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quinta-feira, 31 de março de 2011

Dúvida plausível

Tempo de solidão e de incerteza
Mário Henrique Leiria

Eu faço tudo para animar o blogue… Por exemplo:
Há poucos dias cedi a incorporar publicidade…. A Google, que é quem me facultou ter um blogue propôs-me isso, não sei se desde o princípio, pois na altura havia muita coisa das quais eu nem dava conta… Seja como for, agora está lá, e a escolha do anunciante é da responsabilidade da Google, dizem que em função da temática do Blogue… A mecânica é: Sempre que alguém clicar na publicidade, esse acto é contabilizado e convertido em €uros que me serão pagos. Presumo que seja uma fortuna que ali tenho ao dispor! Por outro lado gostaria de saber se aquilo a que faço publicidade é honestamente executado…. Se derem por alguma fraude ou parte menos clara digam-me, que eu suspenderei imediatamente a coisa. Agora se for tudo absolutamente normal e sem gafes, não vejo que daí possa vir algum mal ao Mundo… E se der uns cobres…. Melhor para mim….
O “Coisas” que conheço da insistência com que bate à porta da caixa do Correio electrónico. Sempre tem mais a ver com a temática que por exemplo, vinho de Missa ou hóstias. Aliás se alguém me perguntar acerca do seu tema, eu incorporarei a malta à rasca, que é o que eu ficarei por frustrar a resposta. Sobra-me é a vaga suspeita de que a Google não me passa grande bilhete, face à pouca popularidade das minhas coisas ”postadas”, parece-me que vou ter que aprender a viver com isso.
Se eu fosse um Jornalista daqueles de fazer empalidecer a memória de Fernão Lopes, funcionário dum qualquer lóbie inconfessável…. Ou comentador da TV especializado em mercados e que são: Tu cá, tu lá bardamerda, com os Primeios Ministros, prontos ou não a comer…. (cumprimentos ao Passos Coelho – tenho a impressão que já foste – Hó senhor Aníbal…. Vá lá então mais um, para pendurar na parede….)
Ou uma meretriz ao estilo do outro a quem “finaram” em Nova Yorque. Ou ainda uma Bem pensante de pernas altas e púbis rapada, e testa alta, com ideias sempre prontas a saltar à corda, e mil e uma receitas na tola de coisas muito chiques e light’s…. Que adora sobretudo o Teatro, mas que só faz telenovela-óh-ela…. E que, desde as palavras, domadas, sisudas, aos doces sem açúcar de plástico….. À rasca!!!! Vai a todas!!!
Enfim se assim fora Se por ventura como eles fôra….. A Google teria talvez outra ideia mais composta….
Mas deixá-lo…. Antes assim que outra coisa que aqui não digo…. Que isto é um blogue de respeito!!!!
Que orgulho a minha querida mãezinha não teria em mim, agora que tenho tento na língua e tudo.
                      
                         António Capucha

          Vila Franca de Xira, Março de 2011




terça-feira, 29 de março de 2011

Queridos amigos.

Peroração de Santo António aos peixes

Meus amigos… Não queiram saber o quão solitário é o acto de esgalhar textos, ainda que despretensiosos como estes meus…. Como este que ensaia os primeiros passos ainda a medo, não vá espalhar-se, e tal como o Paulo Futre, entrar numa cabine telefónica, fintar cinco ou seis adversários, mas depois não encontrar a saída…. Ou seja: fazer uma flor ou outra, mas depois vai-se a ver, e aquilo espremido verte pouco ou nada. É que já de há muito tempo para cá, esta coisa de escrever, cada vez mais, menos tem a ver com habilidade, a verborreia, o floreado. E acreditem se quiserem, mas aliás acho que transparece, que não é nada disso que eu quero fazer. É, e julgo que até certo ponto o tenho conseguido. Mas estou a ser juiz em causa própria…. Ou, sou um figurão, uma personagem anacrónica que não realiza plenamente o que são estes novos meios de comunicação…. Que só na aparência tem a vocação que deles espero....
Por aquilo que tenho visto, os Blogues são clubes de “amigos” – as aspas são propositadas – correligionários disto e daquilo, frequentadores dos mesmos bares, como se de tertúlias se tratassem, e se um Fabiano se mete a comentar de forma não “regimental”, os dizeres destes…. A coisa empina!!! De tal maneira que até os “fregueses” rosnam como sabujos de guerra, às canelas de quem se atrever a desconversar. Os conteúdos, esses são vulgares e decalcados do que já se disse em colunas de opinião, da nossa inspirada imprensa…
Outros há, refiro-me a blogues, que são alimentados por amadores –amantes - disto e daquilo e quase sempre de muita qualidade. Muito bem cuidados e as quais recorro sem problemas sempre que preciso de apurar um qualquer pormenor. Outros, a quem deixo aqui a minha vénia, abastecidos por gente da pesada, professores de literatura, português etc…. E também os há de tias e tios perdidos de bem…. ‘Tá “aver”, muito conhecidas lá em casa, mas que se há-de fazer, de tão narcísicos, nem enxergam a sua pequenez e trivialidade…. São estes, grosso modo, os estilos amigos do ambiente cibernautico e promovidos pelos seus agentes: Os  browsers, que é quem tem a faca e o queijo na mão.
Mas toda esta gente tem público e “feed back” garantido, uns por serem de um grupo de opinião vasto, outros porque são incontornáveis “opinion maker’s” e outros ainda porque sim… ( há tempos dou de caras com um blogue à beira do milhão de entradas. É de uma escritora “very Laigt”- de lantejolas - e de méritos mais que duvidosos…
Sim… talvez seja ciúme… Ou falta de humildade ou ambas as coisas…..  A verdade é que um  "matumbo" como eu, com a mania de se servir de um blogue para montra da sua pretensa  veia literária, não tem cabimento. Não é com facilidade que ultrapasso isso e continuo nesta minha saga…. Muita disciplina e a noção, o mais confrontada e ajustada possível, com os meus valores e apurando o sentido de ridídulo… Mas lá está: Minha comigo…. Inferir isto ou aquilo usando o senso comum, toma direcções diferentes, por vezes até antagónicas, e um homem fica dividido e sem saber o que fazer à vida. Se por um lado o meu querido amigo Afonso Dias, se afadiga em convencer-me a editar em livro, estas ou outras coisas. Por outro, com a desculpa de que  é seu "tímbre", publicar coisas mais pequenas, um blogue de referência penichense,  com o qual fiz uma parceria, despacha-me com uma referência – um “post”- charmoso mas sem continuidade, ao passo que eu mantive por muito tempo a referência a ele, e publiquei coisas deles com a devida vénia.
Que pensar então?
Acreditem que não é por precisar que me alimentem o ego e vaidade, mas se por acaso gostam do que escrevo, digam-mo… Acho que um pouco de auto-estima , não será excessivo. 
Nesta curva da vida do Blogue, estou a precisar que me digam o que pensam dele.
E o espalhem pelos vossos contactos. E preciso movimento.... Dá para entender que os blogues vivem disso e não de outra coisa Sr Soisa....
O outro,  precisava de merda, e não precisava de outra coisa! Sr. Soisa…
E eu preciso de carinho, meus amigos e não preciso de outra coisa…

                       António Capucha

        Vila Franca de Xira, Março de 2011

sábado, 26 de março de 2011

O SONO NÃO É A ANTE-CÂMARA DA MORTE!

Bombeiros Voluntários de Ponta Delgada

Acordou e ainda estremunhado vai a pouco e pouco tomando consciência de si. Identificado que foi, passou à segunda fase: As memórias mais recentes… Terá sido um terramoto, e dos bravos… Tudo abanava furiosamente. Amparou-se e amparou a mesa do computador onde estava a trabalhar, mas as rodas não ajudaram nada. E aquele barulho, misto de motor a gasóleo duma moto bomba e ranger de dentes, alto, forte, em sensurround. Todo o seu corpo vibrava, como as paredes, portas e a tralha toda a desabar. Não sabe ao fim de quanto tempo se sentiu cair à cambalhota com as traquitanas todas, o chão e tudo, como que apanhado num vórtice. Depois não se lembra de mais nada…. Mais tarde acorda e apercebe-se de que não se pode mexer. Na total escuridão sentiu-se encasulado entre cacos…. Sentiu a cara suja de arenito e poeira e tentou limpar-se mas os braços não mexeram mais que isto… ficando-lhe apenas a solução de soprar tentando com o lábio inferior dirigi-lo para a cara…. E aquela coceira…. Realizou a sua situação que várias vezes tinha imaginado ter sido a de outros que ele sabia pelas reportagens da TV. Assim estiveram no seu tumulo de entulho, o mais das vezes. Agora chegara a vez dele….. Que situação…. Talvez se gritasse, quem sabe… Sem saber quanto tempo esteve inconsciente, se calhar já andam aí à procura de gente viva por entre os destroços, com aqueles cães maravilhosos…. Se escapar desta arranjo um cão….  E bem grande, para que bem se veja. Com aqueles olhos redondos e doces, sempre a mendigar uma atençãozinha do dono, Aquela comichão que não pára. Agora deu em dormência. Não sentia o corpo… Nem frio nem calor…. Será isto a morte?
Depois, digo eu que o sei, caiu de novo num estado de letargia, dormiu por sei lá quanto tempo e ele ainda menos o sabe….. Quando despertou, também sem referência temporal que se veja, sentiu sede e o estômago ondulava como uma lesma do mar, e fazia uns “borburejantes” ruídos, como o murmúrio de um regato a serpentear numa floresta de coníferas verdes e altas como torres … Este quadro entreteve-o por breves instantes. Não tardou a que a sua desdita gritasse mais alto que as coníferas….. Começou a sentir dores por todo o lado, até os cabelos a crescer produziam dor. Respirava, percebeu-o por fim, inspirando pequenas quantidades de ar, e a um ritmo muito mais intenso que o normal,,,, respirou fundo mas ficou-se pela tentativa, o peito não podia mexer-se mais que aquilo que tinha mexido até então….. Oprimido por qualquer coisa que também o obrigava a ter a cabeça de lado sem a poder rodar…. Mas podia gritar por socorro…. E fê-lo a custo e teve que respirar à cão durante imenso tempo para ganhar ganas para gritar outra vez…
Quanto tempo terá passado? A imponderabilidade do escuro deixa-o sem referências… Enterrado vivo há, não sabe que tempos….. Demasiados…. Decididamente demasiados!
Volta a pensar nas coníferas a ondularem ao vento, Criptomérias, suponho…. E não supôs mais, volto a dizer eu que o sei: Adormeceu de novo.  Ao fim de muito tempo, despertou na cama de rede do quintal com o vento do lado do mar a tonificar-lhe a tez…. Estaria a sonhar ou ouvia um cão a ladra, não…. Mais a latir, a suplicar que lhe dessem atenção. Dizia lá no seu “ladroês”: ‘Tá aqui um….. Depressa…. ‘Tá aqui um….. O homem começou por ouvir o cão mas agora distinguia “vozerio” de homens a que veio juntar-se um raio de luz que até lhe feriu os olhos. Num ápice, ouviu uma voz mais perto que num sotaque micaelense Diz: Áh “amêgo”, é só um becadênho qu’a gente já o têra daê!!!!! Nem conseguia pensar…. Acho que um sorriso tomou conta dele  e passou-lhe tudo num repente. Sentiu que se erguia qualquer coisa de cima de si . Ficou solto....Então pode ver o homem que falou com ele. Um armário de cozinha bem aviado,  tudo p'ra mais, nada p'ra menos, vestido de Bombeiro. Este pegou-o ao colo. Apesar da euforia de se sentir salvo, aqueles movimentos  acordaram-lhe dores tão fortes, que desmaiou de novo. E quando deu por  si  estava entre lençóis de uma alvura imaculada numa cama do Hospital com uma matula de profissionais de saúde à volta da cama. Todos com um sorriso a rasgar-lhes os rostos.  Então um mais velho  e risonho, Pergunta-lhe:
- Sabe quanto tempo esteve debaixo daquela lixarada?
Abanou a cabeça, que não!!!!
Dez dias senhor…. Dez dias, meu amigo…. Como é que foi capaz de resistir tanto tempo sem água nem nada?
Dormi “S’ôtor”….  Sobretudo dormi!!!!
Afinal William Shakespeare, estava enganado, ripostou o bom do Doutor…. O SONO NÃO É, A “ANTE-CÂMARA” DA MORTE…..
Riram todos…..


                          António Capucha

            Vila Franca de Xira, Março de 2011

quinta-feira, 24 de março de 2011

Obrigado, meus benfeitores.....



Zé povinho

Uma vez por outra, se vê e bem se sente, a vontade do Bom Deus a sobrepor-se à ignomínia e mau estar, que facilmente se instala nestes nossos frágeis "coracõezinhos-zinhos", sempre prontos a vacilar e desesperar por tudo e quase nada....
A intervenção divina, levou os nossos amados líderes à suprema generosidade e eloquente decisão de: DEVOLVEREM A PALAVRA AO POVO....
E o que é que nós, o povo, faremos com essa PALAVRA agora devolvida..... Tão mal lidamos com semelhante coisa.... 
Eu, pela minha parte, sem ter muito certo e claro, que coisa será essa, darei cumprimento ao desejo  expresso  pelos nossos queridos benfeitores. E em duas palavras cumpro os seus ditames, com a forma dura e áspera tão própria do povo:
- "IDE-VOS".... Ou: "FODEI-BOS"!!!!

                     
                               António Capucha
                Vila Franca de Xira, Março de 2011

terça-feira, 22 de março de 2011

Os padrinhos....



Sucedem-se os vídeos de autores sobre esta gigantesca fraude económica que atinge a Europa e o Mundo. A tentação de as publicar aqui no blogue é enorme.... Mas treze minutos de legendas a "mata cavalos" dissuade-me disso. Primeiro porque é fatigante, depois porque não sei o suficiente sobre economia, para decidir acerca da verosimilhança da predica, nem conheço os peroradores. E há que ter algum cuidado com estas coisas quando se quer algum rigor nestas publicações.
Sem dúvida que fede a distâncias consideráveis, que esta altercação nas economias a nível Mundial, tem na sua origem fraudes e abusos do sistema bancário internacional, que actua como uma Máfia.... Também me parece claro que este sistema é interpenetrado, e interpenetra as organizações políticas e financeiras públicas, bem como, militares e de segurança (insegurança, mais propriamente) dos países mais poderosos (Estados Unidos à cabeça). A Máfia apontava um revólver à cabeça da vitima e isso é uma proposta irrecusável. Neste caso, ameaça-se flagelar um país por  não cumprir os "direitos humanos", ou  para defender o "Mundo Livre", ou ajudar o povo a implantar a Democracia.... Imaginação não falta. Isto é de tal forma  um mecanismo bem oleado, que os seus próprios governos são claramente "shuntados" e incapazes de combater este flagelo.... Aparentemente há a intenção de se substituírem aos Estados como forma dos Países se organizarem. Uma velha tese do capitalismo ultra reaccionário: Acha-se uma forma mais consentânea com as características humanas, (seres gananciosos e individualistas) e portanto melhor que o Estado como forma de organização das sociedades humanas, devendo por esse motivo substituí-lo. E a forma de o conseguirem sem terem que ir a eleições, é destruir as economias a partir dos seus mecanismos de financiamento. E até ver estão a levar a água ao seu moinho. Claro que isto não é por milagre..... Consegue-se instalando "empregados" seus em "lugares chave" do aparelho dos Estados. Se tiverem que ser eleitos ficam um pouco mais caros, mas ainda assim vale a pena porque os lucros expectáveis são obscenos..... 
Todos vimos o filme "O Padrinho", sabemos mais ou menos como se fazem estas coisas.....


                        António Capucha

          Vila Franca de Xira, Março de 2011

segunda-feira, 21 de março de 2011

PEC IV

PEC IV
Para mim que "não vou em grupos" - e até já vi um porco a andar de biciclette - há aqui nesta ameaça de crise, qualquer coisa que não joga.... O facto de o Governo levar primeiro à Europa o projecto IV de estabilidade e crescimento, sem o ter apresentado nas instâncias de direito em Portugal, A R (Assembleia da República), e nem ter esboçado qualquer tentativa de o negociar fosse com quem fosse, é uma gafe demasiado pesada e evidente para ser cometida por um Sócrates que pense-se o que se pensar dele, não se lhe há-de regatear a conhecida habilidade politica, para  cometer semelhante falha..... 
Será portanto, e a meu ver, algo profundamente estudado, pesado e analisados os seus resultados, e deliberadamente aplicado. Porquê? Não sei! Para chegar onde? Também não sei! E para não ter de andar depois a rebobinar à força toda, é melhor não antecipar cenários..... Uma coisa parece-me certa ..... Ele, o Sócrates , não fez as coisas assim para dar mais oportunidades à oposição, qualquer oposição.....
AGUARDEMOS.....

                                  António Capucha
                    Vila Franca de Xira, Março de 2011



sexta-feira, 18 de março de 2011

Có-có Sr. Soisa








           

           
Conhecia o texto, bem como, acredito, muitos dos meus amigos.... Mas interpretado assim é outra loiça.
Aqui fica o registo e o nosso obrigado ao Victor de Sousa, não Soisa!!!

Dedicado a todos os Soisas que ainda andam por aí....
                António Capucha

Vila franca de Xira, Março de 2011

PS - Peço desculpa pela falta do canal direito do àudio....

quinta-feira, 17 de março de 2011

O Petrodólar


Petrodólar’s um nome muitas vezes falado no seu tempo, e que foi caindo em desuso acredito que por malas-artes de uns quantos sabujos (cães de fila), que aos milhares estão sentados em “lugares chave”, para proteger este e outros segredinhos que seria muito mau que se viessem a instalar na chamada opinião pública. Entre os profissionais da opinião pública, também se hão-de contar uns quantos malabarista do silêncio tumular…. Não é preciso uma grande perspicácia, para avaliá-los e descobri-los, através das trevas que semelhantes esbirros expelem das suas cloacas infectas….

Petrodólar’s….. Uma das maiores mentiras do Mundo…. A estes cruzados do Século XX cá de dentro, há que aponta-los a dedo. E deixar que definhem de vergonha , se é coisa que ainda têm.

Quem me enviou este mail, sugere por exemplo:
Vamos divulgar este mail para que muitas mais pessoas no MUNDO saibam o que se está a passar.
Porquê o ataque à Grécia e a todos os Países do Mediterrâneo (Grécia, Portugal, Espanha e mais) tem como objectivo primordial o ataque ao EURO. Durão Barroso, o português Presidente da CE é uma simples marionete neste jogo...e ele sabe disso!!! E pelos vistos aceita o papel que lhe foi distribuído…. Áh vaidade, Vaidade!!!!

Não sou eu que digo. Foi o Eça de Queiroz que o disse e há cerca de cento e quarenta anos:
“ORDINARIAMENTE todos os ministros são inteligentes, escrevem bem, discursam com cortesia e pura dicção, vão a faustosas inaugurações e são excelentes convivas. Porém, são nulos a resolver crises. Não têm a austeridade, nem a concepção, nem o instinto político, nem a experiência que faz o ESTADISTA. É assim que há muito tempo em Portugal são regidos os destinos políticos. Política de acaso, política de compadrio, política de expediente. País governado ao acaso, governado por vaidades e por interesses, por especulação e corrupção, por privilégio e influência de camarilha, será possível conservar a sua independência?”


                                                     (Eça de Queiroz, 1867 in “O distrito de Évora”)



A quem servir a carapuça, que a enfie…..

Veja a apresentação que segue.

O Petrodólar
















segunda-feira, 14 de março de 2011

Truculento Milagre

Imagem de agecom-ceut.blogspot.com


 Um caçador afamado, não pelas mesmas razões que as do nosso conhecido João Tabefe, que era de um instinto caçador verdadeiramente inato…. Este de quem vos falo (falar, aqui, é uma força de expressão) hoje, é afamado por ser, sem justapor seja o que for, aquilo que aos caçadores, pescadores e outros, é suposto serem…. .. Isso mesmo: Impostores.... E este é-o, e de uma imaginação digna de registo. Que seja  pois, levado à posteridade mais este enriquecimento do nosso já de si, vasto património de “estorietas” de dimensão mais que a conta….
Pois este ser dotado de imaginação, relatava aos circunstantes ouvintes, uma caçada das arábias nessas terras que das arábias já foram, terras de charneca no  nosso meio-interior Centro, e tanto assim é, que a terra tem o nome de uma das filhas de Maomé, Profeta maior do Islão.
Dizia ele no seu ar distraído “como quem vai de caminho”, entre duas goladas de cerveja:
É pá…. Vocês sabem lá o que foi aquilo…. Toda a Santa manhã, a correr montes e vales e nem um tiro demos …. Eu e mais doze amigos que cedinho, às quatro da madrugada, saímos de Lisboa. E em grupos de três, às seis horas já estávamos a gastar as solas das botas de caça… Umas daquelas sabem como são? Aquelas artesanais, em pele de vitela até meio da canela e sola de pneu, à prova de tudo, sabem que eu nessas coisas não facilito, é sempre do melhor!!! Bem onde é que eu ia? É pá ias naquela de terem começado a gastar solas. Áh pois, muita sola gastamos toda a manhã e nem um pardalito vimos, paramos ao meio-dia para almoçar. Sabem como é!!!! Um trazia um coelho estufado, outro uns pastelinhos de bacalhau e arroz de tomate e pimentos, Havia mais chouriço, paio, presunto, queijo de Idanha, vinhaça da Cartuxa de Évora e pão de Mafra…. A malta estava com “larica” e cheios de sede….. Foram dois vergas para ensopar aquilo tudo, como deve ser….. A coisa caiu-nos na fraqueza e cada um esticou-se para aboborar debaixo do Azinho, que estendia a sua frondosa sombra e o aroma das suas folhas e bolotas e tufos de “carqueja”, poejo e orégãos, inebriavam-nos de tal forma que dali a nada já estava tudo a serrar presunto…..
Estava eu a “tirara água” com a “mona” encostada a uma raiz saliente da azinheira. Eis senão quando, não sei ao fim de quanto tempo, ouvi uma “restolhada” mesmo à minha frente…. Abri os olhos e vi um sacana de um coelhito a mordiscar umas ervitas… Sem deixar de o fitar, como quem aponta a caçadeira, estiquei o braço direito e sem ver, a tactear, agarro um pau. Atiro-o violentamente ao bicho….. E eu seja ceguinho senão foi assim!!!!…. Olhei de novo e vejo dois coelhos! É lá.... Eu não bebi assim tanto!!!! É pá, tinha agarrado noutro coelho e atirei-o ao primeiro e ficaram lá os dois!!!!!….  Fiquei doido de todo, pus-me aos “gritos e vivós”. Acordei os meus companheiros que abriram os olhos de espanto ao quadro  que ali bem na sua frente se desenrolava, Eu de joelhos de braços abertos e um feixe de luz que furava a folhagem a incidir sobre mim. E aos meus pés, os dois coelhos de patitas esticadas que pareciam estar a rezar de mãozinhas postas…. E os seus olhitos sem expressão e parados, eram uma prece morta, a um vivo milagre…..
Nesse mesmo dia nomearam-me o padroeiro dos caçadores….  E ainda hoje aquela árvore é alvo da peregrinação dos caçadores, pescadores e outros impostores…. Fica ali para os lados da Batalha. Uma região muito dada a estas coisas.....
Eu caia aqui mortinho…. Se isto não foi assim!!!!!

                           António Capucha como Augusto Gil (mas ao contrário....)

                           Vila Franca de Xira, Março de 2011





sexta-feira, 11 de março de 2011

Os malefícios do tabaco



Os malefícios do tabaco, são para além da crua realidade, uma comédia teatral - ou tragicomédia, como veremos - de Anton Tchekhov, porque teve seis versões, seis….. Tendo sido inicialmente escrita a pensar no actor cómico Gradov Sokolov ainda no Século IXX (Janeiro de 1885). Este original foi sucessivamente revisto ao longo de dezasseis anos em novas versões, que não consistiram unicamente em acertar melhor a pontuação, ou recompor uma frase ou coisas do género, foi mesmo ao osso do monólogo chegando a alterar o nome da personagem e seu carácter, (de Niukhin a Ivan, passando por  Marcellus…) E de comediante a personagem tragicamente parvo…) Mas não só…  Até o sentido e estrutura da peça,  a tal ponto que, o que começou por ser uma comédia a despertar a interacção com o público, na última revisão, Tchekhov, esboca o retrato de um homem, de um Mundo de uma atitude perante a vida (sic) O patético e grotesco imbecil, a falar à toa sem qualquer autoridade sobre o assunto…. Nulidade  que se compraz passivamente no seu próprio desespero. (sic)
Da comédia inicial, a esta tragédia híbrida, vai bem medida, uma légua da Póvoa….
Ora….. A que vem isto a propósito?
Estava eu amesquinhado por não raras vezes rever estes pequenos e despretensiosos textos, julgando ser uma prova de incapacidade minha em seguir uma ideia e concretiza-la em texto….  E eis senão quando encontro na Net, um artigo de Vera Gottlie intitulado: “A tragédia de um pobre tolo”. É então que fico a saber que o autor Russo, reviu a sua obra um "ror" de vezes....
Cresci p’raí palmo e meio … Ou mais….
Pois se o grande Chekhov, “himself” o fez ! Quem sou eu para não o fazer….. Ou também equivale por dizer que, não será por isso, nem fugirá por aí a veia tonta que me trás agarrado ao computador a alinhavar estas coisas….
E reconforta-me essa e outras reflexões…. Como por exemplo o que tenho aprendido nas pesquisas como esta no universo maravilhoso da Net…. Sem quase me dar conta, há coisas sobre as quais posso escrever de cor, e com tal segurança que não receio recriar e inventar, empolar ou abastardar…..
E faço-o por puro prazer… Melhor que chocolate… Melhor que um golo do Grande  Sporting Clube de Portugal nas redes dos “Lampiões” (esclareço que, o seu valor está exactamente na sua recente raridade)
Vamos então deixar por hoje este monólogo de “pobre tolo”….


                                      António Capucha

                          Vila Franca de Xira, Março de 2011



Contém excertos ( em itálico) da autoria de:
 Vera Gottlieb
Excerto de “A monologue in one act: Smoking is Bad for You”.
In Chekhov and the vaudeville: a study of Chekhov’s one-act plays.
Cambridge: Cambridge University Press, cop. 1982. p. 185‑187.
A tragédia de um “pobre tolo”

quarta-feira, 9 de março de 2011

Chambres, Room’s , Zimmer’s….

Câmara Municipal de Peniche
Chambres, Room’s , Zimmer’s….
É o primeiro grito ouvido de Peniche, gritado por pequenos cartazes que umas criaturas trazem e agitam como espantalhos, na Avenida que das portas da Cidade leva até à Ribeira Velha e ao Forte. Ocupam  locais estratégicos e quase nos entram pelo carro dentro… Estas rapaces, gaivotas de arribação, podiam ser um quadro típico das gentes penicheiras…. Mas não! Os seus vestidos de mil saias coloridas e outros tantos saiotes, aventais bordados camisas brancas e mantilhas pretas, denuncia tratar-se de mulheres do povo, sem instrução escolar, de olhar ávido e astuto tão oportonista como a das gaivotas…. Por vezes trazem uma jovem da família à ilharga, que ajuda na abordagem ao “terista”.
Se se ficassem pelas vestes ainda podiam ser um cartaz turístico a considerar, mas a avidez do olhar denuncia a voracidade pelo dinheiro e apenas isso….
O ouro que pendurado do pescoço destas aves, algum peso faz… É alarde do sucesso desta iniciativa industrial…. Economia paralela, de logros e a roçar a indignidade.
Conheço bem aquilo de que estou a falar. Peregrino de Peniche que sou, de há mais de vinte e oito anos, aconteceu-me mais que uma vez, fruto de equívocos vários, falhar o pouso que habitualmente tinha, e  daí ter que recorrer e estas “industriais” espontâneas.
E sempre para além da incomodidade das circunstâncias, havia que somar o incómodo da observação da natureza do negócio…..
Ora, as pessoas nos cediam a troco de dinheiro a sua casa, e retiravam alegremente para um anexo vetusto e sem luz e dessa manobra resultava normalmente a partilha da cozinha ou da casa de banho. Ou a partilha da casa com uma enfermeira ou professora ou sei lá o quê, mas sempre muito sossegadinha, tão sossegadinha que os senhores nem dão por ela….. Ou ao contrário impingem-nos pela módica quantia a combinar, isto é: Numa breve conversa vão-nos avaliando.... Considerados que foram a necessidade do “terista”, e as posses que ostentam, determinam quanto vão extorquir aos incautos, que a proximidade da noite trás mais inseguros…. Nunca fizemos negócio porque a sordidez da situação foi sempre tão excessivamente gritante, que nunca se sobrepôs à necessidade e urgência sentida….
O que vi, em termos de qualidade da oferta e desfaçatez, se fosse uma experiência muitas vezes vivida trar-me-ia um ódio de morte a esta terra.
O que vale é que como bom “habitué” procuro e tenho conseguido encontrar nesta selva, solução de continuidade, que tem vindo em crescendo. A tal ponto que hoje somos uma família integradíssima e empenhada na evolução desta população que somos nós…. Coração penichense, como a minha mulher disse aquando da apresentação de um quadro seu na inauguração de uma exposição de arte moderna em Peniche… E como tal, o coração sofre:
- Sofre com o sangria a que sujeitaram a frota da pesca….
- Sofre com o definhar lento mas constante da Cooperativa dos Pescadores, e da proliferação e “desemerdanço” das grandes superfícies comerciais….
- Sofre com a substituição dos bairros de pescadores em correntinha de casas como contas de um terço, pelos edifícios típicos do “Portugal Sur le Mer” de gosto “burguesote”….
- Sofre com a localização da “ETAR”…. Embora talvez ali à volta de Peniche, não haja locais que se possam dizer de menor nobreza…. Mas aquele, junto ao cabo é seguramente mais nobre que o Salão Nobre da Câmara Municipal….
- Sofre quando vejo que a praça de Peniche, consegue vender o peixe mais caro que em qualquer outro lado. Inexplicável!!!!!
Mas rejubila por mil e uma coisas…. Sigularmente as mesmas, mas vistas de outro ângulo:
- O prazer sempre renovado de ver os barcos a sair para o mar….
- O prazer de ir à mercearia de bairro comprar a melhor fruta e os bolinhos caseiros e levar de borla os sorrisos da proprietária…..
- Dá-me prazer serpentear pela urbe central e as suas casas despretensiosas na beleza austera das suas grossas paredes e ombrais de pedra trabalhada a traços simples, e a clarabóia por cima da porta de entrada, com vidros e cercadura de pedra.
- Adoro passear ao longo de todo o Promontório do Cabo Carvoeiro….
- Não me cansa ver a Papôa…. E Por trás a ilha do Baleal…. 
- A sardinha de Peniche e todo o seu peixe de uma forma geral, tem um não sei quê…. Um cheiro diferente do dos outros lados….
- Diabos me levem!!!!! Mas até à “Marie Elisabeth”, perdoo o cheiro, por ser uma actividade genuína da terra…. (marie elizabeth portuguese sardines 100% pure olive oil)  E claro, pelo bem que sabem….
- Gosto do sitio onde moro e dos vizinhos e vizinhas…. Pessoas com a capacidade de doseamento de intimidade, que não enjeitam nem impõem. Rara virtude!
 É verdade!!!!!
Por todas estas, e mais as razões que se quiserem ter em conta, é um feio quadro, esse das criaturas a venderem logros em forma de alojamentos…. Deve haver uma forma de sonegar isto aos nossos visitantes…. E simultâneamente, proporcionar ao turista apanhado com as calças na mão, um alojamento alternativo de proximidade e de qualidade e dignidade assegurada….


                             António Capucha

              Vila Franca de Xira, Março de 2011