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sexta-feira, 25 de junho de 2010

A Banca “rôta”I

A Banca “rôta”I

Nós fiados na grandeza dos bancos… Quer dizer: Eu fiado na grandeza dos bancos, e vai-se a ver, afinal eles, os bancos, também não têm liquidez para os empréstimos que concedem. (aqui o termo concedem não é ironia)

O que eles fazem é pedir emprestado a outros bancos, lá fora, na pátria dos bancos, digo eu, bancos esses que suponho, também são avalizados por outros. Acertam os juros e os outros ganhos de cada um entre si, e o empréstimo é realizado. O sistema está tão bem oleado e ágil que até há normas e supostas regras….. Mas são só para quem, de chapéu na mão, pede que lhe seja concedido um “empréstimozito”, para-fechar-a-varanda-lá-de-casa-que-a-mulher-anda-sempre-a-chatear-com-o-estendal-da-roupa-a-secar-ou-melhor-a-não-secar.

Como uma procissão, este “Calvário” é seguido religiosamente. Acerta-se o juro (agora diz-se SPRED) que, apesar da rigidez das normas e regras, é a “olho por cento”. E o dinheiro aparece vindo não se sabe bem de onde, (também é só papel) e as coisas fazem-se…. As mais valias cumprem-se, e tudo corre sobre rodas.

Mas…. E quando as mais valias não existem? A obra para a qual se fez o empréstimo não se realizou, ou algo do género…. E não é raro!!! Sobretudo em mega-negociatas…. Como o volume de negócios é mastodôntico a coisa com o “barulho das luzes” disfarça…. Quando não!?!?!?

Bom aí conta o que de facto é importante neste negócio. Ou seja: O prestígio das pessoas e instituições (palavra muito em voga…. Até o Benfica é uma instituição!) envolvidas nas diversas etapas do negócio. Tudo gente acima de qualquer suspeita, bem encadernada, e temente a Deus…. Tão temente que às vezes até são da “ÓPUS DEI”… Bom….

Se a coisa der mesmo para o torto e a dívida não tiver qualquer hipótese de ser honrada, e até documentalmente se prove que não houve fraude dos clientes, a culpa foi claramente da gestão que na ânsia de apresentar serviço avançou com os negócios…. Bom, assim sendo, uns “rapazes” muito criativos, especialistas em “engenharia financeira”, (engenharia quê????) arranjam um nome solene, pomposo, chamativo para o tal empréstimo incumprido - mas isso não se sabe – e transforma-se o aborto num produto financeiro para ser vendido em bolsa…. Pois!

Ora esse produto com aquele nome e vindo de quem vem, é como uma traça brilhante para um camaleão…. As CMVM’S, para não parecerem parvos, ou por simples e pura venalidade deixam passar a coisa e os pategos em bolsa a bufar e espumar pela boca, salivam abundantemente na presunção da maior oportunidade de negócio, desde a “pólvora sem fumo” e do “tiro sem pum”.

O pior é quando alguém entre a cabeça e o rabo desta “pescadinha-de-rabo-na-boca”, resolve deixar escapar que aquele produto não representa coisa nenhuma….. É um negócio falhado. E se por acaso esse negócio estava difundido a nível mundial com milhões e milhões de acções vendidas em todas as bolsas?

Está-se mesmo a ver o que dá, não é verdade!!!!

Foi…. Foi assim que se deu a crise de que tanto ouvimos falar….

Algures entre a cabeça e o rabo deste peixe podre que alguns apreciadores dizem ser o “Sistema Financeiro Internacional” (a mim parece-me mais uma estrutura tipo MÁFIA com mais padrinhos que afilhados) explodiu a bronca que nos trás a todos de gatas.

Em boa verdade aqui não há inocentes….

A começar nos Sr.s Administradores. Como é sabido a maioria dos bancos, são estruturas privadas por acções e como é habitual o sistema de controlo de gestão é habilmente manipulado pelas maiorias que se formam para o efeito. Depende desses a nomeação das administrações que, como é evidente não se faz por concurso, nem por critérios de capacidade e competência. Critérios que são frequentemente substituídos pelo compadrio e “amiguismo” de forte tendência dinástica…..

Das prorrogativas da gestão privada fazem parte os prémios por cumprimento dos objectivos traçados. (traçados por eles próprios, já se vê…) e pela Assembleia Geral de Accionistas, controladas pelas tais maiorias que os nomearam…. Objectivos que não são os resultados finais, mas o volume simples de capital emprestado…. Espantoso!!!!)

É evidente que assim, o que vem a calhar às administrações, é que se concedam imensos empréstimos seja a quem for, sejam ou não de risco evidente, venham ou não a traduzir-se em resultados negativos. Depois “com o tal “barulho das luzes” lá se arranjará forma de mascarar os resultados não positivos.

São milhões e milhões como viemos a saber pela imprensa. E isto em relação às “chafaricas” nacionais, que a nível internacional nem sei dizer o seu valor em “numeral ordinal”….

Tudo corre muito bem, até não ser possível esconder a realidade, porque o volume do buraco já é várias vezes maior que o capital disponível. Ou porque uma das “comadres” se zangou e põe tudo a nu. (lembram-se do Jardim Gonçalves?)

Depois é atravessar o deserto. Os visados a sustentar que não senhor…. A CMVM, atrasada, a requerer para ontem uma auditoria…. O Banco de Portugal a lavar as mãos como Pilatos… (Ai….Ai…. Victor Constâncio…. Nunca pensei!!!) Entre “anjinhos” e “mafarricos”, desta “estória” mal contada, venha o Diabo e escolha… A imprensa é a única a “grizar-se” toda e valha a verdade, (eu não disse isto…. Foi um passarinho), a fazer o lamentável papel de moralista barato, como se nunca tivesse metido as mãos na “massa”…. Tal como nunca aceitou fazer de estafeta de lóbies…..

O que cronologicamente se segue é que se exige aos governos – que foi para isso que lhes subsidiaram as campanhas, que o Estado - nós, já se deixa ver – intervenha e salve a banca porque esta é o motor da economia e tal e coiso…. Ouve-se, até doerem os ouvidos, o coro de lamentos dos Ex Ministros, e outros “servitas” nos jornais e TV’s… Até os especialistas do costume bramam…. Pois é … O sistema não é perfeito mas os outros são piores…. O “vozerio” clamando por “medidas adicionais” vem de todos os lados, cerca-nos. É necessário garantir a disponibilidade do pagode para se chegar à frente, pela segunda vez…. A primeira foi quando o governo suportou a queda dos bancos. Claro, não suportou nada…. Fomos nós os contribuintes que o suportamos.

Não é por ingenuidade que simplifico a coisas deste modo. Não ignoro a complexidade destas coisas. Agora…. Também sei que a génese de tudo isto, assenta em princípios muito simples e singularmente primários. Isto é assim como a linguagem digital: cada “frame” contem logo à cabeça a sua identificação “genética”, a sua origem, digamos assim.

Por muito complexa que seja a operação, as constantes são:

1º - O lucro, é sempre o seu Norte, Sul, Este e Oeste. Objectivo de sentido único.

2º - Este facto é religiosamente omitido, tal como as mentirolas dos “putos”.

3º - Todas as envolventes extraordinariamente complexas, servem para controlar e sustentar por um lado o lucro e assegurar pelo outro, a mistificação deste. Muito esforço…. Muito esforço…. Tudo especialmente para si!!!! Claro que tem de ser pago pelo cliente….

É ou não extraordinariamente primário…. Quase infantil? Exactamente porque foi obra de homens e por “sorte marreca” dos de natureza mais ganânciosa e prepotente, logo primários.

Por muito que professores – Ex Ministros, ou não – nos queiram impingir a economia como uma espécie de Bíblia dos nossos tempos, esclareço que para mim, concedo-lhes ser a economia, uma “proto-ciência” e é um pau…. A não ser que alguma alma penada de entre eles consiga desatar o nó Górdio da distribuição de riqueza justa e a contento de todas as partes.

A própria UE, revelando a falta de visão dos seus chefes - os eleitos e os outros que nem por isso – comprovando essa cadeia de interdependência (Máfia), afadigam-se a inventar pequenas reformas ao sistema, por forma a mantê-lo na sua essência… Segundo o princípio mais que conhecido de que é preciso mudar qualquer coisa, para que fique tudo na mesma….

Aliás o exercício deste, ou de qualquer outra forma de poder, é rectilíneo, repetitivo quadrado e estúpido. (é verdade!!!…. Por vezes basta a violência!)

Complicado e a requerer habilidade, é fingir e suportar que não se trata de poder, de mandar…. É antes matéria do interesse comum….

E porquê? Porque é que esta estratégia mais que vista e já azeda, aparece sempre renovada e de cara lavada, como se nunca tivesse tido nada a ver com isto?

Quantas vezes mais será necessário acontecerem crises como esta para nós entendermos que gente desta apenas tem a aparência de decente…

A esta pergunta, impõe-se, digo eu, a seguinte reflexão: “Os povos têm a tendência para confundir sisudez com honestidade e competência.”

E esse é que é o verdadeiro drama…..

António Capucha

Vila Franca de Xira, Junho de 2010

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