pinóquio |
Ainda o dia primeiro de Abril vai a meio e já encaixei dezenas de petas. No dealbar de trinta e um de Março para hoje, e já me estavam a “tanguear” e eu a ir no bote. É que todos os anos caio que nem um patinho…. A minha mulher de olho arregalado, misto de incredulidade e expectativa defensiva, Nestes preparos irrompe na sala, onde eu dormito ao som velado da TV e diz “intercortadamente”: Ai tonica esqueci-me de te dizer!!!! E diz!!!! Uma peta do tamanho do Himalaia, todo inteiro. E a restante famílias de sobreaviso, cães incluídos, de parte a gozar o pagode. A olhar o estremunhado despertar do parolo…. Há-de ser um espectáculo e tanto, a avaliar pelas expressões de gozo deles, com a minha ingenuidade e genuína revolta que expresso socorrendo-me de toda a panóplia de coisas desde a dureza da expressão facial à diversa expressividade do português de faca na liga e murro e carolada à Cais do Sodré…. Os sorrisos continuados deles, acabam por surtir efeito e devagar, devagarinho, lá vou dando conta do laço… E sou até capaz de respirar de alívio, em vez de ficar zangado com a brincadeira. Bom….. É massagem cardíaca….
Mas é da tradição a esparrela do primeiro de Abril. Hoje em dia os noticiários estão a fugir a essa tradição, com medo, digo eu, de estragar o efeito das outras tretas que nos vão contando e com esse osso nos vão entretendo a raivinha de dentes. Depois no meio de tanta “estória “ mal contada, quando não são, descaradas mentiras, é difícil distinguir a peta do dia um de Abril… De modo que foi caindo em desuso….Há até uma série da TV, em que um “Amaricano”, já se vê, descobre as mentiras por pequenos trejeitos dos músculos do rosto…. Com os nossos jornalistas e uma grossa fatia dos nossos (Lagarto!!! Lagarto!!! Lagarto!!!) políticos, os músculos do rosto estão tão ginasticados que as suas fuças, são assim como um mapa dos Alpes em relevo e outros ainda menos treinados têm cãibras a arremedar sorrisos de ávidos caninos, feitos….
Neste período a “season” é propícia à introdução de petas….
A técnica mais usada é a da meia verdade ou, a da semelhança da verdade através da qual se instila suavemente a mais torpe mentira e manipulação mais ardilosa…. Cuidado portanto.
Falta apenas metade do dia dos enganos…..
A crise é mesmo real e, depois desta Meia-Noite, não há espaço para nos enganarmos…..
António Capucha
Vila Franca de Xira, Abril de 2011
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