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quarta-feira, 27 de abril de 2011

Flores do mar

Flores do Mar

Gipsofilas…. Gipsofilas, rimará com o quê? Pois em Peniche rima com Chicharro dourado…. Nunca vos passou pelo estreito , não é verdade?
E se forem Estrelícias? Bom aí fia mais fino…. Cheira logo a flor típica da Madeira…. A terra do Soba Alberto João…. Também por cá as temos. Porque clima marítimo é connosco, da mesma forma que com eles é…..  As nossas Estrelicias são então rima de pé quebrado com por exemplo: Badejo, ou Serrajão  que é assim como um Atum rabilho, mas em ponto pequeno….
E que afinidades têm a Tremelga e a Costela de Adão? A Tremelga dá choque e a costela de Adão não! A Costela de Adão dá um fruto extemporâneo parecido com o Ananás, que dizem ser excelente. E a Tremelga nada no fundo do Oceano até ser filada nas redes e então tem vários caminhos, ser seca ao Sol como a Raia, com a qual se assemelha…. Nestes preparos estendida na rede de seca, com golpes do centro para a periferia, não fora a variante da cor e dir-se-ia que era uma folha de Costela de Adão….
Já as Orelhas de Mula, parecidas com o que lhe deu o nome, apenas, um tanto avantajadas e verdes bordejam um canteiro fronteiro ao que tenho na frente, mas sobressaem pela sua opulência, como os Meros que patrulham o seu território de caça como se fossem donos do Oceano e se tornam notados pela sua majestática pose…
As Espadas que em Peniche mudam de sexo, confundem-se, estas já pelo nome, com os Gladíolos….  Que suponho tenham ido buscar o seu nome ao Gládio, a espada dos romanos….  E em verdade, em verdade vos digo, que não há Penichense digno de o ser, que não diga: A Espada quando se refere aquele peixe divino, prateado, esguio e comprido como uma espada…. E não como um espada…. Certo? Depois as miríedes de flores miúdas e belas, cheirosas como as Malva Rosas, as serigaitas das Sardinheiras , os brincos de Princesa – que nas tascas são outra coisa – As Rosas de mil cores e fragâncias …. São do Jardim como de mil cores e sabores são os peixes de cardume…. Aos centos …. Aos milhares nesta terra bendita que é terra e Mar ao mesmo tempo E que na minha cabeça se confundem…. Estar em Peniche é ter tudo isto ao alcance da mão….
Quando saio a porta de casa, tão depressa vou ao Mar buscar limões…. Como vou colher uma folha da Betadine, para derramar a sua seiva ocre numa ferida recente…. Assim tratada, arde como um raio um par de horas, mas no dia seguinte está seca, com uma bela crosta e a cicratização é irreversível.  Ou no jardim lanço largo e vou apanhar uns Percebes….
Percebem? 

                    
                                         António Capucha

                                     Peniche, Abril de 2011



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