sua impossibilidade lógica, podendo inclusive ser aplicado aos países da África e Ásia sem grandes modificações. 

MONUMENTAL LIÇÃO DE HISTÓRIA !


Mão amiga fez-me chegar este "mail". Pelo seu rigor e sentido de justiça, não resisto a publicá-lo. Apesar de não ser meu hábito publicar coisas naõ minhas, tenho a certeza que este texto apenas valoriza este "blogue". Da mesma forma que envergonha a nossa civilização, que gostamos de ter como das mais antigas e assentes no Direito. Obrigado Amaral e já agora Obrigado Guaicaípuro Cuatemoc.
      António Capucha

Abandonemos, ainda que por momentos, o preconceito que se instalou nas nossas cabeças em consequência da maneira como nos foi ensinada a História e apreciemos este discurso:
Um discurso feito pelo embaixador Guaicaípuro Cuatemoc, de ascendência indígena, sobre o pagamento da dívida externa do seu país, o México, embasbacou os principais chefes de Estado da Comunidade Europeia. ·
 A Conferência dos Chefes de Estado da União Europeia, Mercosul e Caribe, em Madrid, viveu um momento revelador e surpreendente: os Chefes de Estado europeus ouviram perplexos e calados, um discurso irónico, cáustico e historicamente exacto. 
· DISCURSO DO EMBAIXADOR MEXICANO ·    

 "Aqui estou eu, descendente dos que povoaram a América há 40 mil anos, para encontrar os que a "descobriram" há 500...
O irmão europeu da alfândega pediu-me um papel escrito, um visto, para poder descobrir os que me descobriram.
O irmão financeiro europeu pede ao meu país o pagamento, com juros, de uma dívida contraída por Judas, a quem nunca autorizei que me vendesse.
Outro irmão europeu explica-me que toda a dívida se paga com juros, mesmo que para isso sejam vendidos seres humanos e países inteiros, sem lhes pedir consentimento.
Eu também posso reclamar pagamento e juros.
Consta no "Arquivo da Companhia das Índias Ocidentais" que, somente entre os anos de 1503 a 1660, chegaram a São Lucas de Barrameda 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata provenientes da América.       
Teria aquilo sido um saque? Não acredito, porque seria pensar que os irmãos cristãos faltaram ao sétimo mandamento!    
Teria sido espoliação? Guarda-me Tanatzin de me convencer que os europeus, como Caim, matam e negam o sangue do irmão.      
Teria sido genocídio? Isso seria dar crédito aos caluniadores, como Bartolomeu de Las Casas ou Arturo Uslar Pietri, que afirmam que a arrancada do capitalismo e a actual civilização europeia se devem à inundação dos metais preciosos tirados das Américas.
Não, esses 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata foram o primeiro de tantos empréstimos amigáveis da América destinados ao desenvolvimento da Europa. O contrário disso seria presumir a existência de crimes de guerra, o que daria direito a exigir não apenas a devolução, mas uma indemnização por perdas e danos.
Prefiro pensar na hipótese menos ofensiva. 
     
Tão fabulosa exportação de capitais não foi mais do que o início de um plano "MARSHALL MONTEZUMA", para garantir a reconstrução da Europa arruinada por suas deploráveis guerras contra os muçulmanos, criadores da álgebra e de outras conquistas da civilização.
Para celebrar o quinto centenário desse empréstimo, podemos perguntar: Os irmãos europeus fizeram uso racional responsável ou pelo menos produtivo desses fundos?
Não. No aspecto estratégico, delapidaram-nos nas batalhas de Lepanto, em navios invencíveis, em terceiros reichs e várias outras formas de extermínio mútuo.
No aspecto financeiro, foram incapazes - depois de uma moratória de 500 anos - tanto de amortizar capital e juros, como de se tornarem independentes das rendas líquidas, das matérias-primas e da energia barata que lhes exporta e provê todo o Terceiro Mundo. 

Este quadro corrobora a afirmação de Milton Friedman, segundo a qual uma economia subsidiada jamais pode funcionar, o que nos obriga a reclamar-lhes, para seu próprio bem, o pagamento do capital e dos juros que, tão generosamente, temos demorado todos estes séculos para cobrar. Ao dizer isto, esclarecemos que não nos rebaixaremos a cobrar de nossos irmãos europeus, as mesmas vis e sanguinárias taxas de 20% e até 30% de juros ao ano que os irmãos europeus cobram dos povos do Terceiro Mundo.
Limitar-nos-emos a exigir a devolução dos metais preciosos, acrescida de um módico juro de 10%, acumulado apenas durante os últimos 300 anos, concedendo-lhes 200 anos de bónus. Feitas as contas a partir desta base e aplicando a fórmula europeia de juros compostos, concluímos, e disso informamos os nossos descobridores, que nos devem não os 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata, mas aqueles valores elevados à potência de 300, número para cuja expressão total será necessário expandir o planeta Terra.
Muito peso em ouro e prata... quanto pesariam se calculados em sangue?  

Admitir que a Europa, em meio milénio, não conseguiu gerar riquezas suficientes para estes módicos juros, seria admitir o seu absoluto fracasso financeiro e a demência e irracionalidade dos conceitos capitalistas.
Tais questões metafísicas, desde já, não nos inquietam a nós, índios da América.
Porém, exigimos a assinatura de uma carta de intenções que enquadre os povos devedores do Velho Continente na obrigação do pagamento da dívida, sob pena de privatização ou conversão da Europa, de forma tal, que seja possível um processo de entrega de terras, como primeira prestação de dívida histórica..."  

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Quando terminou o discurso diante dos chefes de Estado da Comunidade Europeia, Guaicaípuro Guatemoc não sabia que estava expondo uma tese de Direito Internacional para determinar a verdadeira Dívida Externa...