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quarta-feira, 29 de junho de 2011

Seis dedos



Conhecem aquela História verdadeira passada numa maternidade que manda a verdade se diga, tanto pode ter sido aqui, como em qualquer outro lado do Mundo. Desta cultura, ou da forma mais bizarra de organização social, religiosa, ou política. Que pouco variariam os condimentos, a trama da mesma. Isto por se tratar de um valor verdadeiramente universal... O amor às crianças, bebés sobretudo. Tudo muda até para um facínora se o objecto da maldade for um bebé. È transversal, sem remédio.
Sendo que considero ser O AMOR DE MÃE, o sentimento mais poderoso de muito longe da humanidade.
Não sendo de desprezar O AMOR DE PAI, do qual me elejo exemplo vivo. E por extensão, a certeza serena de ser de facto o pai. Condição indispensável para o orgulho macho!
Começaria a trama deste filme com o pai de um recém-nascido, junto às vidraças do berçário, para ver o seu pimpolho. Já tinha estado com a sua Maria, a quem levara um ramo de rosas. Maria que, com o rosto cheio de pequenos derrames do esforço do parto, irradiava no entanto a luz de  um sorriso de felicidade, com que sublimava as chamadas dores tortas.
A auxiliar do lado de dentro de máscara anti-séptica e tudo, serpenteia entre os berços até chegar a um, junto ao qual se deteve, verifica a etiqueta e ergue o petiz. Com ele ao colo aproximou-se da vidraça mostrando o melhor possível ao homem do outro lado que com um sorriso de orelha a orelha dizia momices. A auxiliar experiente criatura diz-lhe de dentro que o menino é muito bonito e perfeitinho à excepção da evidência que não parava de por bem na frente do pai. O que ela evidenciava era uma das mãos do bebé que tinha seis dedos. O pai largado a galope subia sempre de felicidade. Quanto mais ela evidenciava o “defeito” do menino, mais o homem se “grisava” todo. Então em desespero de causa ela disse-o de maneira que ele não poderia deixar de ouvir:
- É MUITO BONITINHO, MAS TEM SEIS DEDOS NESTA MÃO. Mão, que agitava como um espantalho na frente da babosa criatura.
É então que, sem parar de rir, ele espalma a sua própria mão no vidro. Podiam contar-se seis dedos e era a mão do mesmo lado da do menino…
Pois é…. A este não se aplica aquela máxima de que os filhos da minha filha, meus netos são…. Os dos meus filhos, serão ou não….


                          António Capucha

            Vila Franca de Xira, Junho de 2011

 PS – Dedicado ao meu amigo Amador, colega de escola do que agora se chama 1º ciclo.
Ele tinha, (já não tem. Foi operado há muito.) igualmente seis dedos. Mais um pequeno polegar em cada mão…

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