cena final do filme "O clube dos Poetas Mortos" |
Num filme de que gosto muito, “O Clube dos Poetas Mortos”, há uma cena passada no plenário do colégio. A vermelhusca criatura do Director do Colégio, largava cobras e bichos pela boca fora, para pescar um culpado para o despautério de ter saído no jornaleco da caserna, que aquele escola devia admitir raparigas. Então um aluno mais malandreco põe-se de pé com um telefone na mão e mima o recebimento de uma chamada que termina assim:
- É para si, senhor director. É de Deus! Diz que o colégio deve admitir raparigas.
Ao contrário do vermelhusco, arrogante e bruto Director, também eu experimentei essa sensação de receber uma chamada de Deus. Só que, suponho, não sou arrogante e bruto.
Deus visitou-me e transmitiu-me uma critica à minha escrita, algo que vinda de Deus só pode ser certa. De modo que, desde esse momento, sempre que me sento para alinhavar umas frases, vigio de tal maneira o que faço que nem chego a faze-lo. Para ultrapassar isto só forçando-me disciplinadamente. Sendo que a premissa é que tentarei seguir as receitas e preceitos que me foram transmitidos, nos quais vejo razão e cabimento.
Já que não me foi criticado o estilo ou a qualidade global, sinto um misto de orgulho, vaidade e uma tremenda responsabilidade. Mistura explosiva….
Estou a resistir, muito embora saiba que andarei a pedalar em seco enquanto não mecanizar as novas normas e formas, que reconheço são um estágio acima do percurso que levo de escriba espontâneo.
Muito provavelmente, de momento, deixarão de ser assim tão espontâneas como habituei os simpáticos seguidores e leitores do Blogue. Mas acredito que será uma questão de tempo até que uma nova forma sirva o estilo de “estoriador”. E não o contrário, ficarem as “estórias” escravas da forma, por muito mais correcta que esta seja….
Aguardemos serenamente.
Atrás de tempos vêm tempos
E outros tempos hão-de vir….
Como canta o Fausto.
E que ninguém o tivesse dito!
É uma verdade irrefutável…
António Capucha
Vila Franca de Xira, Junho de 2011
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