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terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Adeus

O meu pai sempre foi um homem de palavras. Escritas, ditas, pensadas. Sempre foi um homem da verdade, e a palavra é a verdade. E por isso, escrevo e digo, o meu pai partiu. Escrevo e digo, como toda veracidade que a esta palavra faz jus, morreu. Partiu de uma forma rápida… não houve dor, não houve sofrimento. Apenas uma última golfada de ar a penetrar seus pulmões, já velhos e cansados, e um último olhar, terno e manso do lobo-do-mar, que por certo se prendeu no teto para depois se libertar. Pelo menos é assim que imagino, ou prefiro imaginar. Um foco de libertação etérea, diante um homem que foi sempre maior que este mundo, maior até que ele aos seus olhos. E todos nós éramos maiores quando perto de si.

Um homem que após o tumulto passado há dois anos, me fez crer muitas vezes ser uma sombra do que havia sido... Ainda que pensasse isto como filha, e as filhas às vezes só pensam asneiras. Com o tempo descobri que havia sido transformado em “Pirata de Perna de Pau”, ladrão de beijos e poeta trovador… ele apenas se reorganizou, nada mais. Apenas se arrumou e se ajeitou ao que se lhe apresentava. E os meus olhos de filha tiveram de se habituar a ver e a sentir um homem mais debilitado mas também, para mim, sua filha, mais compreensivo. Mais sábio e conhecer de alguma verdade que não revelava, mas que se sabia lá. Eu sabia-a lá. Lia-lhe os olhos e as mãos, que após a temporada no Montepio muitas vezes entrelaçavam, paradas e cansadas como vemos nos “mais velhos”, e eu sabia que havia coisas dentro dele diferentes e verdades que só ele as sabia. Mas o meu pai, o “António”, o “Capucha”, o “Mano Velho”, o “Tónica”, sempre esteve cá, lutando e permanecendo tal qual rochedo de Peniche… depois de incursões por Inglaterra, e quem sabe, por ilha dos “Largatos”, lá nos voltou com uma alma mais preenchida e uns olhos castanhos ainda mais profundos. Este blog mostrou-o bem. Todos os dias. O meu pai vivia em cada texto e em cada palavra que lhe saia pelos dedos. Sentado na poltrona, chávena com café ou chá, óculos pendurados nas orelhas já maiores, as barbas pingando o que bebia, os dedos às vezes enganadores e malandros que escolhiam a tecla errada. O meu pai escreveu aqui o seu mundo e as suas memórias. O meu pai escreveu-se aqui. Um trovador, como lhe chamou a minha querida tia, apenas enclausurado por alguns anos, que aqui tomou forma, não num corpo velho com menos uma perna, mas num revigorado homem inteiro, belo, sensato, sensibilizado simultaneamente com a crueza e com a beleza da vida e do dia-a-dia, grato por estar cá e grato por nos ter a todos. Um homem em paz, um homem refeito. Um homem de convicções. Um homem amado. Sentidamente amado.

Todos os dias procuro-o em vários sítios. E então acalmo, vejo-o nos olhos do meu irmão. Vejo-o nos seus irmãos, meus tios. Vejo-o em mim, aninhado no meu coração, alojado na minha memória, encrustado na minha pele. Vejo-o nas lágrimas de quem o chora, vejo-o nas canções… vejo-o na minha mãe. Vejo-o na minha mãe…

O meu pai não vai voltar, mas todos os dias voltamos a ele. Voltaremos sempre a ele. Volto sempre a ele. Sempre.

Agradeço em meu nome, Rita Capucha a “Qué / Cueca”, em nome da minha mãe, Anita “Caganita”, “ Mãe”, e do meu irmão, Francisco Capucha o “balde de massa” mais recente “Zé broa”, o carinho que lhe passaram através deste sítio, tão importante para si… os que todos os dias vieram aqui ler e aos que aqui continuarão a vir. Devo, no entanto, cumprir com aquele que considero ser seu último desejo… venho encerrar a sua história. Contar o último capítulo. Venho dizer adeus. Venho dizer obrigada.
Obrigada, pai.

Eternamente meu e eu eternamente tua. 
Rita Capucha, Vila franca de Xira, 7 de Janeiro de 2014. 

Adeus

Infelizmente, não partilho o talento para a escrita com o “Perorador”, mas irei tentar fazer justiça a esta homenagem, e desde já as minhas desculpas pela tremenda “falta de jeito” literária!
Desde de pequeno que oiço falar nos heróis de cada um, e eu sempre me perguntei “Tenho um herói?”, durante anos e anos pensei que não… Hoje posso dizer que estava completamente enganado. 
Um herói é aquela figura poderosa que queremos imitar, que queremos seguir, alguém que vemos como sendo o exemplo e alguém que ambicionamos ser!
Sempre achei estranho nunca ter um herói na minha vida, alguém que admirava, enquanto todos os outros tinham (Bill Gates, Luís Figo, Cristiano Ronaldo, etc, etc…) hoje descobri que sempre o tive mas nunca o reparei.
O meu herói chama-se António Capucha e é o meu pai!
Tudo o que sou hoje muito provavelmente se deve a ele. Toda a minha vida futura se deverá a ele! Foi ele que me “pegou” a doença e o bichinho das “Ciências e Tecnologias”, foi ele que me fez escolher o percurso académico que escolhi fazer. Durante anos fui o seu assistente em todos os seus projetos caseiros, mas a maior parte do tempo limitava-me a ver e a fazer milhões de perguntas. Ele tinha sempre resposta, ficava maravilhado e estupefacto com o conhecimento que ele possuía, e eu tentava constantemente imita-lo, e na maioria das vezes falhava, depois pediria ajuda e conselhos e no seu “mau humor” resmungava muito mas acabava por ajudar. E foi assim durante anos e anos, eu fui o assistente e o aluno fui aprendendo e reproduzindo tudo o que ele fazia.
Inúmeros passeios que fizemos, sempre com tema de conversa, falávamos e falávamos e eu bebia todas as suas palavras e aprendia um pouco de tudo sobre a vida, mais sábio que qualquer um que caminhasse na terra, para mim o meu pai era o mais sábio de todos!!
Andar de bicicleta, pescar, reparar aparelhos, tanto aprendi com este herói. E obviamente acabou por influenciar a minha carreira académica, obviamente engenharia, não havia sombra de dúvidas. E o meu nível de conhecimentos expandiu-se e o “assistente” queria subir de escalão. As antigas sessões de perguntas foram substituídas por discussões e guerras para saber quem tinha razão, raramente havia consenso. Mas a paixão pelas ciências, tecnologias, gadgets e cultura geral mantinha-se intacta e partilhada por nós dois, era o nosso principal elo de ligação!
Até ao fim um dos momentos favoritos do meu dia seria chegar a casa e conversar com o meu herói sobre os meus projetos e outros temas, e mesmo apesar de em certos temas eu já saber mais que ele procurava sempre o seu aval antes de fazer o quer que seja, porque no fundo eu serei sempre o seu “assistente”. Conversávamos horas a fio sobre ideias e projetos e muito mais, discutíamos outras tantas e mesmo até ao fim ele conseguiria ensinar-me muito!
O assistente perdeu o seu “técnico chefe”, e viu-se obrigado a ser promovido, algo que “ansiava” por anos mas afinal não era o que ele pensara. O assistente ainda não se sente preparado para ser técnico chefe, ainda havia muito para aprender e discutir, faltou muito para falar.
Agora uma nova fase da vida terá inicio, eu vou pegar em todo o conhecimento que me transmitiste e vou tentar fazer o meu melhor para tentar fazer o teu trabalho. Não me sinto á altura do desafio, mas se há algo que me ensinaste é que temos de saber enfrentar os desafios!
Espero conseguir fazer pelo menos metade do que fazias, para mim já era uma Victória.

Porque um Herói é aquele que ambicionamos ser mas também é aquele que nunca iremos igualar, pois no fundo todos nós somos identidades únicas e diferentes em si e eu tentarei seguir os teus passos mas á minha própria maneira.
Eu queria dizer muito mais, mas se quisesse falar sobre tudo que me vai no coração ficaria aqui até ao resto da minha vida a escrever…
Muito obrigado por tudo o que me fizeste por mim e por tudo que me ensinaste. Tu és a razão de eu ser o que eu sou agora, tu guiaste-me neste teu caminho e eu vou continua-lo por ti!
Descansa em paz minha estrela brilhante, amo-te tanto……..

Francisco Capucha, 04/01/14

Adeus

" O homem da minha vida não resistiu. 
Não resistiu ao mar que sem me avisar, o chamou.
Para o seu generoso coração de Pirata, foi irresistível poder cavalgar, livre de empecilhos, as ondas do mar de Peniche que sempre amou.
Aos amigos
um abraço
Aos sobrinhos 
um beijo
Aos meus irmãos de coração e seus companheiros, como diria a Maria
Bem hajam.

No silêncio, com um copo de bom vinho na mão, vamos decerto ouvir, Ela a tocar adufe, os dois a cantar a Srª do Almortão.
Amigos para sempre
Anita"



segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

A força....


Assim com'assim, estou mais ou menos como o Obi-Wan Kenobi..... Sou um gajo da força e há uns dias que sinto uma perturbação na força. estou constipado e com uma tosse rebelde com espectoração que sinto ao nivel da garganta. Não me parece que tenha descido pela traqueia até aos brônquios e pulmões, coisa que quero evitar a todo o transe. Já tive uma pneumonia brava e não a quero repetir. E também foi por esta altura das festas. Seja como for, trata-se de uma séria perturbação na força que me trás, além de dificuldade em respirar e dores nos músculos abdominais de tanto tossir, um peso na mona compõe o ramalhete conjuntamente com a falta de apetite e náuseas.... Nesta altura comer e beber bem não é questão de somenos.... Ao invés, é uma parte significativa do ambiente das festividades. E esta caca da perturbação na força vem coartar-me uma fatia importante de felicidade, direito inalienável de qualquer cidadão cumpridor dos seus deveres fiscais.... E ao contrário do Obi-Wan Kenobi, não acredito numa vida ainda nais poderosa para lá do desaparecimento fisico, portanto trato de gozar todos os bocadinhos que me surgem pela frente, e não fico sentado à espera, procuro activanente motivos de felicidade.... A vida é demasiado curta para esbanjar tempo e oportunidades,,,,

                                              António Capucha


                        Vila Franca de Xira, 30 de Dezembro de 2013

sábado, 28 de dezembro de 2013

Que viva o Teatro....



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Fim D'Ano




Uma tradição que começava a ganhar expressão, era fazermos a passagem d`ano em Peniche em casa da Srª D. Graça, nossa vizinha lá no frondoso jardim da D. Lénia. este ano a D. anita , minha dona, resolveu que está muito frio e húmido lá e, que a casa há tanto tempo fechada deve estar desconfortável e até perigosa para a minha saúde. não partilho essa opinião, no entanto obedeço, como bom doentinho que me submeti a ser... Creio no entanto ter deixado provado ter muita resistência às maleitas e disfunções várias... Ainda assim  reconheço que uma gripalhada das bravas pode desencadear uma crise global daquelas que nem quero lembrar, é certo que as venci uma vez, mas é melhor não passar de novo por isso tudo.... E também é bom ficar em casa desfrutando um do outro... Nunca me inclinei muito para as festividades públicas.... Com espumante de terceira e petiscos processados e alegria por obrigação. Bem melhor serão, penso, uns camarões fritos com muito piri-piri, e leite de côco, as pernas de carangeijo real cozidas, um champanhe do Bruto e, uma sangria de champanhe adamada em condições, para a D. Anita. O resto são trocos e minudências várias para compor o ramalhete, patés disto e daquilo, salmão fumado, tostinhas etc.... etc, queijo de Idanha e outros etecéteras e mel, muito mel a escorrer pelas paredes... É de fazer inveja, não é?
Se resistirem à inveja que sem intenção vos causei, queiram ter uma feliz passagem para o novo ano e, encharquem-se à maneira, digam baboseiras a esfarrapem as garinas!

                                          António Capucha

                    Vila Franca de Xira, 28 de Dezembro de 2013   

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Consoada.




Não, não arrefeci.... O que foi p´ró Céu foi o meu computador e, eu é claro fiquei apeado.... Este onde reinicicio a minha actividade perdileta, ou seja comunicar com os meus fieis amigos, é um outro que o meu técnico senior de computer`s, o Francisco, veio a desencantar na net...Gosto muito dele, primeiro porque é de boas famílias (é um Dell) e depois é muitissimo mais leve que o outro, que tendo cumprido no entanto a sua missão, pesa p`raí cinco vezes mais que este e pouco maior é.... 
Estamos à beira da noite da consoada, que é uma noite mágica, pese embora o meu feitio pouco ou nada religioso, me toc a muito profundamente. Para ser rigoroso, uma boa parte da magia desta data festiva, esfumou-se com o desaparecimento da minha mãe que contaminava tudo e todos os que a cercavam. Nós os seus filhos hoje uns canatrões na casa dos sessenta cinquenta e, apenas uma nos quarenta.... Ainda hoje nos juntamos nesta data e cantamos as cantigas da aldeia da nossa mãe. Hoje é em casa do meu irmão Luis. 
Resumindo e baralhjando, o que vos desejo é que passem uma consoada tão boa quanto a minha, junto dos vossos com saúde e alegria. pança cheia e, um certo travo na língua, resultado dumas copas ingeridas...
Meus caros amigos, muito boas festas e um ano novo cheio de alegrias... E não se esqueçam, em vez de um peru, matem antes um coelho, a bem da nação!....

                                          António Capucha

                        Vila Franca de Xira,24 de Dezembro de 2013

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

VIVA MANDELA....




Morreu o ultimo dos "icons" políticos do Século passado.... Figura incontornável a par de Gandhi e, ambos com origens históricas na África do Sul,(Gandhi também nasceu para a luta pela emancipação da India na RSA), um dos maiores desafios ao progresso e valores civilizacionais: O fim do apartaid, sem lugar a ajuste de contas. Ainda restam alguns desafios, à igualdade e justiça social, mais mandelas, a História os gerará, para que façam a diferença. O século XX foi fértil em mudanças, lideradas por grandes figuras que alternaram com tiranetes medonhos, que fizeram retroceder a marcha imparável para a emancipação dos povos, o sentido natural da História, quero crer... É sabido que, quanto mais aumenta a complexidade da mensagem a transmitir, mais difícil se torna massificá-la, torná-la entendível pelas massas sociais, (e o pensamento que conduz a liberdade, é complexo) uma vez que são elas que interpretarão a mudança. A História demonstra que há personagem com a capacidade invulgar de liderarem esse necessário entendimento para que resultem em factos concretizados. Mandela foi um deles.... Um grande lider histórico da luta contra o racismo e a liberdade dos povos. A sua morte é um vazio difícil de preencher, mas estou certo que a História gerará os próximos lideres necessários à concretização do sonho, da útupia dos justos: A liberdade e justiça igual para todos.... Enquanto houver um povo oprimido, estes valores estão irremediavelmente comprometidos....  

                                                          António Capucha

                                       Vila Franca de Xira, 6 Dezembro de 2013 


quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Este país que é o meu....




Este país que é o meu
É um celeiro vazio
É uma Julieta sem Romeu
É uma tristeza de frio

O Sol quando nasce é frio
A chuva quando cai é aço
O vento corre como um rio
Levando nuvens de papel almaço

De real apenas o nada, ou quase nada
Que fugaz e sumário se espreguiça
Depois do esforço de nada fazer

É assim a minha Pátria amada
Mas educadamente não diz porra, diz chiça
E a "troiko-sangria", para alguns, é um prazer

                                              António Capucha

                        Vila Franca de Xira, 5 de Dezembro de 2013  

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Cãsoada....




Por razões que não vêm ao caso e que por acaso, escapam à minha vontade, estou em falta há alguns dias deste meu dever diário de abastecer o blogue de lérias, como quem enche o papo de um pardalito caído do ninho. A familia da D. Anita, quando ainda tinha o pai, já lá vão portanto muitos anos, criou um pardalito com bagos d'arroz que acabou por fazer parte das rotinas da família, a tal ponto que disputava com eles as migalhas da mesa, que roubava, inclusivamente, comida dos seus pratos e também não dizia que não a roubar porções que se lhe oferecessem na ponta dos lábios, que inclusivé roubava, pendurando-se dos seus cabelos.... Esperto o bicharoco de seu nome "Tchico". Mas o mariola não tendo em conta o desgosto que se lhes fincou, um belo dia bateu a asa, deixando um vazio difícil de preencher..... Não estava na sua natureza viver paredes meias com uma família. 
É normal terem-se animais em casa. Eu próprio tenho três canitos, desafiando as mais recentes tendências da lei. Os cães mais velhos, um casal, que tinham como muito improvável, conseguirem reproduzir-se, acabaram por o fazer, e, o resultado foi surpreendentemente um cachorro de uma cor improvável.... Nasceu branco e cheio de energia e ganas de viver. E como é natural não encontrámos ganas para o sonegarmos à mãe. Seria um crime...Hoje é o ai Jesus da casa.... Um mariola encartado. E a lei que se abeira se não cobrir casos destes é porque é má lei, estúpida e ilógica e portanto votada a desobediência..... E aqui para nós que ninguêm nos ouve, é um coisa que gosto de fazer.... Desobedecer a leis estúpidas,,,,

                                               António Capucha

                          Vila Franca de Xira, 4 de Dezembro de 2013 

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Os piratas da Somália....




Acabo de ver, boquiaberto, um documentário que me foi enviado por e-mail, sobre os verdadeiros piratas somalis. Resumindo e baralhando, é a velha questão de sempre. Cansados de verem delapidados os seus recursos marinhos pelas frotas pesqueiras dos paises desenvolvidos, e o envenenamento das águas pela descarga sistemática de lixo perigoso, nuclear ou hospitalar, é lixo tóxico. E fazem-no porque a Somália está em guerra civil há décadas, isto apesar de denúncias de várias origens no ceio da ONU, mas como não há representante legal que possa impedir este desaforo, persiste até ao desaforo. Então ex- pescadores e ex-combatentes fortemente armados, assaltam os navios e exigem resgates avultados. E como é natural a população somali, para além de não os condenar, apoia-os...... Mais acrescenta o documentário que muitos mais paises africanos sofrem a mesma actividade predatória dos países ricos da nossa hipócrita Europa.... E os países que não têm costa oceânica, vêm outros recursos delapidados pelos civilizados europeus, como é o caso das madeiras raras, marfim e outras coisas de elevado custo no mercado e os minérios e diamantes e por aí fora.... 
O Estado português, melhor dizendo, quem o governa e representa tão indignamente, também enviou para as costas da Somália navios da Armada, para combater a chamada pirataria local... Como sempre de joelhos a participar, como lacaios dos poderosos da Europa, a proteger os ancestrais direitos ao roubo dos recursos dos mais pobres, por parte dos países desenvolvidos e poderosos da sonsa da Europa....
Isto tem um nome, apropriar-se de coisas que não lhe pertencem... Ou não tem? Como português, sinto uma enorme vergonha por termos participado nesta cruzada demoníaca.... 
Caro amigo avalie por si, clique no endereço abaixo, e pasme:
  

                                                             António Capucha

                                     Vila Franca de Xira, 27 de Novembro de 2013  

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Fonte do Sant'Antoninho...


Joaninha

À entrada do jardim da D. Lénia, onde tenho a minha casa de Peniche, há um fontanário com um painel de azulejos de S. António com o menino ao colo, alumiado por uma lanterna de cobre pintada de preto e electrificada. A lanterna estava algo degradada e eu resolvi recuperá-la. Munido de alguma paciência, jeito e cuidado, limpei-a da tinta velha, apliquei-lhe anti oxidante, mais uns quantos arranjos e electrificação nova e pintadinha de novo, ficou linda. A D: Lénia pessoa de sentimentos seguros e possantes, quando eu estive em coma e durante as diversas operações a que me sujeitaram, acendeu a lanterna por mor da minha saúde..... E garanto que não serei eu, a tirar-lhe da cabeça, que a intervenção do Santo mais do Menino, é que ditou o desfecho positivo das mesmas.... Dava uma "estória" e meia esse particular. Quando estamos algum tempo sem ir a Peniche, como agora, por causa do frio e do vento, a D. Anita; minha mulher, e a D. Lénia telefonam-se... Falam da evolução da minha saúde, e acrescenta a Srª. D. Lénia, que se eu for para lá, não me deixa andar ao frio e a apanhar como vento, como ela sabia que eu dantes fazia. não senhor, corria logo comigo para casa..... E serrava-me a cabeça se eu bebesse muito café.... Que o Sant'Antoninho, faz milagres, mas depois é connosco, temos que ser nós a tomar cuidado. O Sr. tonica não pode andar p'raí à fresca.... É uma querida senhora.... Mais a nossa vizinha a Srª. D. Graça e o seu marido o Seixas..... Estamos rodeados de queridos amigos excepção feita ao Sr. Armando, um velhadas com ar pingão, que velhacamente finge ter medo da Joaninha, a nossa pequena cadela, épagneul Tibetana ....  Uma fera!....  

                                                        António Capucha

                                   Vila Franca de Xira, 22 e Novembro de 2013

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Soneto à sopa de peixe....




Tome-se uma cabeça de Peixe.
Garoupa, cherne, pargo da praia, até fataça...
O que for... salgado, d'um dia p'ró outro o deixe.
Coza-a, não muito, p'ra que não desfaça

Deixe arrefecer e à mão separe a febrinha 
De peles, osso e espinhas e reserve-o
Na panela faça um refogado com cebola miudinha
Alho e tomate, e sobre ele, o caldo da cozedura verta-o

Junte água até rectificar o sal e junte mechilhão 
Descascado, tal como o camarão e demais bicharada
Dê tempo a que os sabores se fundam como almejo

Junte os bocados do peixe, piri-piri e pimenta à perfusão
Não deixe cozer demais, um golpe de fervura e massada
De cotovelo, coentros picados e a magia dum raminho de poejo.   

                                         António Capucha

                      Vila Franca de Xira, 21 de Novembro de 2013

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Boa Xico....


Ol
Como a vida artística é um desafio, aqui vai um outro: apareçam na Trafaria para ver e ouvir. 
Um grupo de "amantes" do teatro, nas suas diversas vertentes, lá estará para uma hora de útil boa-disposição. Leve a namorada /o e vice-versa. Ou conforme.
Um abraço 
Xico Braga
Novembro: dias 22, 23, 24, 29, 30 às 21.30 horas
Dezembro dias 6, 7 às 21.30 horas
                dias 1, 8 às 16 horas  
marcações:  gitt@netcabo.pt

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Lembram-se?




ANTONIO COSTA abriu a boca.
Agora muitos já abrem a boca. Pena é que tardiamente.
"Gentinha" como eu já o dizia há um horror de tempo... mas, então,
seríamos tão somente: Labrêgos; Más-línguas; Bota-abaixo... etc, etc.
Como lamento!


Programa "Quadratura do Circulo".

Os outros intervenientes, Pacheco Pereira e Lobo Xavier, nem abriram a boca.

Claro que o moderador também não.

E aqui está textualmente o que ele disse (transcrito manualmente):

(...) A situação a que chegámos não foi uma situação do acaso.
A União Europeia financiou durante muitos anos Portugal para Portugal deixar de produzir; não foi só nas pescas, não foi só na agricultura, foi também na indústria, por ex. no têxtil. Nós fomos financiados para desmantelar o têxtil porque a Alemanha queria (a Alemanha e os outros países como a Alemanha) queriam que abríssemos os nossos mercados ao têxtil chinês basicamente porque ao abrir os mercados ao têxtil chinês eles exportavam os teares que produziam, para os chineses produzirem o têxtil que nós deixávamos de produzir.
E portanto, esta ideia de que em Portugal houve aqui um conjunto de pessoas que resolveram viver dos subsídios e de não trabalhar e que viveram acima das suas possibilidades é uma mentira inaceitável.
Nós orientámos os nossos investimentos públicos e privados em função das opções da União Europeia: em função dos fundos comunitários, em função dos subsídios que foram dados e em função do crédito que foi proporcionado. E portanto, houve um comportamento racional dos agentes económicos em função de uma política induzida pela União Europeia. Portanto não é aceitável agora dizer? podemos todos concluir e acho que devemos concluir que errámos, agora eu não aceito que esse erro seja um erro unilateral dos portugueses. Não, esse foi um erro do conjunto da União Europeia e a União Europeia fez essa opção porque a União Europeia entendeu que era altura de acabar com a sua própria indústria e ser simplesmente uma praça financeira.
E é isso que estamos a pagar!
A ideia de que os portugueses são responsáveis pela crise, porque andaram a viver acima das suas possibilidades, é um enorme embuste. Esta mentira só é ultrapassada por uma outra. A de que não há alternativa à austeridade, apresentada como um castigo justo, face a hábitos de consumo exagerados.
Colossais fraudes. Nem os portugueses merecem castigo, nem a austeridade é inevitável.
Quem viveu muito acima das suas possibilidades nas últimas décadas foi a classe política e os muitos que se alimentaram da enorme manjedoura que é o orçamento do estado.
A administração central e local enxameou-se de milhares de "boys", criaram-se institutos inúteis, fundações fraudulentas e empresas municipais fantasma.
A este regabofe juntou-se uma epidemia fatal que é a corrupção.
Os exemplos sucederam-se. A Expo 98 transformou uma zona degradada numa nova cidade, gerou mais-valias urbanísticas milionárias, mas no final deu prejuízo. Foi ainda o Euro 2004, e a compra dos submarinos, com pagamento de luvas e corrupção provada, mas só na Alemanha. E foram as vigarices de Isaltino Morais.
A que se juntam os casos de Duarte Lima, do BPN e do BPP, as parcerias público-privadas 16 e mais um rol interminável de crimes que depauperaram o erário público. Todos estes negócios e privilégios concedidos a um polvo que, com os seus tentáculos, se alimenta do dinheiro do povo têm responsáveis conhecidos.
E têm como consequência os sacrifícios por que hoje passamos.
Enquanto isto, os portugueses têm vivido muito abaixo do nível médio do europeu, não acima das suas possibilidades.
Não devemos pois, enquanto povo, ter remorsos pelo estado das contas públicas.
Devemos antes exigir a eliminação dos privilégios que nos arruínam.
Há que renegociar as parcerias público-privadas, rever os juros da dívida pública, extinguir organismos... Restaure-se um mínimo de seriedade e poupar-se-ão milhões.
Sem penalizar os cidadãos.
Não é, assim, culpando e castigando o Povo pelos erros da sua classe política que se resolve a crise.
Resolve-se combatendo as suas causas, o regabofe e a corrupção.
Esta sim, é a única alternativa séria à austeridade a que nos querem condenar e ao assalto fiscal que se anuncia."


sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Calma descontracção e estupidez natural




Apesar de assistido e amado pelos meus familiares, apesar de toda a eficácia que conseguimos em conjunto, a vida continua a ser uma sequência de rotinas. Ainda que reconheça que sem elas, as rotinas, isto é se não tivéssemos, em conjunto, apurado estas rotinas, então a vida ficaria restringida à rotina de um acamado, como no Hospital.... portanto é com grande alegria e optimismo que vivo os minutos, as horas, os dias e meses que me vão tocando pela proa, como se fosse um navio e, o tempo fosse o Mar. Novidade nenhuma nisso. E a verdade é que sem fugir às rotinas, consigo uma vez por outra a sensação, o paladar adocicado, de uma novidade. Um dos combates à rotina, mais bem sucedidos, é este acto de escrita, sempre igual na aparência, mas sempre diferente na temática, ou na inspiração... É um desafio diário e normalmente superado ( passe a petulância )....Resulta isto tudo de nunca me ter deixado vencer pelas adversidades e, tenho que dizê-lo, do apoio dos meus familiares mais directos, a D. Anita à cabeça. Cada vez mais os vou aliviando desta ou daquela tarefa, que faz parte da rotina. Ou dizendo doutra maneira vou conseguindo integrar nas rotinas cada vez mais coisas. Que uma vez fazendo parte delas, das rotinas, deixam de ser novidades e, como sou viciado em novidades, tenho que procurar outras mal estas se tornem rotineiras. É uma busca incessante, mas não esgotante, há que manter olhos abertos e espírito disponível à mudança e gosto pela vida. Nada se faz sem ele... Nisto como noutras coisas é fundamental uma máxima da minha juventude nos idos de sessenta do Século passado, era assim: O que é preciso é calma, descontracção e estupidez natural.....

                                            António Capucha

                        Vila Franca de Xira, 15 de Novembro de 2013

                                                    

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Moscas e melgas....




Este é, para além de outras particularidades mais ou menos funestas, o ano das moscas. Chatas pousam em tudo o que é sitio, até no "dispay" do PC onde escrevo estas linhas. Se observarmos a coisa com metodologia científica, de outras espécies, somos capazes de aceitar qual a razão da sua existência, agora das moscas, não sei que préstimo, qual o seu mérito que justifique a seu ser.... O criador há-de ter acreditado que era fundamental chatear-nos e criou a mosca. Não chegava a sua obra prima: o Cavaco Silva mais o Paulo Portas, ainda aguentávamos e merecíamos mais chatice..... E como tinha uma curta esperança de vida, cerca de vinte e quatro horas, criou muitas, paletes delas.... Não sei, e acho dificil que alguém saiba, porque é que o criador toma estas sádicas decisões, no entanto tem muitos seguidores e adoradores da sua entidade. Segundo eles, Este criou a vida, mas logo criou a morte, a doença, o mosquito anofelix e a mosca,o Coelho, a Merkel e a raínha d'Inglaterra, mais o Edgar Hoover o Churchil, o Salazar etc... etc... Apesar de ter criado estes erros da natureza, mantém intacto o seu prestígio de criador.... Porque se diz que também criou a Amazónia, o Evereste, os Andes, os Pirineus, os Alpes e o Mar e coisas assim: as árvores, as flores e os rios e mais tudo. Era assim uma espécie da Mota Engil da época, mas com a diferença de respeitar os prazos.... Segundo se diz, tudo criou em sete dias, ora também se diz que depressa e bem, não há quem..... Daí serem aceitáveis algumas imperfeições....  

                                              António Capucha

                          Vila Franca de Xira,14 de Novembro de 2013

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Cirurgia plástica....




A pouco e pouco vou-me dando conta da extensão do que me acometeu. Terá sido tão abrangente que há grandes períodos de tempo que ficaram para sempre na obscuridade das trevas e não me refiro ao tempo em que estive em coma. Mas sim ao tempo em que estive em tratamento na unidade de cirurgia plástica, onde fizeram "trinta por uma linha" para tentar salvar-me a perna, nomeadamente um tratamento com vácuo, do qual não lembro patavina, tal como não lembro ter recusado por duas vezes fazer a colonóscopia... Tal era o estado em que estava, que de nada me lembro.... Nebulosa total.... Ontem a senhora minha mulher disso me deu conta.... Tudo se terá passado na minha primeira estadia no Montijo, vezes sem conta me levaram de ambulância para S. José, para nada.... A minha resistência a ser tratado ou a fazer exames era irredutível. Também, não sei o que me terá levado a por fim ceder. Mas isso revela sobretudo o lindo estado em que estava, à beira duma septissémia por causa das feridas nas pernas, à insuficiência cardíaca, ao bicho mau no cólon e na bexiga, que por certo já lá estava..... O facto de não recordar muitas dessas peripécias, é revelador  do estado geral em que me encontrava.... Sei por que é que recusava ser tratado, mas não sei porquê acabei por anuir a tudo. Recusava, porque sempre detestei essas coisas e como nunca cheguei a ter consciência do meu estado, fico sem saber como é que fiz , ou melhor, me fizeram, tudo o que ao cabo e ao resto, me arrancou da dentuças do danado. 
Até ontem estava seguro de que fui fazer a colonóscopia. e pronto, nem suspeitava de ter ido duas vezes fazê-la e como uma bola que bate na trave voltei  para o Montijo sem a ter feito, e não dava cavaco a ninguém, pura e simplesmente vinha embora e pronto.... Era um marreta e tanto.....

                                              António Capucha

                        Vila Franca de Xira, 13 de Novembro de 2013

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

O Adérito....


A D. Adosinda

O Adérito era um rapaz de vistas largas, pouco dado a essas coisas dos "ismos", que era da sua opinião, essas coisas, apenas complicavam desnecessáriamente a vida que de si, era já suficientemente complicada.... Era um "livre pensador e um tanto desbragado no que respeita ao linguajar. Achava ele que um bom calão, era sempre mais expressivo que frases de fino recorte. De que aliás seria capaz de produzir, não fosse o preferir as palavras vernáculas e mais expressivas.... Para que melhor se entenda, a questão era mesmo essa os palavrões brotavam naturalmente da sua boca como se de rosas se tratassem. Não havia acinte nem malévolas intenções nem cargas pejorativas, nem nada, era mesmo por uma questão de colorido. 
Ora estava ele com um grupo de amigos mais ou menos da sua igualha, num restaurant, a virarem uns copos e lamber uns peixinhos fritos com açorda d'ovas, de permeio com uma animada conversa, desbocada como sempre, que ecoava por toda a sala..... Eis senão quando uma senhora de negro e com penteado à "lady Di" com rugas verugas e pele de galinha, tipo "rata de sacristia" e viúva precoce, levantou-se e impertigada disse alto e bom som: não têm vergonha. Já uma senhora não pode estar sentada a comer sossegada sem ter que ouvir tamanhos palavrões.... O que ela foi dizer..... O Adérito, parece que levou um soco no estômago..... Pôs-se de pé, virou-se para a pindérica e assim disse:
- A senhora não tem ar de quem desconhece, que há um Mundo cá fora da sua casa asséptica que partilha por certo com um gato e um cão, ambos capados p'ra não fazerem banzé. Pois é minha senhora, cá fora é um pouco assim, logo pessoas como a senhora deviam ficar em casa a comer uma sandocha de "pipino" com um cházinho de urtigas branca, por causa da tosse, mas não se esqueça de arrotar comedidamente, para não ganhar ar na canalização, é pouco saudável e, não se esqueça também de mijar porque já está um bocado amarela.... "Alimpe-se" por baixo, não demais, porque é pernicioso e pode parecer outra coisa.... E vá para a sala ver a novela da TVI, não se esqueça também de verter uma lágrima de tanta emoção junta. E para abreviar.... Vá-se catar, minha senhora..... 
A mulher levantou-se e dirigiu-se a porta, enxofrada, mirou-o como se o fuzilasse e de nariz no ar e rabo alçado saiu para a tarde fria de Novembro. O Adérito chamou o dono do retaurant e estendendo-lhe uma nota de vinte €uros, dizendo: Óh amigo tome lá para recercir as suas perdas, a mulher por certo não ia pagar mais que isto....  E voltaram à galhofa habitual.... As "caralhadas" esvoaçavam como borboletas....
Assim se passaram estas coisas de que, testemunha serena fui, e, à qual nada acrescentei ou deturpei.... Fiel cronista que sou, destes e doutros costumes, da nossa bizarra sociedade.... 

                                                   António Capucha

                            Vila Franca de Xira,11 de Novembro de 2013