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domingo, 18 de dezembro de 2011

olá Cambada



Tudo seria diferente se a dor nas pernas, misto de dor aguda e de queimadura, me dessem uma folgasita. Mas isso é lá mais para as calendas, o meu desespero é este, não ter em termos de ardores, algo que possa parecer uma folga, uma melhoria. O sr’s doutores com  seu douto ar garantem que eu estou a ganhar a guerra Só que eu desesperado com as dores nas pernas apenas vislumbro razões de me subtrair às suas iniciativas. Ciderurgiões de diversas expecialidades, desde cárdio-vasculares a cárdio toráxico passando por um plástico, criaram entre eles um cadeia de procedimentos, que não me restam dúvidas de que, pelo menos, hei-de ficar com umas pernas, de fazer inveja ao mulherio. Só então depois é que operam  as coronárias do grilo. ÒH rapazes não vejo a hora desse dia mas já me adiantaram que não será ainda este ano. Não há razões para correr riscos e tal, dizem, vamos portanto devagar, pois é, mas as dores quem as passa sou eu!

Olá Cambada

sábado, 3 de dezembro de 2011

ORA VIVAM



 

Ora vivam, caros amigos.
Estive longe, infelizmente não pelas melhores razões, mas enfim cá estamos.
Em boa verdade o mafarrico andou por perto mas até agora tenho conseguido fintá-lo, não estou em estado irrepreensível mas cá estou a fazer a pouca força que tenho espero, que na direcção certa, aliás, não há muito que enganar ISTO, ESTÁ MESMO FEIO.
Pois, e para que não seja necessário dar largas à vossa imaginação eu esclareço, que tenho estado “neste inferno” todo este tempo que durou a ausência do vosso convívio. Hoje estou numa unidade de retaguarda que me permite passar os fins-de-semana em casa, mas esta benesse, durará apenas um mês após o que voltarei ao hospital para levar duas facadas. Uma plástica às feridas nas pernas e a outra de peito aberto às coronárias posto o que farei a recuperação final e serei solto.E aí sim, espero retomar a  plena actividade, nomeadamente o normal abastecimento do Blogue. Até lá resta-me resistir dificilmente às rotinas hospitalares, algumas a dever muito à lógica  das coisas. E não estou a exagerar. Infelizmente assim é. Há pormenores absolutamente destituídos de sentido. Isto dura de vinte e sete de Setembro. Temos que pagar a nossa saúde com língua de palmo. Isto para lá das ameaças que por aí pairam.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

O “ramelas”

Naifa de pont'e mola

O “ramelas” era um gajo de facas. Toda a gente lá do bairro contava até muitos antes de se meter com ele. A figura dizia quase tudo o que havia para dizer dele. Um fuinha encartado. Magro como um cão sarnoso. Pernas finíssimas e arqueadas sapatinho bicudo de matar barata ao canto da sala. De andar bamboleante de um lado para o outro, marcado pelo toque-toque do tacão à espanhola. No cimo da cabeça uns cabelos loiros, escorridos e sebosos assomavam parcos do chapéu de feltro castanho. O rosto era magro de rótulas encovadas, escuras, maçãs do rosto salientes. Caracterizando a palidez, um bigodinho ridículo e uma pêra talhada à Iago. Tudo nele inspirava velhacaria e ausência de valores. A sua “baubina” era uma navalha de “pont’e mola” que rebolava entre os dedos no interior do bolso do “Kispo”. A sua vozinha, várias oitavas acima do que é normal num homem quando contava uma graçola, ria numa careta e estridência histérica. A sua “baubina”, demasiado opiniosa amiúde saía do bolso de lãmina exposta para um corte punitivo que o mau do “ramelas” infringia por sadismo a quem quer que fosse, Muita gente, lá na rua, apresentava cicatrizes ou uma camisa às tiras, fruto dos volteios da “baubina”. Mas sempre assim pela surra, em guerras não declaradas e brincadeiras d’homem, que como se sabe são como os beijos de burro. Se a coisa fosse a sério ninguém via o “ramelas”. Desaparecia por detrás do cenário, fazendo uma aparição em jeitos e gestos “jedais”, apenas quando tudo já estava serenado. Cobardolas, portanto!!!! É o que há a juntar á colecção de cognomes do “ramelas”…
Um belo dia um outro fanfarrão lá do bairro estava à mesa da Tasca do Galo a beberricar um fino e na sua frente o “ramelas” brincava com a “baubina” espalmando a mão no tampo da mesa e picando no intervalo dos dedos cada vez mais depressa. O mocetão de voz grave e sonora, diz: Óh “ramelas” essa merda está-me a enervar… Ainda um dia te enfio a “baubina” pelo olho do cu acima..... Malandro…. Riposta o interpelado… Como um raio o mocetão dispara uma palmada na mão do “ramelas” e a “naifa” deu umas quantas voltas no ar. Acto contínuo deitou o faquir em cima da mesa e puxa-lhe as calças para baixo. O “ramelas” chorava baba e ranho de todo o tamanho enquanto berrava : Não…. Não…. Não
Objecto da risota geral a coisa só parou depois de estar assegurada uma boa dose de Justa humilhação, que não deixou ao “ramelas” outra coisa, senão mudar de esquina….


                               António Capucha

              Vila Franca de Xira, Setembro de 2011

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Medronho

The Tasmaniac - 'Medronho Moonshine' Official Video

Os amigos Algarvios, Afonso Dias e companhia, fizeram-me chegar isto..... Um espanto!!!!

Vai um "madronhite"?
Mandou o Manel.
Divirtam-se.
afonso

 Uma banda Irlandesa que dá valor ao que é português ( Aguardente de Medronho ) lindooo...!


quarta-feira, 7 de setembro de 2011

CASTING
O Teatro Municipal de Almada realiza um casting nos dias 19 e 20 de Setembro para seleccionar actores para a reposição do espectáculo “Santa Joana dos Matadouros”, de Bertolt Brecht, com encenação de Bernard Sobel, que estará em cena entre os dias 2 e 20 de Novembro na Sala Principal do TMA.
O período de ensaios é entre 1 e 31 de Outubro.
Os interessados (pretende-se actores entre os 20 e os 25 anos) deverão enviar os seus curriculos para o email geral@ctalmada.pt.
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domingo, 4 de setembro de 2011

Guerra é guerra

galos de luta

Três pedras no bolso. Um arco de flechas em cana da Índia aparelhada com fio de côco, comprada ali na venda do….. Varreu-se-me! As flechas eram P´raí umas dez por cada guerreiro, pacientemente feitas em caninha muito fina e verde com os nós bem limados e uma pena de peru ou pato atrás e presa numa ranhura sobre o comprido com um atilho em guita, que solidificava a haste para que não ficasse presa no fio de côco quando o arco era retesado. Bom…… Aquilo era uma arma bem perigosa, letal até, se as flechas tivessem na ponta uma farpa em ferro. Felizmente os conhecimentos e domínio da tecnologia não deram para tanto.
Ambos os exércitos tinham o seu castelo, armado no que desse jeito e por ali aparecesse. Todo este cenário e os demais adereços levaram bem, uns dois dias a arrebanhar e instalar no quintal, zona do pomar, da avó Rita. Os exércitos também eram bizarros. Tinham ambos um elemento apenas, que para além de Soldado, era General, Porta voz e emissário, Parlamentar para lá de tudo o que viesse a revelar-se util.
Eu e o meu primo Zé Tó, éramos os titulares destas forças militares. “Maráus” de estalo, não durou muito que estoirasse bronca da grossa. E não foi a guerra que a despoletou… Não! Foi exactamente um tratado de paz. Cansados de trocar pedradas e depois de várias salvas de flechadas, a que se seguiam lutas de espadas de pau de vassoura, intermináveis e infrutíferas, pois nem um nem outro dava sinais de rendição. Enviaram os parlamentares e estes entenderam-se numa paz duradoira…. Estavam eles a parlamentar quando uma galinha saltou para cima de um dos castelos. O parlamentar respectivo acusa a invasão e armando o arco desfere um tiro que vira o boneco ao galinácio. Correram para o inimigo comum e lá estava ela a espernear do outro lado do tronco que fazia de muralha, com a flecha espetada e bem espetada. Aquilo sim…. Aquilo é que era guerra…. Até o Sol fechar o cenário, voltou-se à guerra. Perus, patos, galos, galinhas e pavões andou tudo num badanal. Ele era calhoada e flechada de meia –noite, o mais natural é que mais dois ou três daqueles emplumados inimigos, tivesse levado o  correctivo merecido e apresentassem efeitos colaterais da refrega.
Quando a criadita recolheu a criação, deu por falta da poedeira e constatou o estranho coxear dalguns deles. Daí à avó Rita ficar a saber da coisa e descer ao quintal para ver com os seus olhos a devastação. E dessa observação à conclusão de quem teria sido o autor ou autores da coisa, foi um ápice… Resultado: Os exércitos foram presos à mesa da cozinha com uma linha de coser. Ainda tentamos argumentar que aquilo era a guerra e tal…… Mas aquilo era gente que não entendia nada de tácticas de guerras e assim…
Enquanto o conclave decidia o que fazer aos infaustos detidos… Estes sabedores de que partir a linha era a morte certa, ficaram mudos e quedos e embora não recorde muito bem, estou em condições de assegurar que cumpriram galhardamente os castigos, que não hão-de ter sido assim tão duros, porque nem na memória ficaram.                                        


                                      António Capucha
                      Vila Franca de Xira, Setembro de 2011

sábado, 3 de setembro de 2011

Pau de arara

Pau de arara


Pau de arara é uma vara onde se levam as araras apanhadas no mato em gaiolas uma em cada extremo da vara.  O passarinheiro no meio dá em doido com o chilreio infernal. Os nordestinos brasileiros que chegam a S. Paulo herdam-lhe o nome. Chegam constantemente, numas camionetes de carga ronceiras, com um toldo, debaixo do qual as pessoas vêm literalmente ao monte e ao acaso dias e noites a fio. Este meio é usado para o transporte ilegal de trabalhadores, por associação tomou também o nome de: Pau de arara, em razão da algazarra que os passageiros fazem. Outra das suas evidências é a promiscuidade e desasseio em que decorre a viagem.
O caso relata uma peripécia ocorrida num desses transportes, lá p’ró fim da terceira noite, no meio do ronk-ronk da suspensão, do motor do veículo e dos mil e um ruídos que a caranguejola produzia, ouve-se uma vozinha feminina Que pergunta ao marido:
- Severino? Tu tá em mim???
Ué, responde o interpelado….. Tou não!!!
Então! Estão!!!!  

                        António Capucha


       Vila franca de Xira, Setembro de 2011

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Lá vem a estafada questão da TV Pública...

Ri-te ...Ri-te

As combinações de palavras em frases tem o seu quê que se lhe diga. Frases semelhantes onde apenas se altera a ordem das palavras são amiúde exploradas ora por chalaça, ora pela estratégia do equívoco e do trocadilho. Mas também dá muito jeito para confundir e mistificar as coisas e isso é desonestidade. Por Exemplo, se se disser a beira da estrada, embora contenha as mesmas palavras não se pode confundir com a Estrada da Beira. Ou, podemos ainda aumentar a confusão, dizendo que a estrada da Beira tem as beiras da estrada em mau estado. O que leva o bom do fabiano distraído, a associar mau estado à estrada da Beira. Confuso? nem por isso, não é!
Ora os aldrabões profissionais, aqueles cuja existência assenta em falsidades, tantas e variadas são as sendeirices, que para as desmontar é obra. E o que não for desmontado, em regra, concorre para reforçar a probidade da personagem. E isto é um ciclo interminável que a direita faz que dure desde sempre.   
Baseados nestas mesmas verdades, estes senhores do governo estão a confundir, como sempre, Serviço Público, com serviço que é prestado ao Público.  Esta nossa direita é de ideias fixas e sempre que pode, lá vem com  treta de que todas as televisões prestam serviço Público.... E com esta aparente verdade prosseguem: Então porque é que os Portugueses só pagam a RTP? Isto é um assunto mais antigo que o teorema de Pitágoras, só que ao contrário deste, aquele arrasta a sua falsidade cilindrando os tempos e não fazendo luz sobre as coisas como o outro. Quando ainda trabalhava na RDP, membro que fui da sua Comissão de Trabalhadores , foram mais que muitas as vezes que tivemos que sair a terreiro para desmontar estas patranhas com as quais os barões do PSD, mais não queriam que uma fatia do bolo que era pago pelos Portugueses para o serviço Público de Radiodifusão, cujo já não existe porque é partilhado pela Televisão Pública fruto da fusão entre as duas Empresas. Fusão essa que em simultâneo tornou a RTP bem mais frugal do que era até então.... e segundo se sabe e é notório, vai sucessivamente apresentando resultados mais decentes que em épocas idas.
Para ilustrar aquilo que não sei se é estupidez, se desfaçatez - isto porque me parece impossível parir preceitos doutrinários tão ínvios - pois como ia dizendo , num consulado da AD um paraquedista fazia uma coisa arremedando programa radiofónico sobre turismo. Ora o bom do alarve do homem mais não fazia que promover viagens a Cancoon, estava na moda... Ora nós CT, perguntamos ao CA se aquilo era serviço público, ou se era só nabice do energúmeno, ou se seria por ele ter uma agência que vendia viagens a Cancoon?
O presidente do CA do alto da sua cara de pau disse: Que sim senhor, era serviço público, porque havia muitos portugueses que viajavam para o estrangeiro e esses também eram público..... Notável, não é?
Outra parangona consiste em dizer-se que os portugueses pagam a RTP e as outras se pagam a si próprias. Pois eu digo que pagamos todas e bem pagas.... Umas directamente e as restantes através dos consumos dos OMOS dos TIDES e de tudo aquilo que a publicidade cada vez mais nos compele a comprar....
Será que não entendem? será estupidez? Ou será que acham que somos todos néscios?
Em conferências diversas vi vultos maiores, catedráticos,  da direita dizerem barbaridades deste tipo... Nem todos eram imundos sabujos, a roçarem-se nas pernas do chefe. Sonham as alminhas que as tv´s privadas aliviadas dos conceitos de rigor e equidade do serviço público prestarão um melhor serviço ao obscurantismo que em última análise é o negócio desta gente da direita. Tal como o prestamismo o é dos judeus e os milagres são de Deus....
Tudo correu sempre bem e lisinho na RTP? Sabemos que não.... As contradições são mais que muitas. naquelas águas nadam tubarões e lóbies de interesses inconfessáveis, senão pelo menos incompativeis com o interesse público. Pululam os engraxadores e lambe botas, mas isso é transversal a todas as TV's. O que não se pode é abandonar a ideia de uma TV com obrigações de prestação de serviço Público apenas porque há dificuldades em segurar as rédeas desses cavalos. Mas a boa verdade é que tem sido feito alguma coisa nessa matéria. Produções de clássicos da nossa literatura, programas versando a diáspora. Coisas de enorme qualidade. Não são a maioria mas é exactamente isso que se perderá se estes senhores levarem a deles avante.  A direita sempre teve a ideia de que a Cultura é um pastelão chato e inexpressivo, que se faz num sótão às escuras, e as TV'S generalistas e digamos, para o grande público, são dos comerciais que fazem aquelas coisas acéfalas .... Também para quem é ..... Basta mantê-los consumidores compulsivos. O povo quer é rir.... Cheio de contente.....
Quanto à qualidade dos conteúdos, estamos conversados....É mais que evidente a busca do sensacionalismo pelo sensacionalismo nas SIC'S e TV'IS, e o esboço de qualquer programa  ao serviço da cultura e interesse Nacional,  é pura coincidência. E isto é visível até em conteúdos semelhantes. As manhãs das TV'S, são um quase perfeito decalque umas das outras , mas ao passo que na RTP as escolhas dos locais tem algo, pouco mas algo, a ver com a nossa História e cultura. Nas privadas é insuportável o pivete dos interesses comerciais dos Continentes e à promoção de "artistas", comentadores e outros impostores, de mais que duvidoso talento.....
O que é que estas criaturas do governo querem então? Aquilo é gente que estudou e sabe por certo que a nossa economia não tem pujança para sustentar mais um projecto exclusivamente  comercial. Miopia é o que é.... E perigosa.... Poupam pouco mais que uns tostanecos. Explorarão politicamente até ao tutano o terem acabado com mais um imposto directo (o do Áudio Visual). Mas roubam-nos a alternativa ao pãntano de merda rala que será a futura TV em Portugal , cheia de Júlias de Mayas de Gouchas dos Castelos Brancos, Li Lis Caraças e tudo.....


                                     António Capucha

                      Vila Franca de Xira, Agosto de 2011

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Hão-de por força ter reparado....

Esta mulher está muito doente

Hão-de por força ter reparado que baixei os índices de produção. Tal deve-se ao facto de ter tido "umas panes" no vértice da saúde. Umas perturbações cárdio-respiratórias e um arreliador  inchaço nas gâmbias e pés (alguma coisa me havia de inchar .... Não é verdade?). Trazem-me de monco caído e sem ganas para muito mais que isto... Nem Peniche me aplacou o mau estar, como é habitual. Mais esclareço, que como sou basicamente um rapaz saudável, lido bastante mal, com seja que maleita for.... Acredito que o "papão" há-de ir sem aviso como veio,  e cá estaremos para perorar à força toda, contra ventos e marés, à bolina se necessário for, que isto de vento em popa não é para mim....

                   António Capucha

     Vila Franca de Xira, Agosto de 2011

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Salva Brava

salva brava

Após diversas “caroladas” na parede, sendo que a cada uma se seguiam a sequelas habituais, já tentadas e já falhadas. Pese embora a teimosia que me caracteriza, que leva alguns a confundir-me com pessoa de convicções fortes…. Desisti. Aguardo que chegue o meu informático sénior: O Francisco. E após enfrentar o seu sorriso trocista. O tentar decifrar as quatro ou cinco tecladas à velocidade da vertigem que antecedem a declaração sacramental:
- Pronto já está …. Era isto que querias??? Porra…. Até era….. Mas importas-te de fazer mais devagarinho e explicar o que estás a fazer, sim …. Importas-te???
Espera só um bocadinho que tenho o pão a torrar…. Ou tenho que mudar a água às azeitonas, Ou tenho que olhar p’ró lado e rir à socapa, sei lá….
Lá faço o tal exercíciozinho de humildade de ficar contente com o resultado prático da coisa…. Os meus estimados leitores hão-de pensar que sim senhor estou um Bloguista e pêras. Mas se soubessem o que vai cá p’la casa? Só para mecanizar a inclusão de imagens ou vídeos no blogue, foram várias semanas a olhar bovino o palácio que era o teclanço ágil, sempre a preceder o: Pronto Já está!!!! E sem que pudesse esconder o ar de espanto, acabei por tirar umas por outras e entrar em velocidade de cruzeiro até à próxima surpresa.
O pior é que as personagens das mil e uma “estórias” que se cruzam e entrecruzam na carola aproveitam esse tempo para entrar em auto-fusão e de caminho fundem-me também a mona, que de tanta “merda” que tem, desordenada e bruta, é como se estivesse vazia. E o resultado é este…. Um texto de recurso…. Talvez que com um cházinho de Salva Brava….. Para a minha sogra a Salva Brava , tudo salva…. E é bom à brava….{O Chá Salva Brava é um Tónico-estimulante (fraqueza geral, depressão, menopausa, esgotamentos nervosos), caspa. ...}
Quem sabe????


                          António Capucha
 
          Vila Franca de Xira, Agosto de 2011

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Va' pensiero... Riccardo Muti speaking about Italian culture, Opera di R...





Obrigado mano velho... Deixaste-me com a lágrima a assomar-se à janela , donde tombou irreprimivel. Para que se saiba aqui deixo o texto explicativo que me enviaste. Mais uma vez obrigado...
tonica

Quando cantei este coral, com 12 anos, no ginásio de Santarém e o padre Brito a acompanhar ao piano, substituindo a orquestra, estava longe de pensar que "va pensiero" poderia tornar-se uma espécie de hino contra os Berlusconis, os Sarkozys, as Merkel, os Obamas (que desperdício de Nobel!!!), e outros "assassinos" da dignidade humana que estão a destruir, em poucos anos, não apenas a cultura mas tudo o resto que custou à humanidade séculos a ganhar! Infelizmente, em Portugal não há Muttis, nem ópera de Roma. O Zeca Afonso já se foi há muitos anos e a Amália (mesmo sem "tomates" e a cheirar a salazarenta) também. Não é o Quim Barreiros e outros imbecis como ele que nos vão salvar. Temos de ser nós. Viva Verdi, viva Mutti e viva a ópera de Roma!!!
Um abraço do Zeca



          Silvio Berlusconi desafiado por Giuseppe Verdi  ****

No último dia 12 de março a Ita´lia festejava os 150 anos de sua criação,
ocasião em que a Ópera de Roma apresentou a ópera Nabuco de Verdi, símbolo
da unificação do país, que invocava a escravidão dos Judeus na Babilônia,
uma obra não só musical mas, também, política à época em que a Itália estava
sujeita ao império dos Habsburgos (1840).
Sylvio Berlusconi assistia, pessoalmente, à apresentação, que era dirigida
pelo maestro Ricardo Mutti. Antes da apresentação o prefeito de Roma, Gianni
Alemanno – ex-ministro do governo Berlusconi, discursou, protestando contra
os cortes nas verbas da cultura, o que contribuiu para politizar o evento.
Como Mutti declararia ao TIME, houve, já de início, uma incomum ovação,
clima que se transformou numa verdadeira «noite de revolução » quando sentiu
uma atmosfera de tensão ao se iniciar os acordes do coral « Va pensiero » o
famoso hino contra a dominação. « Há situações que não se pode descrever,
mas apenas sentir ; o silêncio absoluto do público, na expecativa do hino ;
clima que se transforma em fervor aos primeiros acordes do mesmo. A reação
visceral do público quando o côro entoa – ‘*Ó minha pátria, tão bela e
perdida’ - *».
Ao terminar o hino os aplausos da platéia interrompe a ópera e o público se
manifesta com gritos de *« bis »,* *« viva Itália »,* *« viva Verdi »* . Das
galerias são lançados papéis com mensagens políticas.
Não sendo usual dar bis durante uma ópera, e embora Mutti já o tenha feito
uma vez em 1986, no teatro À La Sacala de Milão, o maestro hesitou pois,
como ele depois disse : « não cabia um simples bis ; havia de ter um
propósito particular ». Dado que o público já havia revelado seu sentimento
patriótico fez com que o maestro se voltasse no púlpito e encarasse o
púlblico, e com ele o próprio Berlusconi. Fazendo-se silêncio, pronunciou-se
da seguinte forma, e reagindo a um grito de *« longa vida à Itália » *disse:
RICCARDO MUTTI :****

****

*« Sim, longa vida à Itália mas ... [aplausos]. Não tenho mais 30 anos e já
vivi a minha vida, mas como um italiano que percorreu o mundo, tenho
vergonha do que se passa no meu país. Portanto aquieço a vosso pedido de bis
para o Va Pensiero. Isto não se deve apenas à alegria patriótica que senti
em todos, mas porque nesta noite, enquanto eu dirigia o côro que canatava ‘
Ó meu pais, belo e perdido’, eu pensava que a continuarmos assim mataremos a
cultura sobre a qual se assenta a história da Itália. Neste caso, nós, nossa
pátria, será verdadeiramente ‘bela e perdida. [aplausos retumbantes,
incluindo os artistas da peça]*
*Reina aqui um ‘clima italiano’ ; eu, Mutti me calei por longos anos.
Gostaria agora...  nós deveriamos dar sentido à este canto ; como estamos
em nossa casa, o teatro da capital, e com um côro que cantou magnificamente,
e que é magnificamente acompanhado, se for de vosso agrado, proponho que
todos se juntem a nós para cantarmos juntos. »*****

Foi assim que Mutti convidou o público a cantar o Côro dos Escravos. Pessoas
se levantaram. Toda a ópera de Roma se levantou... O coral também se
levantou. Foi um momento magnífico na ópera ! Vê-se, também, o pranto dos
artistas.
Aquela noite não foi apenas uma apresentação do Nabuco mas, sobretudo, uma
declaração do teatro da capital dirigida aos políticos.
AGORA NÃO DEIXEM DE VER E OUVIR PELO LINK ABAIXO è****

 





segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Ilha de Utoeya

Buscas na ilha de Utoeya
Os recentes acontecimentos na Noruega, e este início já se pode considerar soft, sobretudo face ao que temos visto da reacção da população e sobretudo dos responsáveis... Que não segurando as lágrimas, dão livre curso à sua indignação e ao seu desgosto. sem vergonhas, num exercício de autenticidade,  de legítimos e expostos sentimentos.... E era apenas isto que gostaria de referir, que este assunto já deu voltas e mais voltas a ponto de não haver ponta por onde se lhe pegue. O discurso do 1ª Ministro e de sua Majestade o Rei, falam-nos de sentimentos de solidariedade, no ódio que urge não deixar crescer.  No facto de serem uma pequena comunidade e não poderem dispensar cérebros jovens e promissores... Assim, com altíssimo sentido de Estado e com o coração nas mãos. Os senhores jornalistas é que como é hábito já se afadigam em traçar estratégias e explicações para a coisa assim tipo: Teoria da conspiração....  Vejam lá que ainda não se extingira o cheiro da pólvora já os escribas locais se grisavam todos a dizer que o energúmeno tinha planos para Portugal , se calhar para dizimar as gaivotas da Berlenga....Repararam que o encontro dos "Jotas" na llha de Utoeya, era multi racial? É assim que se promove a integração ao contrário do que fez o Atrasado do Sarkozi em relação aos Romenos e no fundo é a moda mais recente da Europa, visível no mais mal dissimulado chauvinismo.... E atenção, têm adeptos . Não esquecer que o Nazismo e o fascismo nasceram aqui....
Tenham respeito pela decência dos bárbaros e calem-me essas cloacas!!!!

                António Capucha

 Vila Franca de Xira, Agosto de 2011

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Num Plácido Domingo

José Carreras e Plácido Domingo
Num plácido Domingo, que corria lento, o cantante enchia a casa de harmonias com extractos dos então chamados Três Tenores Surripiados na net e passados para uma "pen".... Modernices! Dos três já só sobram dois, como sabemos, o Pavaroti deixou-nos. E o Catalão do josé Carreras esteve por um fio. Entre estes três várias histórias fazem carambola acotovelando-se para chegar à frente nos média e ao grande público sedento destas coisas. Naquele plácido Domingo, assaltou-me como talvez a História de raiz mais humana e bela que de longe se destaca de entre as milhares de historietas destes três. Plácido Domingo, Madrileno que começou por interpretar Zarzuelas e delas terá saltado para a Ópera fruto de uma evolução invulgar e da qualidade da sua voz. Fez carreira na América onde estudou além de canto, música.... Da  boa.... Da superior. Acabou Maestro Tuti...  Mas também não é isto que há para contar dele... Plácido Domingo, não é um cantor da mais fina água ou um Maestro de ponta.... Ela é um ser humano de qualidade superior. Se não vejamos:
- Quando o Catalão José Carreras esteve doente a tratar a sua leucemia no States, naturalmente não olhou a despesas. Até que esgotou as suas economias. É então que uma estranha fundação aparece por detrás de tudo isto a cobrir as despesas do tratamento e estadia do cantor. Só muito mais tarde e por portas e travessas vem a saber que quem estava por detrás da dita fundação era o Plácido Domingo... Ora acontece que era frequente entre ambos, uma certa rivalidade como extensão da rivalidade existente, ancestral e vigorosa, entre catalães e madrilenos, entre Madrid e Barcelona, entre o real Madrid e o barça.... Enfim, dão-se conta do que cada um deles representava.
José Carreras abordou o plácido Domingo, não consta que tenha sido num plácido Domingo... Agradece-lhe muito a atenção. Diz que praticamente lhe deve a vida, E pergunta-lhe porque o fez, e porque disso manteve segredo. Ao que este responde:
Olha fi-lo porque não conseguia encarar a hipótese de ver desaparecer uma das vozes mais lindas de sempre.... E nunca contei a ninguém porque todos sabemos do orgulho e porte Catalão que ostentas e tão bem te fica...
Sublime não é?      
Hoje uma sólida amizade é o centro das relações entre ambos...
E este exemplo, não fez crónica e carreira no "jetset" Internacional. Não rendia, sabem!!!!

                            António Capucha

                       Peniche, Agosto de 2011

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

A febre do ouro

Banqueiros

O “Shou” “Shilva” compôs o capachinho seboso no alto do bestunto, ao passo que coçava a nádega esquerda, e esticava o lápis na direcção do empregado mais novo,único para além dele, do estabelecimento: “O Apara Lápis Azul” - Óh Jorge traz aquela caixa de “punaises”,  ali de cima da prateleira.  A lojeca era uma coisa vetusta e sem luz e o seu infausto dono o Sr Silva, não atendia os clientes a não ser em circunstâncias muito excepcionais. Passava todo o santo dia atrás de uma pequena mesinha alta em intermináveis contas e cálculos que lhe faziam chorar os olhos papudos por detrás dos óculinhos  redondos de lentes garrafais com hastes partidas e atadas com adesivo de pensos. Da sua figura perpassava a incongruência dos parcos cabelos grisalhos na nuca e pescoço, e o negro quase azeviche da touca capilar que compunha amiúde.  Das faces pálidas caía-lhe uma barba branca, escorrida e esparsa, que lhe dava pelos peitos. O desgraçado do Jorge era o pau p’ra toda’obra. Vendia os caderninhos de papel agrafado de sebenta, aos putos lá da rua. De quando em vez um lápis ou uma pena de ardósia, uma borracha ou outra, raramente um apara lápis…. Aparos canetas e tinta eram uma raridade, porque já custavam vinte e cinco tostões que para a maltosa do bairro era caroço a mais. O negócio não era por aí além neste particular. Daí que o indecoroso ancião mantivesse à revelia da licença, particularmente portanto, um negócio paralelo de prestamismo. A que se juntava a compra e venda d’ouro prata e jóias e demais coisas de valor, que “vocência” possua e que queira transformar em dinheiro…. Preço justo! Rezava no cartaz desenhado pelo Sr. Jacob Silva numa letra rubicunda, para fixar o qual, pedira os punaises ao Jorge….. O “invejoso” ainda se dava ao luxo de filosofar… Num outro cartaz dizia: Vão-se os anéis … Fiquem os dedos….
A rudimentar montra expunha a felicidade frustrada do Bairro… Brincos anéis, antes dádivas de amor, que não foram resgatados jaziam agora em almofadinhas carmesim muito mais caras do que terão rendido ao antigo dono, parecendo esquifes de amores mortos… Ao Jacob, isso pouco dizia…. Ãhh estes gentios, Não tarda nada já cá estão outra vez…. E não é para comprar sebentas não… Fadistas…. Dêem-lhes fado e tudo vai pelo melhor… O velho agiota, encontrava sempre uma forma de legitimar a sua ganância. E atribuía a si próprio assim como que o papel de  um anjo vingador divino, dos vícios sociais e outros , já se vê….  Mas um dia…. Melhor, uma noite…. O Judeu que dormia paredes meias com a loja e com um olho aberto e outro fechado, foi assaltado e levaram-lhe o “Ourinho” todo que ele tinha na montra e na gaveta da escrivaninha alta em que costumava trabalhar a contar e recontar os haveres, os já havidos e os a haver. O homem deu em louco acusou o pobre do Jorge de estar metido no golpe, oxalá estivesse. Sempre se fazia alguma justiça à exploração de que era vítima. Digo eu em surdina…. A custo  a D. Sara leva-o para a cama de onde já não saiu. Sucumbiu a uma febre tenaz que não o largou mais até sair co’s pés p’ra frente…..
Será que é esta a febre do ouro????

                                 António Capucha

                 Vila Franca de Xira, Agosto de 2011

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Os sonhos

O Sonho - Pablo Picasso
Quando experimentamos o turbilhão de pensamentos sem os expressar. Ficamos empanturrados… Não podendo impedir-nos de criar pensamentos. Uns, meras posições filosóficas ou científicas, outras, sonhos acordados de uma realidade tão perto e tão longe, à exacta distância que medeia entre o que é e o que não é, que só em sonhos é possível medir a palmo. Por vezes tem a enormidade absurda do Universo. Para noutras ser infinitamente circunscrita ao pequeno micro sistema que somos nós e os nossos botões. É a única forma de voar. As palavras, essas coisas que expressam pensamentos, se pensadas são voláteis volteiam, volteiam e nunca se cansam como faúlhas de um fogo sagrado que é a nossa intimidade. Se ditas ou escritas ficam amarradas ao chão firme e estúpido que dizem ser a triste realidade e valem apenas aquilo que a semântica permite. Nos sonhos não! Atribuímos como entendemos o peso e significado de cada palavra de cada acto. É até possível inventar palavras para sentimentos fugazes que relampejam num ápice e se desvanecem sem percebermos muito bem o que foram. A norma é que nos deixem felizes, por vezes sem saber porquê.
Aliás os porquês valem o que se quiser…
O único senão é que este turbilhão já referido, tem limites. E esse limite traduz-se naturalmente na sua materialização…. Tem que ser dita, ou escrita, para libertar memória para o futuro e expectável exercício de voltar a sonhar… De entre elas, as memórias, umas há que têm anos que não é possível apagar, sem fazer perigar a fornalha dos sonhos. São estas as preferidas. Ternuras antigas. Amores profundos. Gostos e desgostos que fazem o que se é. Áh pois!!!! Somos o que sonhamos, não o que dizemos ou fazemos. Porque estes são determinados pelos outros. O que sonhamos determina o que somos capazes de fazer e de dizer, no fundo: De ser…. Não acreditam?
Experimentem deixar de sonhar acordados, de saborear as emoções intensamente sonhadas, inventadas até salivar abundantemente. Depois, quando por acidente se der essa realidade, vejam se são capazes de sentir algum sabor, algum prazer??….
Exemplo:
- Se fossemos como os cães, cruzávamo-nos com uma fêmea e independentemente de tudo, à excepção de um conjunto pícaro de odores, pulávamos-lhe para cima, In out-In out, e prontes estava feito….
Mas como não somos, andamos tempos e tempos, anos por vezes a sonhar, a imaginar-lhe a nudez, a colar-lhe uma atitude no amor, o roçar de lábios no pescoço o afagar de cabelos a firmeza dos seios sensíveis, a curva do ventre, a púbis em concha, os quadris, tipo pêra se possível… Inventam-se palavras libertam-se grunhidos, gritos abafados a morrer nas gargantas e doces mentiras que nunca mais acabam, até ao estertor do orgasmo que imaginamos sempre simultâneo, interminável, intenso, bruto como o champanhe….
É incomparável não é verdade?   
Melhor que a realidade, seguramente!
Os sonhos, são o sumo da vida….

Eles não sabem nem sonham,
que o sonho comanda a vida
Que sempre que o homem sonha,
o mundo pula e avança
como bola colorida ….
entre as mãos de uma criança.

(in “Pedra Filosofal” de António Gedeão)


                                            António Capucha

                            Vila Franca de Xira, Agosto de 2011