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domingo, 30 de setembro de 2012

Não há bela sem senão.


peixe aranha


Este é o mês de eleição em Peniche. Fruto de um fenómeno de fim de Verão, uma corrente oceânica de água mais quente, proveniente do golfo do México atinge a costa Noroeste da Península Ibérica. Isso é detectável no banho e na lota. A sardinha por exemplo, é duma outra espécie, grande e gorda, daquelas em que sai a pele toda inteira com facilidade, as douradas e robalos estão gordos e saborosos e de um modo geral é a altura ideal para grelhar qualquer peixe. Claro que não me faço rogado, ainda hoje me bati com um carapau mais gordo que um porco preto alimentado a bolota. Lambi-me todo! A D.ª Anita, pessoa muito fina, diferente de mim que como é sabido tenho um bocado de tendência para o "casca grossa", para quem carapau basta, no entanto gente fina come robalos e douradas e espada preto E quando desce à sardinha é mas  desta, da "groumet", desta estação. Esta fase de fim de verão, só tem um defeito, isto não há bela sem senão, com a água mais quente vem também o peixe aranha. Cujo dizem fazer uma boa caldeirada, mas eu acho que isso é só por vingança. Àh picaste-me, vais p'rá panela. Mas aquilo é bicho tão pequeno que deve dar muita "mão d'obra" para comer. Nunca provei , nem faço tenções de comer. O que ele de facto faz é enterrar-se na areia e nós inadvertidamente, pisamo-los, os seus espinhos urticantes fazem o resto, são dores de meia-noite.
No tempo em que íamos à praia com os miudos, era obrigatório nesta época levar uma lata de "spray para as dores para prevenir uma pisadela no peixe aranha. 
Bicho malvado.....


                               António Capucha

                    Peniche, 30 de Setembro de 2012

sábado, 29 de setembro de 2012

Poço dos desejos.






 Nesta espécie de poço dos desejos,  que é até certo ponto, este meu bogue. Bem grito para as profundezas negras, mas a resposta é um redondo zero, o génio do poço, deve estar a descançar. ou então meteu-me na sua lista negra, que é maior que o relatório e contas do Pinto e Souto Mayor. E tão sigiloso quanto este o era, embora fosse público, as contas reais, eram outras, sempre outras.
Equivale isto por dizer que a D.ª Teresa Tarda a fazer o contacto que permita que eu fique com o seu número de té-lé-lé, e aplaque as saudades que sinto dela. Em boa verdade voltamos a ser tão desconhecidos quanto o éramos antes da desdita nos juntar. É claro que só por desdita fomos ambos parar ao montijo. Depois o ar misterioso e a serenidade da senhora fez com que reparasse nela, e assim ficamos amigos inseparaveis. que lucrávamos, na nossa recuperação, do convívio que brotou entre nós. E foi interrompido com a minha saída. Naturalmente quero retomar o contacto, ainda que de forma diferente. Sinto-lhe a falta. D.ª Teresa, se ler estas linhas, diga qualquer coisa. 
                                       António Capucha
                      Peniche,29 de Setembro de 2012

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Um sorriso.



 Se dissesse, como a "pimentinha" (Ellis Regina) diz na cantiga chamada "tiro ao álvaro" que assim diz: Teu olhar mata mais do que bala de carabina/ que veneno estriquenina/ que teixeira de baiano/Teu olhar mata mais que'atropelamento, "d'automorver"/ mata mais, que bala de "revorver" Ai...Ai.....Trá....lá...lá..... Diria muito bem, do mesmo mal se qeixava Artur, que se fenecia á contemplação, não do olhar, mas do sorriso da sua amada, sorriso, onde amiúde naufragava. O sorriso dela era naufrágio certo do pobre do Artur. Rapaz robusto e saudável, era no entanto de uma fragilidade confrangedora aos esgares de felicidade da sua muito amada Paulinha. Sem que fossem intencionais o seus sorrisos eram demolidores, para o seu amado, que como casca de noz, sossobrava às ondas da sua expressão de pura felicidade. Tanto naufragou, que aprendeu a cavalgar as ondas numa prancha de "Surf". E passou a cavalgar as ondas na praia de SuperTubos, aqui em Peniche. Tanto apurou a sua técnica que chegou a campeão Nacional da modalidade. Moral da "estória": Nunca substimem o sorriso de uma mulher...... É assim como uma flor em botão..... Quem as tiver, que as saiba estimar e merecer. Quem tiver a desdita de não ter quem assim lhe sorria, procure-o como ouro sem desfalecimentos.....Há lá coisa melhor, que um sorriso bonito. Quem o tiver, preserve-o como metal raro. Melhor..... Como uma flor......

                      António Capucha

           Peniche, 28 de Setembro de 2012

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Papôa ou a Juliana Peitaças....




Trepei por uma vez ao cimo do farol, em passo de corrida, imagine-se. A coisa não foi fácil, mas valeu a pena. As vistas já conhecidas ao nível do chão ganharam nova dimensão, daquele ponto de vista mais elevado. Que diferença! Outra formação esta geológica, que me fascina é a Papôa, um esporão que fica para lá do Porto da Areia Norte. Formação arenosa e rochosa, perfeitamente selvagem,  onde há apenas um muro de pedra e um marco geodésico construído p'lo homem, tudo o mais está como a natureza deixou. Quando tiver a perna de pau, e fôr um verdadeiro pirata, com venda no olho, perna de pau e papagaio ao ombro, vou tentar lá voltar embora hajam umas zonas em que o acesso é um tanto áspero. Logo se verá! Há uma ponte de madeira , que vence uma zona de pedregulhos, muito batida p'lo Mar e uma vereda apertadinha como a passarinha da Juliana Peitaças, que de tão apertadinha que era , não dava para bater palminhas. Mas um bom conductor, dava a volta com um camião TIR. Bom, chega de fantasmas e mitos da juventude. A pobre moça de quem eu apenas ouvi "estórias",era tão só generosa com a única coisa que lhe pertencia, e que por isso, podia dar, por pura generosidade, a quem muito bem entendesse. Dúvidas? Já tive , mas agora não tenho..... Era tudo pura generosidade.A maldade da alcovitice fez o resto e construiu o mito.
Estão a ver onde viemos parar..... bem se diz: As conversas são como as cerejas. veio isto tudo a propósito, ou não tanto, da vereda da Papôa, onde penso voltar se a saúde não me falhar.... 
Não falhará, caramba.....
                         António Capucha
             Peniche, 27 de Setembro de 2012

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Peniche




Minha vista limita a Leste em azul marinho.
A Oeste, fina-se a verde mar
Se vou para Norte, sem me perder no caminho.
Muito andarei, muito terei de pe(r)nar

Terra bendita de encantar
Assim cercada, envolvida
de mil cores, e pássaros a cantar
Custa a crer que do fundo do mar foi erguida

Após a noite escura, mal viu a luz do dia
Temperada pela ventania agreste e feia
Que esculpiu a pedra escura e fria
E deixou praias de fina areia

Se deixar voar o olhar até onde o mar toca o Céu
Lá longe á Berlenga Vai parar
Nas asas duma gaivota fui eu
A cavalo num golfinho, vou regressar


                                                 António Capucha

                     Peniche,26 de Setembro de 2012

terça-feira, 25 de setembro de 2012

...E os quarenta ladrões.




Como o mar que vai e vem em vagas sucessivas e desmaia na areia ou na falésia com estrondo, a crise, também, vai e vem na boca dos seus mentores. Ora acham que se está no bom caminho, como numa volta de humores, dizem o seu contrário. E depois querem que acreditemos que as flutuações de humores dos chamados mercados, dos quais nos querem fazer crer, serem instituições idóneas. Bem como as agências de rating, se pretendem instituições sériamente racionais nas avaliações que fazem das situações económicas dos pasíses, sobre os quais se pronunciam. Pois claro..... Ficámos todos parvos de repente.... Podem continuar a manipular as informações, que engolimos tudo. A senhora Merkel, dias depois de trocar elogios com o primeiro ministro grego, diz agora que os pedidos de adiamento do pagamento das dívidas públicas enfraquecem os países pretendentes e faz desconfiar os mercados.... Em que vamos nós acreditar, no discurso de charme de há uma semana, ou nesta ameaça velada de agora. Pois nem numa nem noutra, a Alemanha é simultâneamente parceiro europeu e do €uro, e credor, isto é: Mercado. A Sr.ª diz aquilo que lhe vem à cabeça, consoante o sitio para que está virada. E esperam que demos crédito aquilo que ela e os outros dizem? Os Barrosos e por aí fora.... Corja termenda, e despudorada, sem vergonha nem fronha. Racionais! dizem eles, isto é um Deus nos acuda.... Parece um navio à deriva. Sem Capitão, nem Norte, nem bússula nem nada, muito menos GPS, vagueia por onde calha, até encalhar, num qualquer recife. A unica coisa verdadeiramente real, é que o arame sai do nosso bolso, nem sabemos bem para onde, que isso faz parte do mistério das famosas dívidas soberanas. Uma figura de referência da direita nacional, grande intelectual e político que até foi Ministro de Salazar, Adriano Moreira, disse, - eu ouvi-o - que as chamadas dívidas soberanas, são uma vergonha mundial, que avilta a humanidade. Foi ele que disse, não eu! Apenas acho que ele tem toda a razão. Desgraçadamente,os nossos actuais governantes preferem fazer de conta que entendem estas coisas todas e comportam-se como meninos disciplinados e betinhos, Alunos "nurd's" desta camarilha de Ali Bá Bás.

                                  António Capucha

                     Peniche, 25 de Setembro de 2012

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Outono


Férias fora de época, como dantes quando os meninos ainda não tinham escola. O eterno poema da mudança de cores e odores do jardim. As estrelícias que rebentam, os gladíolos ainda nas covas e a videira brava que teima em não cobrir o muro. Tudo presenciado pelo pinheiro manso maneta, veterano de guerra com a nortada gélida e mortal, continua a estender os braços para as rolas e pardais pousarem, enquanto não chega a hora dos estorninhos que correm com eles todos e se assenhoreiam das suas braçadas, e o rouxinol canta a sua canção de embalar no loureiro fronteiro. Onde será que um bicharoco tão pequeno vai buscar tais ganas e pulmões para cantar tão alto. E os atrevidos dos melros sabidões, deixam assobios no ar enquanto  roubam as uvas que restam porque as ginjas já foram e os marmelos estão a aboborar. 
A chuva ronda por perto, pois deixa-la rondar, eu ralado, cheiro o ar que vem do lado do mar e ele dá-me noticias de secura, por enquanto. Há pessoas na praia, enquanto lá longe, ao cair da tarde. Vejo nuvens d'oiro que são os teus cabelos. Fico louco ao vê-los, são o meu tesouro. Lá longe ao cair da tarde. Quando o Sol se põe aqui , incendeia o Céu até onde o céu toca o mar. E o prateado dos robalos e douradas, sarapintam as ondas quando se elevam  e encaracolam. 
Saudades, sim pois claro, mas mitigadas pela beleza da cercadura. Os seguidores e fieis leitores que fazem o favor de me ler, façam lá mais um favor de me desculpar mas ainda tenho a cabeça no Montijo, e dos que lá deixei a carregarem-me de saudades. Por vezes cedo à tentação de falar directamente para eles. 
Isto passa juro..... Isto de falar directamente para eles, que as saudades essas, não passam.


                                    António Capucha

                       Peniche, 24 de Setembro de 2012

sábado, 22 de setembro de 2012

Tudo certinho, direitinho





Cadeira de rodas, nova. Canadianas novas (verdes) . Prancha de banho nova, meia elástica nova para o que resta da perna esquerda. É o inicio do resto da minha vida. Continuo disciplinadamente a fisioterapia que aprendi recentemente. Quero vencer as distâncias que me separam da independência funcional, que almejo. Nada do outro mundo,Quero tratar das compras diárias, tratar das refeições próprias,da minha higiene e os pequenos quês e porquês da vida de um fabiano. Sabeis do que se trata? Aquelas coisas que uma rapariga da nossa idade faz ou precisa de fazer. Quero tudo no seu lugar, agora que a vida me trás outra oportunidade. Quero tudo, ou quase tudo, certinho direitinho, segundo a lei Universal da sapatilha, que como se sabe, é a lei que regula estas coisas.
Vejo muita gente tentar regular a sua vida segundo outras leis, igualmente ditas como Universais, mas bem vejo os tombos que dão. Chegam a ir a Fátima a arrastar os joelhos, mas estão sempre a cair do cavalo abaixo. Não lhes quero mal por isso, antes lhes lamento as mazelas resultantes do erro de acreditarem em fadas e na virgindade brutal. Supremo castigo das castas e puras. Mitos mantidos à bruta, sem preocupações de subtilesas, como se jogassem em casa e estivessem certos da vitória. Para mim a vida tem e terá sempre três prováveis desfechos: Vitoria, derrota ou empate. Os que só falam em vitória, serão eternamente derrotados. Não dizem as escrituras , mas digo eu que o sei. É uma pecha minha. Há coisas que sei, e que não sei como as sei. Percebem? Não! Também eu não!!!!
Ficamos assim!!!!


                                 António Capucha

            Vila Franca de Xira, 22 de Setembro de 2012

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Dia da paz


Neste dia internacional da paz, ocorre-me dizer que a paz, o haver paz, ou estar em paz, não é simplesmente a ausência de guerra. Temos visto nos tempos que vão correndo, pastosos e peganhentos, de tudo menos paz. Paz e progresso humano , cultural, económico e tudo, andam de mãos dadas. 
Não falo a nivel pessoal, íntimo, nesse particular, pode dizer-se sem sombra de erro, que estou em paz comigo e com os demais. E a esmagadora maioria das pessoas das minhas relações estão também em paz comigo. Nada que me preocupe portanto. 
A verdadeira paz é um processo activo como uma fogueira que carece permanentemente de ser alimentada, ou extinguir-se-á. Infelizmente à escala internacional, em vez de uma fogueira bem alimentada, trata-se de encher um balde furado, como um passador. As guerras rebentam como cogumelos um pouco por todo o lado, onde o progresso não sustentado e mantido, isto é: A miséria mais atroz, campeia impunemente. Mas os povos não são miseraveis porque querem ou porque não trabalham, são-mo sobretudo porque são explorados e oprimidos pelos mais poderosos, que ganharam as guerras que precederam essas pazes podres. o método é sempre o mesmo. E vem a repetir-se desde que o homem ascendeu à categoria de civilizado. Claro que isto é alcunha. Presentemente, nós portugueses, provamos grossa fatia deste bolo podre que nos é servido  pelos donos do Mundo, ou seja : Os senhores da finança internacional. Incultos ,brutos e broncos até à medula, que enriquecem à custa das misérias que vão semeando um pouco por todo o lado. Levarão a melhor? Está nas nossas mãos e ganas!. Bem unidos façamos, esta luta final. Uma terra sem amos.... Fazer activamente a paz, pode passar por fazer um guerra sem quartel aos senhores da guerra, ou aos que lucram com ela.
Construamos activamente a paz, sólida e urgentemente. Construída em pedra, como as pirâmides, cimentada com amor. Não há alternativa.


                                    António Capucha

               Vila Franca de Xira, 21 de Setembro de 2012

PS:- Querida Marta, quero me faças o favor de trazer a D Teresa a ler este texto. É o seu exercício diário de leitura. Obrigado.
Como sabes, podes usar estas linhas como muito bem te aprouver.
Um beijo....
Capucha

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

É Hoje....




A-DEUS. É a "pass word" para hoje.Termo que me causa brotoeja, não porque desprese o sentimento correspondente, antes pelo contrário, mas porque sou um ateu encartado. Felizmente sou de sentimentos fortes, sublimados, e  não tenho vergonha disso, pelo contrário, sem este tipo de fragilidades somos menores. Menos poetas... e pelo reverso, não ficamos mais homens, ou mulheres. Ainda ontem uma pessoa muito amiga, achou poesia num pedúnculo de relva, com as suas sementinhas. Bem se diz: Ser poeta é ser mais alto. Há poesia em quasi tudo o que respira. Até se quisermos acreditar, beijamos os sapos todos em que tropeçamos, e em vez de príncipe encantado, fazemos poesia. Ah sim, dar vida é escrever poesia nas nuvens, no Céu, nos regatos e charcos, nos canaviais e num canteiro de lírios. Poesia é dar-nos Nestum. Poesia é deixar rolar as lágrimas pelo rosto. E gostar de ver a pele sulcada, sedenta de carícias. Poesia é virar a cara à chuva e secar os cabelos ao vento. Sonhar acordado um belo sonho de verão quente e de brisas doces e suaves. Poesia é o aconchego do colo de mãe, macio e quente. Poesia é o corpo duma mulher. O sorriso duma criança. Até nós o seremos se soubermos deixar de ser tão materialistas. 
Bom, vai sendo tempo de vos dizer: até sempre.... Continuem a fazer de cada acto vosso, poesia!!!!
BEM HAJAM!!!!!
                              António Capucha
                 Montijo, 20 de Setembro de 2012

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Adeus... Até Sempre.....




O tempo escoa-se, passa a galope, mais rápido do que eu consigo acompanhar.Mentalmente vou dizendo adeus ás pessoas e coisas, recantos, onde passeei e soltava o meu espírito. e se às coisas um relance de adeus basta, às pessoas há que verter lágrimas, sentir a profundidade  da despedida que inexoravel vem. Cada rosto com que me cruzo nos corredores me arranca intimamente uma despedida. Mas que me desculpem, alguns há, que me arrancam pedaços do peito, neste já longo adeus. 
Adeus Martas, minhas queridas; adeus Catarina, menina bonita; adeus Ana; adeus André, seu pirata; adeus Gonçalo,fiel do blogue; adeus Inês; Adeus senhoras , tantas, que de manhã me ajudam no banho; adeus Rute, que não me deu Nestum e é queixinhas e dona dos mais lindos olhos aqui da guarnição; adeus Paula e Srªs doutoras, que sem peneiras nos servem as refeições e vigiam as nossas dietas , quando é caso disso; adeus Francisco; adeus Claudio; adeus menina bonita do expediente, julgo eu; adeus Drª Sara; adeus Drª da farmácia; adeus Srª enfermeira chefe, e em si despeço-me de todas as meninas de verde, magnificas de simpatia e competência; adeus Drª Lucita; adeus Sr. Director; adeus menina  da recepção, sempre simpática, irrepreensivel; adeus Drª Graça, que agora toma conta de mim e no passado me salvou de boa. Que ingratidão sobra para os que não nomeio.... desculpem lá.... Mas na memória levo-os a todos e todas, e no peito hão-de caber todos, que eu sou rapaz peitudo e brigão da grande área. Quanto aos meus iguais que sem desprimor já chamei de exército de estropiados também cabem, se bem que alguns, em T1 e não levem a mal, mas outros habitam em palácios. não queiram saber os porquês, estas coisas não se explicam, impõem-se, e é quanto basta.... O que é certo é que chorarei por todos, assim haja lágrimas."
Parafraseando o meu antigo 2º Comandante do R I 5, "Efectivamente o tempo fenece"...
Grande "desarrincanço" este, heim....

                                            António Capucha

                                Montijo, 19 de Setembro de 2012

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Sol




Agora que o calor não me faz transpirar tanto, por via de ter adquirido um perfil mais escorreito, sobretudo,Aprecio mais a beleza de um dia de Sol. Tornei-me um adorador do astro rei, por assim dizer.Parece que nesse particular a natureza toda me acompanha. As plantas, de maior ou menor porte, explodem, deitam cá para fora tudo o que têm de mais belo e nobre.O mar acorda em tons de cinza e floresce num azul glorioso. O ar é limpo e leve, invade-nos os interiores mais reconditos em golfadas benfasejas que nos vêm ajudar a combustão de nosso motor interno. É melhor nem falar disso, que o anormal das finanças, ainda inventa uma taxa, porque temos um motor de combustão interna, que não paga imposto, que privilégio inconcebível, como terá escapado à malha apertada da contenção de excessos. Já viram que despudor, cada um de nós com um motor "on Board" e sem pagar "niente". Bom, não falemos mais nisso, que as paredes têm ouvidos. Esta calma que, alegadamente precede a tempestade nos sentidos, que será, a minha alta aqui deste Castelo da saúde do Montijo. Ainda faltam dois dias/dois, mas as saudades já começam a roer. Rás-Parta as hóstias....Bem, isto tinha que ter um fim.... 
Agora que vai doer .... Vai!!!!!

                            António Capucha


                Montijo,18 de Setembro de 2012

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Tropa Fandanga.....


Estou como a Selecção Portuguesa de Futebol, o dificil é marcar o primeiro, o resto, vem de rajada. Por falar em rajada, já vos contei que fui o encarregado de tiro da Companhia de Caçadores do RI 5. pois fui sim senhor e fui mais coisas, fui Porta Estandarte, da Unidade, Chefe das Obras, maltrapilho e mal pronto, já se sabe , isso não é novidade. E então foi assim, mais coisa menos coisa. Aquilo era uma tropa fandanga. Nos dias que eram destinados a sessões de tiro, mal acabava a formatura da manhã para contar espingardas, digamos assim, se olhasse para o lado era o suficiente para toda a gentinha desaparecer como que por milagre. Mas as balas que nos estavam destinadas tinham de ser gastas, como prova de que os tiros haviam sido dados. De modo que  a solução era ir para a carreira de tiro, com um mangas ou dois a encher carregadores e eu mais outro melro, a despeja-los para a barreira. Mais dois "Manfredos" a apanhar os invólucros que tinham que bater certo, com os tiros previsivelmente dados. Tinha é que ter a o dispor mais do que uma G3, porque aqueciam tanto que ficavam com os canos em brasa. Depois era só inventar uma classificação, e pronto estava dada a sessão de tiro da Companhia de Caçadores do Glorioso RI 5. Como mestre d'obras também não me dei nada mal. Apenas me deu algum trabalho a convencer o Segundo Comandante que a solução para o "capim" não era pôr um rancho de homens de que não dispunha, a capinar mas sim uma solução cientificamente correcta, isto é pulverizar o capim com Herbicida. Para isso fizemos uma experiência nuns tantos metros quadrados e, o bom do homem, lá ia todas as manhãs inspeccionar o estado do fenecimento do "capim". Com este ardil, ganhei um tempo precioso que me permitiu chegar entretanto à "peluda". (passar à disponibilidade)  E foi mais ou menos assim que venci as agruras da Disciplina Militar.

                                             António Capucha

                 Montijo, 17 de Setembro de 2012

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Pedras e calhaus




Pedras e calhaus são apenas e aparentemente, uma e a mesma coisa. Isto porque pedra é de sua natureza morfológica uma estrutura amorfa e o mais das vezes, inorgânica, e que abre cabeças quando lançada pelo ar e é também a morte trágica de inúmeros passarinhos, além de ter sido a causa provável da morte do ti'manel que no dizer das gentes terá tido uma morte de passarinho.Isto é: Com uma pedrada nos cornos! 
Já um calhau , poderá ser um sujeito estúpido, sem imaginação e incapaz de qualquer criatividade. Ao contrário da linguagem que gosto de usar nestas minhas perorações, que é, fresca e cheia de nuances e variações expressivas (gaba-te cesto!!!!), que conferem aos textos uma fluidez de rápida percepção. Tudo o mais são variações sobre essa mesma forma. Sem cair na tentação da repetição (ab)surda a tudo o que seria razoável, como aquele reporter de Imprensa regional que se referia a noticias de assaltos, a todos os marginais, e malandrins em geral como: Os meliantes... Expressivo de facto, mas sempre o mesmo também chateia. Depois a temática.... A que mais rende, é o insulto desbragado (desbragado, é sem calças. Já viram a que confusões isto se presta!!!!) , insulto, dizia, a todo e qualquer ridículo, mesmo os próprios. Por detrás das palavras estão ideias e essas sim são perigosas, corroem como ácido. Quando odiamos profundamente alguém ou qualquer coisa, bem podemos dar a volta à cabeça, que não há termo suficientemente verruminoso para lhe chamar e que nos encha a medida. Vá, façam o seguinte exercicio: Pensem numa coisa ou pessoa que detestem profundamente e tentem insultá-lo, verbalmente. Verão que nada os satisfaz. Não tem mal .... É mesmo assim... Não raro a agressão física faz esse trabalho de complementar a nossa ânsia de insulto ao detestável.
E isso desopila o fígado. Pense-se neste governo de tiranetes, néscios , badamecos e imagine-se a dar-lhes uns bons pares de tabefes ao mesmo tempo que se lhes chama: Imbecis. Que fartote.... Suprema realização...... Malhar nestes meninos do coro de capados cantores de hossanas à Srª. Merquel. Estão a ver o filme? Aqueles pichas de lata de batinas ridículas e vozes aflautadas, faces rosadas, e lábios e bimbas de querubins, a cantar hossanas. E a levar tabefes...
Magnifico.....

                                         António Capucha

                             Montijo, 14 de Setembro de 2012

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Flores




Pensemos em flores, um pensamento extremamente simples que acorda o melhor de nós na sua singela contemplação. Acto único necessário a usufruirmos da beleza contida numa flor. Há quem lhe atribua significados específicos, tudo treta, elas, as flores, apenas querem ser belas e contempladas por isso. Mas querem mesmo, senão eram feias. É vê-las de pescoços estendidos para o Sol, supremo soberano, de tudo e mais alguma coisa que inventemos. E donde nascem? Da feia e fria terra e dum incómodo aguaceiro, que acordou os genomas duma semente, destinada a ser comida como "puvides" ou "minuins", quando muito com uma pequena ajude de estrume, que como se sabe, em boa verdade, é merda. O que quer dizer, que a natureza é uma máquina bem oleada, de transformar toda e qualquer porcaria em beleza pura e dura. 
Consideremos por exemplo, o Mar, grosso e enorme furibundo ou mansinho, apesar dos naufrágios que provoca, alguém tem a distinta lata de desdizer da sua beleza? acredito que ninguém seja indiferente à grandiosidade dos Oceanos. E se pensarmos que lá terá surgido a vida, em toda a pujança e diversidade. Se a isto acrescentarmos que a casualidade juntou diversos factores em ambiente fortemente sulfuroso, e daí surgiu a primeira célula de vida, capaz de se reproduzir. Então isso cimenta a ideia de que a mãe natureza é efectivamente uma máquina de criar beleza a partir da escória, de dejectos.
A natureza é uma enorme poesia cósmica, da qual os poetas apenas aprenderam a juntar as letras, copiando-lhe a forma, e apenas imitam-do-lhe o conteúdo, por ténue intenção mensageira. E isso acontece bem à nossa frente e debaixo dos nossos empertigados narizes. Reparemos nas coisas simples, bonitas e abandonemos a fealdade das nossas criações materiais.
Abaixo o plástico!!!!
Fora com o petróleo!!!!
vivam as flores e os passarinhos!!!!!
Viva a beleza!!!!!
Morte sumária à fealdade!!!!!


                                  António Capucha

                     Montijo, 13 de Setembro de 2012

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Falemos de mim...





De joelho no estrado, pelo lado de fora da gaiola, vou dar seguimento a este acto de confissão, que ontem terei aflorado, e hoje desejo aprofundar. Esta vontade de me expor , não é por masoquismo que o faço, julgo que por imbecilidade também não, é uma maldita tendência de excitar a vaidade sob a forma de honestidade aparente, se é que não é real! É no fundo, aquilo que cultivo. Apesar de ter consciência de que não existe uma relação directa, entre este acto de confessionário e a alegada honestidade. Mas enfim, é uma presunção como outra qualquer.
Sou um caramelo, algo complexo, até tenho o cabelo encaracolado, quando já o tive lisos, mas os meus sentimentos raramente estão em estado puro. Sou inegavelmente um sujeito de forte componente emocional, daqueles em que os sentimentos têm uma fortíssima expressão muitas vezes à custa mesmo da racionalidade. Só que eles, os sentimentos, o mais das vezes compõem-se de eles mesmos, de nuances estranhas e por vezes até do seu contrário. Coabitam nesta mesma cabeça,  sem colisões baralhanços e conflitos, isso a mim não me trás mais confusão do que seria de esperar. Estou habituado a viver nesta emaranhada selva de sentimentos que se cruzam e descruzam, para se voltarem a encontrar mais à frente. Lido com isto com alguma habilidade. o que não consigo, normalmente é que os outros me sigam com a mesma facilidade. É vulgar ficarem confundidos, só que como a confusão é minha, sou eu que arco com as despesas das relações assim baseadas. Confuso? Para mim não! É o trivial.... E não raro, tudo acaba num lodaçal, em que às vezes foi preciso algum esforço, para manter a cabeça à tona. E está sempre a acontecer isso. Até as pessoas que me são mais próximas têm dificuldade em entender-me, quanto mais as que numa curva da vida deram comigo, já nem me preocupa, o fazer-me entender completamente. Cinjo-me portanto, a montar e desvendar a teia de sentimentos da maior lisura possível. Para consumo imediato. digamos assim. Mas cá por dentro, tudo ferve no caldeirão e o rabinho a dar a dar, perdido e encontrado na densa mata dos meus sentimentos.
Aqui ficou mais uma achega para o melhor entendimento da minha pessoa. Oxalá não caia em saco roto.....
                                    António Capucha
                       Montijo, 12 de Setembro de 2012 

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Químicas





A alma apertadinha entre as costelas e o coração, este a bater por bater sem sentido nem destino. Estou limitado aos avisos sérios que me foram dirigidos o fim de semana passado. O coração não entende, mas submete-se, a alma não percebe e definha. Tanta maldade é demais para uma alma habituada a voar largo e alto ou rasante, ao sabor da pressão atmosférica. E isto porque não consegue eximir-se às leis Universais da física. Não consegue, nem quer. Crente que é, de que tudo, mesmo o mais elaborado sentimento, ou o mais frugal instinto, mesmo o mais subtíl, é forcosamente uma reacção quimica dos elementos que constituem o cérebro, que acredito parem os sentimentos. e tudo o que nos diz respeito, desde os movimentos a este elaborado acto de escrever. Não há computador , por mais sofisticado que seja, que se aproxime deste género ou dimensão do nosso ser. Somos sublimes. Felizes os religiosos que simplificam esta nossa dimensão, resumindo-a ao espírito do criador que vive em nós. Sugestão simpática, mas não obrigado. prefiro encarar a dura realidade. A nossa dimensão, quando muito cósnica  Mas limitadas às leis universais da física. Manueis e Joaquinas enquanto outros são basaltos ou granitos, pinheiros, ou ciprestes; céu ou estrelas, cometas ou meteoros, chuvas ou ventos, oceanos ou florestas. Veredas escorregadias, estas. Descendemos dos macacos? Não destes naturalmente. estes de agora já são fruto da evolução de outros anteriores o que teremos eventualmente é antepassados comuns, e é um pau. Custa assim tanto aceitar isto? A minha Santa sogra acredita piamente na inteligência da sua gata, que só lhe falta ler, e escrever à máquina. E também acredita que um Deus, é o criador de todo o Universo conhecido e a descobrir. É tudo uma questão de acreditar. Ou não crer. Deve pensar-se que há cérebros capazes de permutas químicas mais elaboradas no mesmo espaço temporal e essa é a grande diferença entre o crer simplesmente ou duvidar, questionar e reflectir até achar o mais provável. De qualquer maneira sabe-se seguramente sabido que muito ou menos um tanto, são apenas e só permutas químicas e trocas de informações nelas contidas.
Isto vale uma boa discussão, não é?
Por mim estou ao dispor.....

                                   António Capucha

                        Montijo, 11 de Setembro de 2012   

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Betinhos e traidores.....



Para quem leu, a Jangada de pedra, do mestre, perceberá, quem não leu, pois que o faça. Vai sempre a tempo! Aqui este clube de campistas do Montijo é uma mini-jangada de pedra, quando se passa um fim-de-semana em casa, é que ficamos a par do que estes monstros, andam a fazer ao país. Não é nada que não nos tenha acontecido já. Não é a primeira vez que a direita nos governa. E a direita é tão estúpida e quadrada, que só sabe governar assim. Há é um exagero de condimentos direitistas, uma tendência exagerada, das velhas receitas. Daquelas que nem o seu mentor, Oliveira Salazar, porque inegavelmente tinha outra dimensão política, sabia que estas coisas se pagam com língua de palmo, Ao passo que estes Betinhos e idiotas estão eivados de espírito de missão. Até o guru da actual direita portuguesa, o estático, e imutável polígono anguloso e bruto Aníbal, não o dos elefantes, o outro, o menor, o rídiculo, o Sr Silva. O tal que da sua dimensão de lesma intelectual, tentou entravar os louvores ao mestre Saramago e saiu de fininho atrás do seu rasto de ranhoca. Imbecil.... A dimensão cultural portuguesa é tal, que não pode ser representada ou governada por pigmeus, por escória cultural. Duma forma ou de outra no passado souberam sempre os nossos líderes, representar-nos ou merecer-nos. Com pequenas flutuações podemos afirmá-lo de cabeça erguida, e aos quatro ventos e marés. Agora estes anormais, são aberrantes de mais. Só têm igual nos políticos da época, que fizeram o jeito aos Filipes de Espanha, baseados na protecção dos nobres a quem convinha o domínio Espanhol, que era mais favorável à nobreza. E era, naturalmente à nobreza espanhola. E os nossos só tarde perceberam isso. Betinhos, e traidores!!! Tal como então, o poder actual também está a fazer o jeito aos poderosos da Europa, e não aprendem nada com a História, quando tocar a unir, logo veremos como será. O que estão a fazer ao país, em qualquer civilização seria alta traição, aqui é estratégia.... Betinhos e traidores , repito-o. Não há outra saída...... SÃO BETINHOS E TRAIDORES......
 Andam a matar o país, para o servirem às postas ao bancos financeiros internacionais......
VERGONHA!!!!!!

                                            António Capucha

                                Montijo, 10 de Setembro de 2012

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Meco...




Nos idos de setenta e nove, oitenta, do Século passado, as férias eram algo de memorável, tal a densidade de acontecimentos notáveis , porque jocosos, os mais deles, dignos de registo. Trago-os na mémoria, e antes que aconteça qualquer fatalidade, é melhor que a registe, e partilhe convosco. Depois me dirão.
O local era a praia do Meco, e a fauna ocupante era qualquer coisa de se lhe tirar o chapéu. O nosso grupo era constituído por mim "mai'la" minha cara metade e um sobrinho marau que vinha com ordens superiores de me obedecer em tudo e estudar muito. nunca tal "houvera" visto, um escravo branco para me obedecer em tudo. está claro que era um gosto vê-lo à noitinha à hora de dormir o petiz de joelho em terra a beijar-me a mão e dizendo :boa noite, querido tio! O espectáculo era presenciado por todo o acampamento e havia direito a palmas e tudo. Isso mais as caçadas aos gambozínos, cujos se dividiam em três grandes grupos, a saber: Os gambozininhos, os gambozinos, propriamente ditos e os gambozinões, estes mais agrestes. depois as lições de portugês: dadas na praia para devaneio do pagode. Vá diz lá: como se diz muitos lobos? Alcatifa. E um barco muito grande? Banquete. E assim por aí fora. E as lições de geografia! Bom, eram assim: Óh tio, óh tio, o que é aquilo ali? Apontava o caramelo para a barra de Cascais e praias da linha que dali se avistavam. E eu esclararecia: então meu rapaz, que oceano é este? Pressuroso respondia : é o Atlântico! Então o que fica do outro lado do Atlântico? A América! nunca pensei que estivesse aqui tão perto! Pois é meu rapaz. è o chamado erro de pára-lapiz. ( paralax). bem ele saiu dali com a lição bem estudada. Havia o costume entre alguns banhistas, de se lambuzarem todos com argila que colhiam na falésia, Costume estranho, comentava o rapaz. Eu elucidei-o de que os adultos faziam aquilo para terem farta cabeleira na região púbica. Ora ele carequinha de todo passou a andar com fortes pachos de argila na região púbica, e quando voltou para casa insistiu em levar um grande pedragulho de argila, para continuar os tratamentos. Mais tarde vim a saber pela minha irmã que o artista mantinha com a professora grossas teimas acerca do que eu lhe tinha ensinado cujas definições se eu as dissera eram lei.  Entre a população   estival do Meco, uns abundavam, que eram simplesmente notaveis , não porque fizessem algo por isso, eram-no apenas e tão só. Figuras impares como o pianista e a sua "partnair" a D. Jú. Que era assim como a Monsserrat Cabalhet. Fazia dois dele e que não o deixava põr o pé em ramo verde. Ele terá sido pianista animador de salões nos paquetes de recreio, e ela era professora de canto lírico. E aos serões à volta duma fogueira cantavamos quadras soltas o mais das vezes porcalhonas mas jocosas. Eu esgalhava a guitarra e aquilo era uma festa, onde havia sempre algo para grelhar no lume. Uma bela noite estava o arraial armado chega-se-nos um grupo de pinantes bem orquestrados e entram na desgarrada, carregando na mostarda. A D. Jú, furiosa, porque perder nem ao botão, ela que usava sempre um português muito fidalgo, diz-me pelo canto da boca Chegue-lhes com aquela dos cagalhões, Sr. tonica! Caí do espanto abaixo mas fi-lo. Manda quem pode. O Pianista tinha um mala térmica onde havia de tudo, restos de fruta, saltos de sapato, colas, pacotinhos de pudins para ele juntar ao leite, porque não lhe tolerava o sabor, e um dia convida o meu sobrinho para o pequeno almoço. Mas o gajo gostou das mixórdias do pianista e reincidiu, umas quantas vezes.
Doutra vez o pianista estava meio metido , meio fora da tenda pequena em que eles dormiam.  E revolvia-se furiosamente. Veja lá S. tonica (Meu deminutivo íntimo) aquela gaja está-me p'ráli metida em sarilhos e um gajo aqui à espera, sabe como'é que é, um homem tem necessidades.... Vá lá por favor buscá-la que ela a si tem respeito. Ao ver o amigo em apertos tão fininhos, resolvi que sim senhor,   iria lá. Bom o borburinho resultava de o marido de uma Senhora, tão discreta que não parecia  capaz de partir um prato. Mas que afinal tinha partido a loiça toda, tinha fugido para o Meco com o seu amor de circunstância. O marido vei-o reclamar o que por direito achava pertencer-lhe, e a coisa pegou fogo. A boa da D. Jú lá estava, para saber de tudo em primeira mão, e meter-se de permeio entre o marido e a fugitiva.  Lá a trouxe de volta ao lar apertado. Para o pianista a dedilhar a preceito. Havia outra parsonagem, o dezoito, que andava sempre bêbado como um carro. Tinha uma mulher linda e eram Irlandeses. Ele juntava-se a nós para o fóró, E um belo dia estavamos a comer melão e o meu cunhado dáva-lhe as cascas. toma pá é bom!E o reco passou a noite a comer casca de melão. A mulher dele aparecia uma vez por outra á procura dele e cantava uma canção celta. Um sacola dum Beef, na praia teve o azar de se chegar de mais a nós, e um cão que eu tinha na altura, velhaco como tudo, daqueles que correm atrás das motas, sabem como é? Que se chamava neribi. Rosnava-lhe forte e feio. O Beef continuava de mão estendida e no seu português algarvio ia dizendo: toma, ser bom, ser presunta. Dei uma palmada no cão e um banho de Mar, foi o calmante de circunstância. Não fora isso, e a imprensa britânica no dia seguinte diria do desaparecimento misterioso dum súbdito de sua majestade (curva) ao que se sabe a população local é um tanto selvagem mas não consta que seja troglodita. O mais provável é que tenha sido apanhado por uma matilha de lobos, machos, porque dele apenas resta o pirilau, o farto bigode e a fornalha do cachimbo.
Tempos heroicos esses em que jovens, eu e a D. Maria, andávamos por ali como Deus queria, porque assim, nos terá  feito. Dizem. A Revolução tinha fenecido, havia pouco. Mas felizmente ainda não havia Cavaco Silva, foram Bons tempos, apesar de tudo.....


                                      António Capucha

                            Montijo, 7 de Setembro de 2012

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Tempestade...




Não é o caso de hoje, infelizmente para um amigo e coabitante desta praça velha, que sofre de asma, e num dia de Sol a rodos como este, no qual todos os gases raros se excedem, tornando-lhe a vida num inferno. O que ia dizer é que não percam a oportunidade de saborear um dia de tempestade vista de uma falésia junto ao mar. Tudo ganha contornos diferentes. A linha do horizonte regride e o Mar ganha tons de cinza, esbatendo-se no negrume da distância. A tempestade geralmente vem do Mar em rolos negros galopantes aqui e ali salpicados da luz dos relâmpagos. E o ribombar chega-nos em milhares de reflexões. Por fim o negrume cobre-nos, e já não são relâmpagos, raios riscam o Céu à nossa volta em tons de azul, amarelo e sempre muito brilhantes. Grossa bátega de água açoitada pelo vento fustiga-nos o rosto. A contemplação desta enorme beleza não nos deixa arredar pé dalí, apesar do perigo, a minha mulher que é uma cagadinha de medo destas coisas, uma vez até se chegou mais perto do Mar, para se enquadrar melhor naquela beleza selvagem e eu, fiz-lhe companhia, está claro, Não tinha-mos dito um ao outro que era para o melhor e para o pior. já tinha sido há algum tempo mas ainda estava válido. Ai estivemos ao provir das coisas tal como manda a natureza, e a tempestade foi-se tal como veio, sem avisar. Apenas tinha-mos na boca aquele sabor estranho do excesso de O2, - ozono- que sempre sobe numa tempestade com raios e coriscos. O ar fica lavado como se tivesse sido esfregado com lexívia. E nós ficámos felizes por termos resistido ao medo. Espectacular. Só mesmo visto e sentido. Não sei descrever melhor.... Molhados até aos ossos e a rir, sem rei nem roque..... As gaivotas essas zarparam dali  a sete pés e quatro asas.  
                                António Capucha
                    Montijo,6 de Setembro de 2012

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Enfermeiras....




Vinham a caminhar na minha direcção e caminhavam lado a lado em passos entrecortados e ritmados. Por breves instantes fiquei em dúvida se seriam as "arrãs" daquela peça de que a minha mulher fala, eram verdes! Ela é culta e lê livros sem figurinhas e tudo. Ela é que fala dumas "arrãs" que afinal eram "doentes" - ou serão duendes?- verdes..... Bom ela lá sabe . Ela é que tem os livros. para mim sobram apenas as dúvidas, e já não é mau. Bem.... Então as criaturas vinham assim, como o homem de lata e o leão mais a Doroty, andavam pela "yelow breack road". mas também não eram esses. Mas eu conhecia-os de uma "estória" qualquer. Nisto ouço uma voz que me diz: Sr. Capucha, há-de falar da gente lá no seu blogue! Aí fez-se luz. Não era "estória" nenhuma. Eram enfermeiras daqui do Montijo, que trajam de verde. A sua alegria contagiante fez o resto, confundiu-as com personagens do nosso imaginário. São uma presença constante nas nossas vidas aqui neste castelo da saúde. Sorriso sempre pronto e simpatia às paletes. E que bonitas que são, é um gosto vê-las por aí ou a dar-nos a medicação às refeições. estão sempre presentes quando necessitamos de seja o que fôr. Não será por ingratidão que só agora me refiro a elas, e eles, pois então. Sou é muito distraído. por vezes têm que me lembrar as coisas mais elementares. E esta é uma delas. Claro que sim minhas queridas, vocês são um grupo socioprofissional, sem o qual, não sei , nem imaginar posso, saber como seria isto. Justíssima esta referência por conseguinte. E se me permitem têm lugar não só no blogue, como também no meu coração. Há sempre lugar para gente bonita.


                            António Capucha


                 Montijo, 5 de Setembro de 2012

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Estou "in"....


Quando o dia nos sorri. Não há nada a fazer! Derradeiramente, somos invadidos por uma onda de positivismo e não adiantam razões em contrário que os espantalhos nos agitem em frente dos olhos.Tudo será um mar de rosas. Até o Benfica parece de gente bem, um tudo nada enganados, mas indubitavelmente, gente. Óh manos, desculpem lá mas é assim mesmo. Estou a vender quase ao preço de compra. Ainda acabo por ser multado pela autoridade da concorrência, que como se sabe é branda com os ricos e poderosos, e é agreste, com os pobres e deserdados da sorte. Sabeis em que grupo me acolho? não preciso de meter mais na carta. Ocorreu-me entretanto que há pessoas a quem me afeiçoei, aqui nesta praça velha do Montijo quando, ainda bem que esse pensamento me ocorreu em dia "in", que será de mim orfão, desses amigos e amigas, quando acontecer que algum deles se vá embora por qualquer razão. andarei a bater com a cabeça nas paredes? Algo me diz que não! Na vida há sempre coisas boas e menos boas, basta optar sempre pelas boas. É claro que se torna necessário sabe-las distinguir umas das outras. Mas mais carolada menos carolada, hei-de conseguir.
Hoje pela fresca da manhã, estive a observar dois pardais atrevidos a saltitar contentes e vaidosos da sua plumagem castanha e preta, a mordiscar sementes em hastes mais longas, e despudoradamente ali à nossa frente, atrevidos. Aquilo deu-me cá uma alma que só visto. Fiquei logo ali a saber que o dia me ia correr bem. Filhos da mãe dos pardalitos. Quem é que lhes confere este poder de dizer-nos: vai em frente, os caminhos nunca acabam. Intuí com alguma facilidade, que é preciso ter a pestana aberta e sem peias olhar simplesmente, o que se nos oferece ver. 
A vida é mesmo bela.....


                                   António Capucha

                        Montijo, 4 de Setembro de 2012        

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Nesta curva apertada da vida....



Não mentirei se disser que não sou ingrato. É que não sou mesmo..... Posso é não dar muita expressão, a esse factor, o que não é seguramente o mesmo. Surpresos, por ventura, perguntais! A que propósito vem esta arenga toda? Não sem propósito, esclareço que, apesar de um pouco tardia, faltava dizer-vos da importância que algumas pessoas, aliás queridas pessoas, tiveram para que tivesse atravessado o internamento hospitalar sem maiores mazelas, que as que trouxe. O internamento em si, suponho que terá sido o adequado às circunstâncias. Mas que foi penoso , lá isso foi!!! Tanto quanto me lembro, mesmo, ou sobretudo nos períodos de demência do coma. havia um pensamento que me dominava em absoluto. Tal era de que aquela "estória" não era a minha, estavam todos enganados, queria sair dali. Era este o meu estado de espírito. essa fase penosa e pesada arrastou-se por uns sete ou oito meses. nesse tempo todo, contei com a solidariedade e amor das minhas irmãs e cunhadas, a Jaquiná, e a condessa dos Riachos, por um lado familiar e pelo outro com a querida Zai, irmã da minha esposa e portanto minha cunhada, que rodavam com as minhas irmãs : Midete; Cristina e Ninita, para me fazer companhia e dar-me o comer à boca, que na altura estava um traste. Ao jantar nunca me faltou nada, a minha querida tia Odete, uma das duas irmãs, sobrevivas, à minha mãe Maria. A outra morava longe, e andava adoentada. Não posso esquecer também a prima da minha mãe e minha prima também, Victoria, enfermeira veterana, e de uma meiguice inexcedível. visitava-me amiúde, e trazia-me fruta do seu quintal, fresquíssima. E o mano velho, duas ou três vezes por semana o tinha à cabeceira a dar-me força. Hoje está tão coxo como eu. A sua amada moto, uma Harley, que mais parece um automóvel de tão grande que é. Fez umas guinadelas e virou-se em cima do seu pé esquerdo esmagando-o. Agora anda de canadianas e cheio de placas e parafusos no pé. Tem ali para uns meses. O mano Chinoca e Luis foram visitas sempre que lhes foi possível, todos disseram presente neste que se transformou, num caso da família que somos. Sabia que podia contar convosco. Se não "semportam"
tenho que aqui deixar registo do meu obrigado a todos. O ter contado convosco nesta curva apertada da vida, foi bom.....
OBRIGADO

                                António Capucha

                    Montijo, 3 de Setembro de 2012