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quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Tempestade...




Não é o caso de hoje, infelizmente para um amigo e coabitante desta praça velha, que sofre de asma, e num dia de Sol a rodos como este, no qual todos os gases raros se excedem, tornando-lhe a vida num inferno. O que ia dizer é que não percam a oportunidade de saborear um dia de tempestade vista de uma falésia junto ao mar. Tudo ganha contornos diferentes. A linha do horizonte regride e o Mar ganha tons de cinza, esbatendo-se no negrume da distância. A tempestade geralmente vem do Mar em rolos negros galopantes aqui e ali salpicados da luz dos relâmpagos. E o ribombar chega-nos em milhares de reflexões. Por fim o negrume cobre-nos, e já não são relâmpagos, raios riscam o Céu à nossa volta em tons de azul, amarelo e sempre muito brilhantes. Grossa bátega de água açoitada pelo vento fustiga-nos o rosto. A contemplação desta enorme beleza não nos deixa arredar pé dalí, apesar do perigo, a minha mulher que é uma cagadinha de medo destas coisas, uma vez até se chegou mais perto do Mar, para se enquadrar melhor naquela beleza selvagem e eu, fiz-lhe companhia, está claro, Não tinha-mos dito um ao outro que era para o melhor e para o pior. já tinha sido há algum tempo mas ainda estava válido. Ai estivemos ao provir das coisas tal como manda a natureza, e a tempestade foi-se tal como veio, sem avisar. Apenas tinha-mos na boca aquele sabor estranho do excesso de O2, - ozono- que sempre sobe numa tempestade com raios e coriscos. O ar fica lavado como se tivesse sido esfregado com lexívia. E nós ficámos felizes por termos resistido ao medo. Espectacular. Só mesmo visto e sentido. Não sei descrever melhor.... Molhados até aos ossos e a rir, sem rei nem roque..... As gaivotas essas zarparam dali  a sete pés e quatro asas.  
                                António Capucha
                    Montijo,6 de Setembro de 2012

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