Endereço do blogue........peroracao.blogspot.com

terça-feira, 31 de julho de 2012

Família.





Há conceitos d'isto e daquilo, e hão as pessoas que estão acima dessa triagem. aquelas que para o bem e para o mal escolhemos para partilhar a vida, não só nos bons como também os menos bons momentos. Isto é uma verdade evidente, mas que convém repetir de quando em vez, porque a vida, no seu correr constante, arrasta como se sedimento fosse, estes conceitos basilares. Como são sentimentos nobres e serenos, pouco se tem escrito sobre eles, rende muito mais escrever sobre paixões arrebatadoras, e sentimentos devastadores, Mas o resultado disso, é que as pessoas que realmente amamos,sofrem à míngua de termos marcantes e exuberantes, quando a eles nos referimos. Acho que ia sendo altura de marcar vincadamente este ponto. Depois de deambular por diversos temas e sentimentos. que têm o seu quê, é verdade, mas que seria de mim se tivesse que passar sem a mulher, que me escolheu, e que escolhi, para passar toda a vida, e sem os filhos que tivemos. O termo que mais me ocorre para definir isso é: NOBREZA. A sua fiabilidade é nobre; a sua serenidade , é nobre; a sua fidelidade , é nobre; a sua dedicação, é nobre; etc...etc...  Esta bandeira dardeja tão alto que tudo mais é complemento, nunca essência. E o resto é praticamente zero.
Para a minha querida esposa e filhos, faço esta dedicatória, que apenas pecará por escassa.
                            António Capucha
                    Montijo, 31 de Julho de 2012


sexta-feira, 27 de julho de 2012

Beleza é fundamental!





Ela atravessou a rua no seu passo elástico, as pernas altas e firmes bem lançadas nuns quadriz bem desenhados, costas direitas e um ligeiro dar do ombros, onde repousava a frondosa cabeleira castanha escura, em contraponto, com o rebolar das ancas de nádegas arredondadas e airosas. Respirava saúde e confiança na sua aparência. E tinha boas razões para isso, digo eu que não sou d'intrigas. Que mal pode haver na beleza? Trazia vestida uma vulgar t-shirt amarela e uma mini-mini saia azul e calçava um sapatos de "balé" brancos, nada que disfarçasse a perfeição do seu corpo, que era daquela raça de corpos, que falam quando se movem. Tudo harmonia e perfeição. Volto a dizer, e que mal pode haver nisso? Desde que não seja tola ou petulante, não haverá mal que lhe chegue. Eu, bem como a maioria dos fregueses na esplanada tinha-mos os olhos grudados na moça, e pensando: Que consonância genética terá dado origem a tanta beleza? 
As mulheres de um modo geral merecem todo o nosso respeito e admiração, são seres que  parcem ter sido criadas , para suscitar o nosso interesse e admiração. Criamos essa premissa quando os nossos olhinhos piscos, contemplaram a nossa mãe e automáticamente aquelas formas ficaram associadas a segurança e bem estar. Mas não me canso de repetir, Que mal há se a isto acrescentarmos beleza. 
Como dizia o poeta Vinício de Morais: Que me perdoem as feias , mas beleza é fundamental.
                    AntónioCapucha

          Montijo, 27 de Julho de 2012

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Dia Mundial dos avós





Vou ter que esclarecer, que vou fazer um exercício de senso comum, Porque não possuo experiência no assunto. Não sou avô, embora o pudesse ser,  Bastaria que um dos meus Herdeiros o quisesse, o lembrasse de ser pai ou mãe. Se bem que se diga à boca pequena : que os filhos da minha filha, meus netos são, os do meu filho serão ou não! Que maldade, esta.
Avós tive-os e durante muitos e bons anos, agora estão os quatro desaparecidos fisicamente, e posso afirmar, que foi bom tê-los e usufruir daquela paciência quase inesgotável para aturar as nossas canalhices. Através deles recebi, por vezes sem me dar conta disso, Heranças culturais tão importantes que só a idade da razão veio a reconhecer como tal. Não saberia como sei como é a vida e as festas de um aldeia beirã, Os valores daquela gente simples e trabalhadora, vão desde as manifestações de religiosidade popular, quase primária, até à eloquência da vida comunitária. que era intensamente vivida por todos e cada um dos aldeões. Não há livro onde se aprenda isso. Os nossos avós são os nossos grandes mestres nessa, como noutras matérias. E o amor que escorria como mel, abundantemente quase sempre num só sentido, o nosso. 
Hoje em dia no entanto o papel desempenhado pelos avós na sociedade moderna, é de caracter mais prático. Dado a evolução negativa da condições de vida, torna-se quase impossível que alguém se case sem saber que tem com quem deixar os pimpolhos enquanto estão a trabalhar.. E adivinhem quem é que desempenha essa tarefa? Os avós, pois então. Que para além de tudo ainda têm, o enorme prazer de os ter à sua guarda. E assim as crianças crescem cercadas de amor. E quem os leva ao Zoo? ou a jogar na relva, ou simplesmente a brincar, já se sabe, o Avô ou a avó. Que cada vez estão mais capazes do ponto de vista físico e de saúde para realizar essas coisas. A paciência, essa, é eterna, inesgotável.
Ainda bem que assim é. Aqui deixo lavrado um obrigado muito sentido aous meus e a todos os avós do Mundo.
Bem Hajam......   

                    António Capucha

          Montijo, 26 de Julho de 2012




quarta-feira, 25 de julho de 2012

O Pilha-Galinhas



 


Já esbocei a iniciativa de falar, melhor revelar-vos, figuras típicas aqui da unidade de cuidados continuados do Montijo. Sem intuitos secretos, depreciativos, ou outros menos claros, tenho que referir figuras incontornáveis, desta unidade. Hoje tenho que vos contar das aventuras do pilha-galinhas. É um ancião algo senil, e cleptómano. E que surripia ele? perguntais. E eu respondo: tudo o que estiver ao alcance da mão e da vista. Lá diz o adágio: Olho que vê , mão que pilha....... Passa o santo dia a cirandar por rigorosamente todo o lado, e as senhoras auxiliares têm que ter especial atenção ao carrinho das sobremesas e do pão e acepipes, género pacotinhos de doces,queijo de triângulo etc....... Chega-se ao extremo de ter que lhe travar a cadeira de rodas interpondo-lhe coisas entre as rodas para limitar o seu apetite voraz, por tudo o que estiver à mostra. ´Que ele me desculpe, mas esta alcunha que lhe pus, assenta que nem uma luva. Outro caso de notariedade, é a avózinha. Chamamos-lhe assim, dada a idade que aparenta. Seca de carnes, cheia de vida, é de uma alegria contagiante possui o riso mais cristalino e espontâneo de todos aqui no sítio. Quando há festa, é vê-la toda rebiteza, participativa Espalhando a sua boa disposição ao redor. Impossível não ficar contagiado ao pé dela. Um grande beijinho para a querida avozinha. Depois há um exército de gritadores vários, desde os simples ais...às mais expressivas lenga-lengas, passando pelos mais guturais ruídos e roncos há-os de todos os géneros e qualidades. É o que se queira.... É só escolher....


                       António Capucha

               Montijo, 25 de Julho de 2012

terça-feira, 24 de julho de 2012

Não me falhem!





Adivinha-se negra a semana que tem início hoje. Nada corre bem. Para culminar até a internet está lenta porque os meninos, num qualquer jogo imbecil, quase a esgotaram. Nunca mais a vêem! Até a Santa da minha mulher, me deixou na penúria de moedas. e sem café eu já não funciono. O que para ela não passa de uma semanita, para mim vai ser uma eternidade, sem café. Mas não vou esmorecer, essa vos garanto eu. Deixemos isso para trás! não posso dar-me ao luxo de me preocupar com ninharias. Que é o que estas coisas são, bem vistas as coisas. Agora que sinto uma raiva cá dentro, ai isso sinto. E um buraco no peito, é o que me fica do esquecimento de me deixarem moedas. Dá-me ganas de imaginar magias negras que tivessem como resultado que ela, a Santa da minha esposa, ficasse sem tabaco e sem hipótese de o comprar. Não é por nada, mas era um castigo devido. E merecido. Sou mauzinho? Áh pois sou! Já era tempo das pessoas que me estão mais próximas entenderem a importância que têm para mim estas pequenas coizinhas. E a devastação que a sua falta me provocam. Não sei, estou assim. Sensível e frágil. Dependente! Que é que querem, Acho que não é chinesice nenhuma. Estar tudo bem , ou tudo mal, depende de pequenos nadas. As grandes questões já as superei, dependem apenas da minha vontade e pouco mais e como tal eu resolvo-as. Agora daquilo em que eu não posso evitar a dependência dos outros, porque é exactamente assim, por favor não me falhem.
 
 
                               António Capucha
 
                       Montijo, 24 de Julho de 2012





sexta-feira, 20 de julho de 2012

Dia do amigo.






Hoje, é dia internacional da amizade. Amizade que só é possível atingir graças à superioridade da mente humana. Nenhum outro ser à face da terra ou nas profundezas do mar, ou a cruzar os nossos Céus possui essa qualidade. O instinto humanissimo de proteção e sobrevivência, leva-nos a estabelecer laços de união entre nós. E a amizade é dos mais nobres sentimentos da nossa condição. Estamos juntos na partilha deste planeta. e  na exploração dos seus bens. O facto de uns terem tanto e outros tão pouco deve-se à preversão, deste principio básico e em ultima analise, a falta de amizade, a um outro nível, ao nível social e comunitário. A hipocrisia das relações internacionais hoje em dia é tal, que meio mundo está em guerra com o outro meio, e sem solução à vista. Razão: A falta de amizade genuína, entre os povos, agravada pela cupidez dos seus representantes. A chamada, "real politic", não passa de um emaranhado de mentiras e rasteiras soêses e grosseiras, a que alguns "servitas" tentam dar algum sentido, guindando-a a ciência, com o nome de relações internacionais. 
Felizmente que a nivel pessoal, mesmo nas condições mais adversas, e se calhar, exactamente por isso, as amizades são frequentes e profundas, parece que quanto maior é a dificuldade, mais expressiva e profícua é a amizade. Todos nós temos amigos e isso enche-nos o coração de calor e felicidade. E é tão fácil, basta que tenhamos um feitio amigável e mais tarde ou mais cedo a amizade acontecerá. E ser amigável o que será? Ser amigável é estar predisposto a aceitar os outros, ser flexivel e autentico Como nós costumamos dizer, saber dar-se!... E felizmente há tanta gente assim. E é tão bom ter amigos, Tão confortante, entre amigos não se torna preciso pedir desculpas, porque sabemos de antemão que estão concedidas, com toda a naturalidade. A amizade entre duas pessoas depende apenas de si. Basta que ambos queiram. É portanto um acto de escolha, de todo o nosso ser, do qual resolvemos ceder um pouco a outro ser nosso semelhante, ou até dissemelhante, do outro sexo, ou diametralmente diferente.
Pela parte que me toca tenho felizmente muito amigos e amigas. Que o são por muitas e variadas razões. Mas todas boas!!!!
Entre eles um conto que, sem desprimor para os outros, do qual refiro, ter feito uma canção com base num poema de Camilo Castelo Branco, no qual o autor, refere o que se faz passar por amizade e não passa de cordialidade e maneirismos.....
è mais ou menos assim:
- Amigos , cento e dez ou talvez mais
tão zelosos das leis da cortesia......
Sopuz que não havia , mais ditoso mortal entre os mortais........
Um dia adoeci profundamente. Ceguei!
Dos cento e dez houve um somente que não desfez os laços........
Que vamos nós, diziam lá fazer. Se ele está cego não nos pode ver........ 
Que cento e nove impávidos marotos.......
Queridas(os) amigas(os), abraços e beijos, ou como diz  o Afonso: Abeijos....

                      António Capucha

             Montijo,20 de Julho de 2012

quinta-feira, 19 de julho de 2012

A Virgem Maria e o José Relvas





Em tempos li uma obra de José Rodrigues Migueis, na qual ele resumia as aparições de Fátima a uma casualidade de uma moçoila em viagem para o Norte com um magnata qualquer, que a poder de ofertas consideraveis, convenceu uma rapariga de cabaré a acompanha-lo ao Porto. Teriam parado ali pela zona da Cova da Iria e enquanto o abastado senhor aguardava ela, a moça, cabriolava nas azinheiras. Como trazia vestido um vestido de serviço, branco com lantejolas, contra o Sol era seguramente uma senhora de branco e brilhante em cima d'ázinheira. O que terá desvanecido as crianças que de tão lorpas que eram, decidiram logo ali, que era nem mais nem menos que a Virgem Maria. A princípio, isto era o que dizia o autor. E acrescento que esta versão da História, arrisca-se a ser mais plausível que a versão oficial que ainda hoje corre e arrasta multidões, desvairadas e transpirando fé por todos os poros. Seguiram-se as alucinações colectivas disfarçadas de milagres, do movimento desordenado do Sol, e outras manifestações desenquadradas do comum. A Igreja instituição mestra deste tipo de ambiguidades, começou por achar que aquilo era herético, mas como sempre acabou por render-se à crendice popular. Isto porque sem povo não há crentes, e aquilo já era um negócio de milhões de crentes. Mas os mistérios da fé são mesmo assim! Quanto mais formidável, inverosímil e fantástica, fôr a "Estórieta", mais as pessoas acreditam. não acreditam? analizem os mistérios da religião Católica Apostólica Romana, e digam-me lá com honestidade se acham aquilo possível. E continuamos a achar que a formatura do José Relvas, não tem qualquer espécie de mistério bastaria para tanto que ele argumentasse que tinha pedido Com imensa fé, um milagre á senhora de Fátima , e prontes!!! Tinha logo a concordância de milhões. E não tem. Este é o país onde o povo acredita mais facilmente nas aparições de Fátima, que na possibilidade dele poder gerir o seu próprio destino colectivo. Desgraça a nossa....  


                            António Capucha

                   Montijo, 19 de Julho de 2012

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Nesta espécie de nave dos loucos, ou ninho de cucos




Nesta espécie de nave dos loucos, ou ninho de cucos, tanto faz, Há coisas de espantar. A nossa pequena comunidade, como já lhe chamei, não tem apenas estropiados, e pessoas que tiveram o azar de ser acometidos de AVC's, e que aqui recuperam as suas funções motoras e de fala, bem como todas as outras. Casos há, que justificam menos esperanças de recuperação, porque são casos de senilidade por vezes avançada e irreversivel. entre esses casos abundam comportamentos bizarros, ou simplesmente invulgares. Por exemplo: Uma senhora de etnia cigana, a pedir e implorar à assistente social que lhe fizesse uma chamada para o marido. Ora sucede que o marido dessa senhora já morreu à bastante tempo e isso já lhe foi bastamente explicado, de forma oficial e informalmente. Mas pura e simplesmente a senhora ainda não o realizou.
Depois há um sem número de gritadores que vociferam as coisas mais espantosas, um que passa uma boa parte dos dias a gritar pelas senhoras auxiliares nestes termos e a plenos pulmões: Minha senhora, Por favor dê-me um bocadinho de Nestum! Qualquer pessoa que passe pela porta do seu quarto desencadeia a ladaínha. Claro que as senhoras não lhe podem dar o nestum que ele tão delicadamente pede, porque o ancião é diabético e não pode comê-lo, nas quantidades pretendidas.
Outro berra como se o estivessem a matar, pela mâe. Dada a idade avançada do senhor, sou levado a crer que ele nem se lembra das feições da mãe, mas aquela ideia da mãe protectora, ter-lhe-há ficado bem gravada na memória. E há o caso que enche a instituição de orgulho de ter entre nós uma senhora de cento e quatro anos. É obra heim!.... E justificado motivo de orgulho e tão invulgar que merece destaque nestas crónicas.
                     António Capucha
          Montijo, 18 de Julho de 2012

terça-feira, 17 de julho de 2012

REFLEXÕES





Embora de circunstância, as palavras que utilizamos para nos cumprimentarmos todas as manhãs, ou seja quando fõr, são música para os nossos ouvidos. Até para mim que sou surdo que nem uma porta,daquelas bem pesadas com gonzos de ferro forjado, rasgo o sorriso e correspondo, ao cumprimento, com o maior dos prazeres. É assim uma espécie de teste à nossa popularidade, e se um tipo não tem nada a esconder prefere ser popular a ser ignorado. Isso é que não. Ignorarem a minha pessoa que é tão importante para mim, è manifesto mau gosto. Para além de ser falta de auto-estima, que amealhámos quando fomos o menino da mamã, e, a tal ponto o fomos que estávamos primeiro que todos, quer para nos darem a têta, quer para mudar a fralda, quer fosse para o que fosse. Só depois de nós, os outros eram atendidos e as suas prioridades mitigadas. Foi aí que avolumámos a auto-estima, que ainda hoje nos marca, tantos anos volvidos sobre estas ocorrências. Donde se pode concluir que a maternidade, sentimento mais poderoso da humanidade, ajuda-nos a integrar na sociedade sem desaparecermos no confronto com os outros. Mas quando é excessiva, é doentia, quando em excesso trás invariavelmente subsequentes super-egos não há paciência para aturar um super-ego, gajos execráveis, que longe de facilmente se integrarem na sociedade, tendem a dominar os outros por quem nutrem um desprezo de superioridade. A História está cheia de interpretes desses que só fizeram merda.e os seus feitos longe de nos fascinarem, ensinam-nos que há que limar as unhas a esses pardais ou havemos de pagar caro a nossa inoperância. 
Para o bem, ou para o mal, aqui deixo declarado que felizmente para mim e dos que tenho como iguais, Fui desmamado bem cedo. Com um ano e meio nasceu a minha irmã mais nova, que polarizou logo as atenções da minha mâe, e, atirou comigo para os porcos.... Faz-te à vida labrego..... 

segunda-feira, 16 de julho de 2012

De Fausto a Amália




O barco vai de saída, adeus ó cais d'Alfama.....  Cantava o Fausto  no rádio do carro quando saímos numa manhã fresca e solarenga, de Vila Franca e à medida que nos aproximava-mos do Montijo a temperatura ia subindo. E quando abri a porta do carro e saí para a rua, perece que tinha levado um murro no peito, um calor de abrasar, em cima da frescura condicionada da viatura, teve o efeito de um coice de mula. bom , nunca levei um coice de mula, mas sou bom a imaginar coisas que nunca me aconteceram, e esta é uma delas. como já me aconteceram coisas em quantidade apreciável, que não acontecem á maioria das pessoas, acha que tenho o direito de imaginar uma ou outra pequena coisa. Portanto fiquemo-nos pelo coice de mula.Primeiro porque não é assim tão abstruso saber o que é. E depois porque é uma imagem linda, forte, que fica bem a qualquer fabiano.acho que as portas do Céu, não se abrem para quem não saiba o que é um coice de mula! E eu, aspiro a cruza-las, mais, acho que serei dos poucos heréjes A ter esse privilégio. Verdade, não conheço ninguém, ateu, agnóstico, ou mesmo herético militante que o possa afirmar, com a segurança e atrevimento com que o faço. Sou efectivamente um homem de fés,  no sentido o mais lacto possível. Os cristãos só têm que ter fé na trindade divina em que acreditam. Ao passo que eu, para lá da fé na trindade que não tenho, nutro uma fé inabalável na natureza, e na sua matemática exactissima, bem como na minha força interior e nos meus quereres legítimos, normais. Juntemos-lhe o enorme amor à vida e todas as suas manifestações. E esse simples facto,só por si, leva-me a uma activa convivência com os meus iguais, o que é um preceito, requisito se quiserem, para se entrar no Céu, dizem os gajos que mandam nisso.  Aqueles que se vestem como a Amália, para cantar o fado. Só que a Amália canta bem e estes melros não cantam nada.Mas grasnam alto. Ou serão corvos?


                                         António Capucha


                                Montijo,16 de Julho de 2012



sábado, 14 de julho de 2012

Senhora



Porque será que a senhora tem um ar tão triste? Pois não sei.... Nem me deito a adivinhar certo de que apenas poderei cometer erro grosseiro. Tem aquela aura misteriosa, a sua expressão arremeda um ar sereno mas deixa escapar um pequeno nada de intranquilidade. Escudada numa inabalável carapaça de coveniência. Senhoras há que têm um pouco disto ou daquilo recalcado, reprimido, aliás não são apenas as senhoras, somos todos um pouco assim. Só me aguça a vontade de saber mais sobre isso. esses tipos de bloqueios roubam-nos a hipótese de viver a vida dentro da plenitude possível. E eu tenho de fazer esforços desmedidos para não me intrometer, porque não quero pisar o risco das regras sociais aceites como boas. Mas neste caso, apetecia-me segurá-la pelos braços , sacudi-la suavemente, e dizer-lhe ao ouvido: Minha querida, desculpe mas não pude deixar de reparar, na sua expressão tão amarga. porquê, ,minha querida senhora, tem um sorriso tão bonito e fácil. O mundo agradecia.... E eu, particularmente, ficaria muito feliz com isso. Lamento mas agora é a minha vez de configurar um tabu, vou guardar para mim o nome da senhora, compreenderão não seria elegante nem necessário  E ia por certo criar embaraços à senhora , e isso é a última coisa que quero.


                           António Capucha


           Vila Franca de Xira, 14 de Julho de 2012

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Os Bifes.





Acordar numa manhã como esta de hoje é um raro privilégio, se fosse inglês diria manhã gloriosa. E se eles, os bifes, as tivessem na mesma proporção que nós as temos, ainda seriam mais petulantes e convencidos do que são. Sempre o foram que o digam os militares romanos do Imperador Claudio, que os romanizou mas não a todos, Os do norte intratáveis para lá ficaram separados dos outros por um muro, melhor dizendo uma construção militar,destinada a impedir que se dessem qualquer permutas entre os barbaros do Norte e os já submetidos do Sul. O que não se sabe muito bem, é como foi que os do Sul se tornaram tão petulantes e ainda hoje tratam os do Norte, actual Escócia, e a Irlanda, que nem sequer foi invadida, como inferiores, quando foram precisamente eles que resistiram ao invasor. O que é certo é que, estes Estados se reenvidicam como herdeiros puros da grande Nação e cultura Celta. sobre a qual sabemos tão pouco porque a romanização foi avassaladora e apagou todos os vestígios de culturas dos povos submetidos, portamto renovo a pergunta, em quê se baseiam os bifes, para serem tão enfatuados e orgulhosos e mais, onde foram buscar as ganas para tratar os outros como inferiores?  Provavelmente estarão orgulhosos de sustentarem uma família real a pão-de-ló.Em pleno Século vinte e um, a veneração quase medieval  que os ingleses sentem pela sua momárquia é algo que não sou capaz de entender num povo tão peneirento. Bem dizem os anarcas: Cuidado, o medo de seres livre pode provocar o orgulho de seres escravo!!!!

quinta-feira, 12 de julho de 2012

O avô Zé Vaz





Igreja Matriz de Tinalhas



O meu avô materno, que como já vos disse outras ocasiões, foi um figurão e tudo, era um bem sucedido  empresário rural, na distante, no tempo e no espaço, Tinalhas.
Gozava de muito prestígio lá na terra, era tido como honrado e probo para além de herói nacional por ter combatido em La Lis durante a primeira guerra mundial. Era muitas vezes ele que era mordomo das festas lá d’aldeia e era também ele que dava o madeiro para arder no Natal frente à igreja matriz. No seio da família era o Patriarca sereno e indiscutível .As suas rotinas eram bem vincadas repartiam-se entre as suas duas funções. A de proprietário era sair todas as manhãs para a ronda das propriedades, e a de Patriarca era voltar para o almoço  ,para a sopa a ferver, deitar –lhe um copo de vinho tinto para a temperar, e com a sua presença impor disciplina aos netos. Pelo menos era assim que eu via as coisas, de mistura com outras coisas como por exemplo a qualidade da fruta e de um modo geral do que saía dos meandros da cozinha, onde moçoilas de braços nus batiam vigorosamente a massa do pão, que ficava a levedar  um dia com uma cruz desenhada à mão sobre a massa  Estes pequenos grandes detalhes marcavam a religiosidade que norteava não só a casa do Patriarca como toda a aldeia. Mas nós estávamos dispensados desses quid pro quos. Podíamos ser maraus á vontadinha. E era-mos…..
Para desgraça minha não fui garoto toda a vida e um belo dia quando estava na tropa encontrei um moço lá da aldeia e claro pegámo-nos de conversa. Que foi parar sem que nos tenhamos dado conta ao meu avô. Disse-me então o rapaz, que o meu avô tinha fama entre os habitantes da aldeia de ser mulherengo, daqueles praticantes e tudo. Ora sobre tal assunto havia um silêncio tumular em família, nem era tabu , pura e simplesmente não existia. Fiquei bastante surpreendido, mas depois pensei: - Que raio de vantagem podia ter o moço em vir-me agora a inventar uma “estória” dessas. Só podia ser verdade!!!! Também não era nada do outro mundo.. O que mais p’raí há são casos desses….  Ora o santarrão do meu avô tinha uma doença de que eu numca ouvira falar, era a mesma que atormentava Sua Santidade o Papa, que na altura era um tal Pio XII, que  de pio só tinha a alcunha… e que achaque era esse: a A doença dos soluços. Se o papa a tinha o patriarca só podia tê-la também. Nesta altura é preciso lembrar que ele tinha três grandes propriedades, a saber: O Vale Covino, a Mingrocha e a Tapada Nova, que ficava longe já nas faldas da serra da Gardunha onde havia lobos e tudo.
O Vale Covino tinha uma vinha de uvas doces como o mel, com as  quais o avô Zé Vaz fazia um vinho branco que todos os anos ganhava o prémio do concurso de vinhos de Castelo Branco, A generosa Mingrocha ficava um pouco mais longe, e dava-nos a sua água fresquíssima e boa e a sua fruta docíssima. Quanto à Tapada Nova era a aquisição mais recente, a maior de todas e tinha um caseiro cuja mulher dava alegadamente umas baldas ao Zé Vaz, Que isto dizia era o filho da criatura que a troco de uns pirolitos na tasca da aldeia explicava aos presentes, mImando grotescamente como era o Sr. Zé Vaz a brincar com a mãe dele.
Dos anais que relatam a morte do meu avô, consta que: tinha sido acometido por um ataque de soluços quando estava na Tapada Nova, que ainda montou a égua e voltou para casa onde veio a falecer. Eu já ouvi chamar-lhe muitas coisas, mas confesso que: Ataque de soluços è a primeira vez que ouço….
Não quero de modo algum manchar o nome do meu avô materno, e de forma alguma me atrevo a julga-lo caso estas conclusões sejam verdadeiras.Também não lhe dou importância em demasia. Verdade vardadinha é que o avô Zé Vaz era um homem bom, que merece todo o meu respeito e sob a sua memória me curvo. Solenemente e com amor…..
Só que era um tema demasiado bom para trazer aqui ao blogue.
 E pronto cá está ele.

               António Capucha


    Montijo, 12 de Julho de 2012

quarta-feira, 11 de julho de 2012

O Neribi das cavernas






Há uns tempos vi na TV um filme que era claramente uma produção de segunda linha,Uma zurrapa completa na qual um grupo de espeleologistas se perderam numa gruta com um curso de água subterrãneo labiríntico que lhes armou tamanhas armadilhas que eles foram morrendo uns após outros, até ficarem apenas pai e filho. O progenitor em desespero de causa sacrifica a própria vida, para dar uma oportunidade ao filho com o qual vinha a arrastar uma desavença típica de conflito geracional. Aquela coisa deixou-me impressionado dado o cenário da desgraça que uma coisa tão bela pode conter. De modo que resolvi criar a minha própria "estória" de cavernas.
Um grupo de "manueis" , rapazes e mocinhas estavam a passar una dias na serra D'Aire. e, num passeio numa bela tarde de Agosto pela serra descobriram uma das entradas para as famosas grutas de Mira D'Aire. Como um deles tinha umas velas, resolveram as criaturas, que iriam explorar-la. Seria uma aventura e tanto. digna de ser protagonizada pelos famosos "cinco", só que eles em vez do "tim", tinham o "neribi", que também era um cão, mas muito especial. Trouxeram-no da casa da irmã mais velha de um deles, e o desgraçado, revelou-se melhor que a conta. Mal montaram as tendas, ele enfiou-se dentro de uma delas e pôs-se logo à porta a guardar a entrada. rosnando a tudo e todos os que se aproximassem. Atraíram-no cá fora com uma perna de frango e ele caiu nessa. enfiaram-se  todos rapidamente dentro da tenda e ele por último entrou e enroscou-se aos pés de um deles que ficou toda a noite sem se poder mexer porque o cão malvado mordia-o todo de cada vez que ele se mexia. Um guarda e tanto, não é verdade? Quanto á exploração da gruta,aconteceu que a tremeluzência da luz das velas, fazia dançar as sombras engrossando o ar fantasmagórico de tudo aquilo, E logo ali resolveram que se calhar aquilo não passava de uma gruta igual a tantas outras e que não valia a pena explorar. Boa desculpa ....  Cobardolas......


                               António Capucha


                      Montijo,10 de Julho de 2012

terça-feira, 10 de julho de 2012

Zefa,Perdão, D. Zefa




A Zefa, perdão, a D.Zefa, era uma senhorita toda alinhada, com o penteado sempre à esquadria como se fosse uma barbie envelhecida. levava a sua vida como se tratasse de um plano de austeridade. Não sabia nem queria saber o que era a felicidade. Todo o tempo era pouco para cuidar do que ela achava ser a sua melhor aparência. Com que fim não sei, e duvido que ela o saiba. Os dias passavam iguais e cinzentos, fosse Inverno, ou estivesse um Sol magnifico. a sombra era o seu meio, não fosse o Sol estragar-lhe\ a sua patine pálida reforçada com um manto espesso de pó de arroz. Levantava-se às oito horas em ponto, fosse que dia fosse, e em que circunstãncia fosse, ainda na cama tomava um chá, que achava que lhe fazia bem a não sei quê, e levantava-se de um salto para a sua higiene diária, posto o que, levantava uma nuvem de pó d'arroz e base antes de se dar por concluída a maqilhagem. Então com aquele seu ar de boneca chinesa com o seu andar confiante e muito direita, fazia o seu passeio pelo parque, cozendo-se com a sombra das árvores nâo viesse um raio de Sol ou um golpe de vento, comprometer-lhe a esquadia do penteado, lá ia com a invariável sombrinha,o chapéu de aba larga e o vestido a roçar levemente o chão.e o sussurro do saiote, com armação de metal a fazer as anquinhas, que igualmente roçava no em pedrado.
Mas um belo dia, Há sempre um belo dia nestas coisas das "estórias", Acordou e, eram oito e meia. Que despautério! já não teria tempo para os seus afazeres. Ou estaria morta? Nunca mais atinou... Esta ultima hipotese perseguiu-a o resto do dia  da semana, do mês e dos anos até hoje. Pobre D. Zefa,, também não era preciso tanto. Um ralhete e tal chegaria , digo eu! Hoje vi-a passar no seu passeio matinal, lá ía ela no seu porte altivo, parecia uma vestal de um qualquer rito pagão, que celebrasse a beleza. 


                         António Capucha

                 Montijo, 9 de julho de 2012

segunda-feira, 9 de julho de 2012

O Sr. Abílio





Hoje almocei com a minha médica de família, foi um bocado bem passado, no restaurante do qual ela é proprietároa, pagou ela. queria-me ver antes de ir de férias, e foi esse o mote do encontromas rapidamente a conversa descambou para os achaques. E precisamente o marido dela, o Sr. Abílio uma personagem e tanto, tinha feito recentemente, uma descolagem da retina. coisa sem graça, mas para ele isso são trocos, Este ser quando era novo era amante das corridas de mota, melhor, motorizadas,que ele próprio construia uma delas por razões de peso da máquina, tinha como depósito de gasolina uma garrafa de litro emeio de água. Artista como se deixa ver! vezes sem conta foi para o hospital feito num molho de bróculos. Mas a paixão pela velocidade era mais forte que a razão. E lá voltava ele àlinha de partidaera só o tempo de arranjar a moto.
Ainda hoje, é uma pessoa jovial, sempre bem disposto e amigável, positivo! Diria!
Áh é verdade, a Dr.ª gostou de me ver assim tão desempenado.....  Foi um belo almoço.


     António Capucha


Montijo, 9 de julho de 2012

domingo, 8 de julho de 2012

peneiras e responsabilidade!


Começo a sentir que a responsabilidade para com o blogue aumenta. Doze mil e tal visitas e doze seguidores, é sinal inequívoco de que o que escrevo no blogue, agrada a muita gente, começa a ser uma coisa que deixou de ser para mim apenas um prazer puro e simples, começo a sentir, como disse a responsabilidade a vários níveis. Ter primeiro o cuidado de o manter actualizado, depois cuidado com aquilo que faço, quer na forma quer no conteúdo, e por último, não facilitar, não fazer cedências de qualidade: E isso levanos a outra questão: a dúvida eterna e constante, será que o que faço tem qualidade literária.,Não vou cair na tentação da falsa modéstia, É óbvio que tenho peneiras de autor. Mas os juizes são quem nos lê. E é a qualidade de quem nos lê, que define se se tem ou não algum talento. Também sou leitor, e é pensando nesse facto que afirmei, o que afirmei. não se trata apenas de gostar ou não gostar. Uma qualquer obra pequena ou grande, consegue ou não inteligibilidade entre autor e leitor. E aí sim, joga-se tudo o que há que jogar nestas coisas. O resto é prosápia.


                       António Capucha


                Peniche, 8 de Julho de 2012

sábado, 7 de julho de 2012

Ai flores.....






Tarde cheia de Sol, as flores elevam o seu sorriso colorido gritando a sua beleza aos quatro ventos. Não está cá a D. Lénia para me dizer o nome delas, mas eu conheço-as de vista, e isso me basta. Ouço-lhes o canto das cores que elas de pescoço esticado lançam para o ar, impregnado do seu perfume delicado e doce. Não lhes disputo o direito a terem nascido assim selvaticamente, às ordens dos ciclos da natureza, antes espero por este momento em que o jardim explode em mil e uma cores e odores. Pois seja como elas querem. É um direito seu, o serem belas ;  cheirosas e coloridas é acessório. Já me dou por satisfeito que elas se deixem mirar. Sempre que posso dou uma volta pelo jardim a meter o nariz nas flores como se fosse uma abelha. É Verão. Que hei-de eu fazer?


                        António Capucha

                Peniche, 7 de Julho de 2012 

ESTAR EM PENICHE, É!







Estou em Peniche, situação mágica. Tenho esta fixação assim como poderia ter outras, mas esta é benigna. Isso é ponto assente. Mas que querem, já fiz um bocadinho à porta de casa,a sentir o pulsar do jardim, que agora,nesta altura do ano está frondoso, todo florido. Estive também a medir os passos que me separam do peixe grelhado, que conto fazer amanhã. Um belo robalo para a D. Maria e uma carapauzada assada para mim. Aqui são possíveis momentos assentes em quase nada, em vulgaridades, mas que trazem de imediato felicidade, Tão simples e ingénuo como isto! Sem mistérios. Simplesmente porque aqui tenho fácil acesso a coisas que me são difíceis noutro qualquer lugar.
Por outro lado, estar aqui também significa estar de folga , sem obrigações e isso só por si já é algo extremamente valioso, capaz de estabelecer a diferença positiva com qualquer outra situação.
Não preciso pôr mais na carta, não é verdade ficou tudo bem claro. Já aqui falei da minha paixão por esta terra, acho no entanto que pela primeira vez esclareço os porquês, mais comezinhos e mais terra a terra. Isto porque falar da beleza da costa é um exercício mais puxado.  Aliás sabe sempre a prato requentado.
                 António Capucha
          Peniche, 7 de Julho de 2012 

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Cabeça vazia.






Como sempre enfrento a eterna luta de me sentar em frente a um monitor em branco cujo urge encher, se possivel, com caracteres, que em sequência formem palavras com um sentido, se possivel em jeito de peroração. Todos nós, acho eu, achamos que a nossa vida daria um romance, é uma presunção que faz parte da nossa vida, não é realmente fácil dar-lhe forma. Assim como não é fácil criar um texto seja qual for, sem que achemos em nós raizes para tal. Isto é: temos que ter experiências vividas para podermos descrever uma qualquer ficção. Por isso os grandes escritores são seres superiores e de dimensão intelectual fora do comum. Mas isso  desta angustia do vazio de ideias é termenda e não posso passar o tempo a contar-vos "estórias" dos meus achaques. Não é bonito! É antes altamente limitativo. Também é verdade que esta nova situação, me trouxe uma enorme quantidade de novas vivências e novas abordagens para os mesmos assuntos Mas ainda me falta martelar as teclas e dar algum sentido a todo o arrazoado que resulta.
Seja lá por, e como fôr, é angustiante. Isto porque imponho a mim próprio esgalhar um texto por dia sempre que me fôr possivel o acesso a um computador com NET.
Tenho, por hoje dito....


            António Capucha


   Montijo, 5 de julho de 2012    

quarta-feira, 4 de julho de 2012

pedinte





Depois de amanhã,vou submeter-me à apreciação de uma junta médica que em princípio irá determinar-me um certo grau de invalidez. Ora eles são funcionários públicos, empregados do governo, e não me espanta que para poupar dinheiro ao Estado, ainda me venham a penalizar por não ter desenvolvido asas.
Se fosse patriota era o que faria. Bem como teria no passado cortar-me de excessos de petiscos e ,haviamos poupado ao Estado uma colonostomia. Agora é a hora de ser julgado por todos estes pecadilhos, que todos juntos ainda perfazem um pecado capital pelo qual há que pagar. E cá neste mundo que no ouro não há finanças, ao que consta!
Mas não hão-de surpreender-me. estou avisado e exporei o meu ar mais pingão ás doutas criaturas. Bom, numa apreciação global e sem forçar,já sou capaz de desencadear piadadfes tais, que um belo dia à porta de um super mercado em Peniche, fiquei á porta porque a entrada tinha um degrau alto de mais para a minha mulher vencer comigo o declive, e a verdade é que o meu aparato á porta desencadeou em várias velhotas impulsos caritativos. Bem argumentei que não estava ali para isso mas o que é certo é que a cena repetiu-se por mais que uma vez. Ora como as pessoas não ficaram assim boas de repente, hei-de ter sido eu que inspiro semelhantes acções. Então devo ter mesmo um ar pingão!
Imaginam o que eu e a minha mulher nos rimos com o sucedido. Mas pensando maduramente no assunto, é mais uma experiência nova e insubstituível, do que tenho aprendido neste meu recente estado. É uma nova e desconhecida dimensão da natureza humana. Podem crer....


                         António Capucha


                 Montijo,4 de julho de 2012

terça-feira, 3 de julho de 2012

Moto-Continuo





Andaram e andam os físicos em busca do moto-contínuo e sem qualquer esforço tropeço nele. Está aqui bem á vista de todos, moto-contínuo, é tentar andar com canadianas ao pulinho, ao pulinho, como o sassim perêre, do sítio do pica-pau amarelo. Tal é a oscilação do corpo.Que se não fosse a Catarina equilibrar-me pelos coeiros, ia com a proa à muralha. Mas isso não me desanima,hei-de andar de canadianas como se andasse de lambreta. É uma questão de tempo. Não deixo que se pense o contrário. Para mim isso é matéria proíbida , não por presunção, mas por uma questão de psique, para não esmorecer. E os estimados leitores sabem que um homem esmorecido, é pior que um policia bêbado. E há muito pouca coisa pior que um policia bêbado. Só talvez, o meu colega de quarto,esse bate por larga margem uma esquadra inteira de policias bêbados. para mal dos meus pecados tocou-me em sorte um idiota, daqueles épicos como poucos, e estúpido como não conheço mais ninguém.
Aliás não fora isso e isto seria o sétimo Céu. Faz parte do tempero normal destas coisas, e, pensemos o seguinte: se não fosse a mim ia atasanar a mona a outro qualquer desgraçado que talvez tivesse menos elasticidade que eu. E sabe-se lá o que isso daria.


            António Capucha


   Montijo,3 de julho de 2012

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Colete Encarnado




Passado que está o S. Pedro, manda a tradição em Vila Franca de Xira que tem quase um Século, que as festas herdeiras do velhos ritos pagãosde celebração de fertilidade e das colheitas e, dizem as más línguas, que para adormecer o proletariado rural,local e os enormes ranchos de imigrantes, desde os ratinhos beirões a gente de todo o lado que vinha para as colheitas da Lezíria grande do Tejo, ao largo de VilaFranca. Que nessa ocasião: o princípio do Século passado, andava muito desinquieto e reenvindicativo, fruto das movimentações dos anarco-sindicalistas e das  tentativas de implantação da República. Face a tudo isto, que já não era pouco, os senhores da terra inventaram o Celete Encarnado para distrair a populaça e encher as panças do povo de vinho e sardinhas.
O que é certo é que Hoje todos, senhores e povo, se entregam á devassa e bebedeira normalizada e a cidade já está engalanada. É o único dia do ano em que o bafo avinhado dos homens é tolerado pelas esposas, e mães,  que constituem o coro  de gritinhos nas esperas e largadas de toiros, também é uma tradição!
Tem sempre lugar no primeiro fim-de-semana de julho  efoi a primeira festa do estilo na região. Hoje é partilhada por todas as terras rurais da região. Mas o Colete Encarnado foi o esteiro para as outras festas similares. Acresce que, a ambência taurina do fenómeno, lá na terra não é um fenómeno de direita conservadora ou revanchista. É um fenomeno eminentemente popular que é talvez o ex-libiris da terra e o maior motivo de orgulho das populações. Um dado cultural incontornável. Por mais que a terra cresça, e cresceu muito,e a sua população se diversifique, esta realidae não se altera, tal a força con que está entranhada.
Colete Encarnado, festa do povo.



                   António Capucha

          Montijo,02 de julho de 2012