O barco vai de saída, adeus ó cais d'Alfama..... Cantava o Fausto no rádio do carro quando saímos numa manhã fresca e solarenga, de Vila Franca e à medida que nos aproximava-mos do Montijo a temperatura ia subindo. E quando abri a porta do carro e saí para a rua, perece que tinha levado um murro no peito, um calor de abrasar, em cima da frescura condicionada da viatura, teve o efeito de um coice de mula. bom , nunca levei um coice de mula, mas sou bom a imaginar coisas que nunca me aconteceram, e esta é uma delas. como já me aconteceram coisas em quantidade apreciável, que não acontecem á maioria das pessoas, acha que tenho o direito de imaginar uma ou outra pequena coisa. Portanto fiquemo-nos pelo coice de mula.Primeiro porque não é assim tão abstruso saber o que é. E depois porque é uma imagem linda, forte, que fica bem a qualquer fabiano.acho que as portas do Céu, não se abrem para quem não saiba o que é um coice de mula! E eu, aspiro a cruza-las, mais, acho que serei dos poucos heréjes A ter esse privilégio. Verdade, não conheço ninguém, ateu, agnóstico, ou mesmo herético militante que o possa afirmar, com a segurança e atrevimento com que o faço. Sou efectivamente um homem de fés, no sentido o mais lacto possível. Os cristãos só têm que ter fé na trindade divina em que acreditam. Ao passo que eu, para lá da fé na trindade que não tenho, nutro uma fé inabalável na natureza, e na sua matemática exactissima, bem como na minha força interior e nos meus quereres legítimos, normais. Juntemos-lhe o enorme amor à vida e todas as suas manifestações. E esse simples facto,só por si, leva-me a uma activa convivência com os meus iguais, o que é um preceito, requisito se quiserem, para se entrar no Céu, dizem os gajos que mandam nisso. Aqueles que se vestem como a Amália, para cantar o fado. Só que a Amália canta bem e estes melros não cantam nada.Mas grasnam alto. Ou serão corvos?
António Capucha
Montijo,16 de Julho de 2012
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