Fernando Pessoa
O verão que tudo subverte, desta feita até escaldou Peniche, que de ar e mar parados, foi presa fácil da massa de ar tropical que nos invadiu este último fim-de-semana. A coisa foi de tal ordem que quase dava para ver a humidade a libertar-se das coisas, fossem elas plantas, pessoas, casas, ou pedras da calçada… Sem que o clima abafado amainasse um pouco que fosse, foi o céu ficando encoberto estilo capacete. E até grossas bagas de chuva caíram como se fossem lágrimas de homem, assim tipo de, como diz o povo: Lágrimas d’homen, são como as das putas … Ainda não chegaram ao chão e já estão enxutas…. Se o povo o diz, lá sabe do que fala. Porque tanto se esmerou na rima evidente do estranho dito, mas ao que parece verdadeiro. Ou não fosse de Deus a voz do povo…. E que Deus há que minta? Ou então não será Deus…. Isto levar-nos-ia a inúmeras reflexões… Mas estou demasiado quebrado pelo calor para me meter a explorar este, embora fácil, filão. Mas se tivesse que ser feito, bastaria isso para desistir já. Para além de que já não me dá gozo bater no ceguinho era capaz de me fazer transpirar… Ai que prazer / não cumprir um dever, Ter um livro para ler / e não o fazer… Fiquem então sabendo pela amostra junta que eu não sou calaceiro…. Tenho é alma de poeta. TOMA….
António Capucha
Vila Franca de Xira, Junho de 2011 |
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