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Big bizu em "A Cataplana" |
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Varanda de pilatos |
Eu gostava de vos contar uma “estória” ao jeito de muitas que já vos contei, jocosa heróica Q. B., o mais possível fantasiosa, que não fantástica, que seja uma representação da vida ordinária e vulgar de criaturas simples, ordinárias e vulgares.( o Bilhete de identidade da juventude do meu pai dizia dele, ser um cidadão ordinário…. Era o tempo em que os cidadãos se dividiam em vulgares e transcendentes, especiais de corrida, digo eu…..)
E personagens? Sem dar por isso já vão mais que muitas….. Daqueles contos maiorzinhos: A Cataplana, ou a Verdadeira “Estória” do Atleta, só por si trazem bastantes personas, umas mais gratas que outras, mas não de forma a que as torne em personagens tipo, têm vida e personalidade no âmbito daquelas “estórias” em concreto, mas fora dela não respiram tão forte, como por exemplo o inefável João Tabefe, caçador imérito e avoengo de referência da linhagem Capucha, é um artista e tanto. Outro, o "Nandinho de Campolide". Um “pintas” que resultou da mistura, ou soma não ponderada de uns quantos personagens reais. Cada um com seu predicado mas que têm em comum uma malandrice endémica, daquelas que não sai nem com “sabão macaco”. Muitos estão a pensar que isso de sabão macaco é um recurso estilístico, uma brincadeira de palavras…… Pois não senhor…. Fiquem sabendo que existiu…. Era um sabão ou um conglomerado de detergente com material abrasivo, que fazia o efeito que hoje em dia é feito por uma panóplia de produtos que se comem uns aos outros, em concorrências nem sempre leais, coisa a que o bom do macaquinho era poupado…. Estava só no mercado…..
E "o Constantino"…. O tal que dava choques eléctricos, com a sua imponente narigueta, pequenês quase anã e barba cerrada que parecia lixa nº 3….
Outros de tão reais que deixam um buraco aberto pela sua ausência.:
O Vasco que amansava cavalos, bestas…. Capucha….
O Tonho amigo próximo e distante, que Trouxe a aviar copos na marginal Norte do Cabo Carvoeiro (Peniche em "As Traineiras também se abatem") ao pungente Manel "Bitoque" de alcunha, que deriva de um outro bitoque que era Zé e esse, foi-o efectivamente e ainda o deve ser….
Personagem de mistério esta Estela Serrano, interprete da mais sensorial experiência proporcionada pela enorme força mística do promontório do Cabo Carvoeiro. As sensações que esta paisagem e toda a conjunção dos diversos elementos em presença, são de tal forma avassaladores que uma personagem máscula, não exprimiria tamanho acervo sensual…. Sem a mais pequena hesitação fui Estela Serrano, sem dar por isso e em minha opinião este conto a “Varanda de Pilatos” é um hino à sensibilidade feminina. Embora por vezes me queira parecer que hoje em dia as moças prefiram ser assim uma espécie de “Rambas”. Conceito em que a heroicidade substitui a fragilidade, ao mesmo tempo coureácea feita de sensibilidade a rodos, que delas faz aquilo a que num raro, (porque de qualidade), filme Holliodesco, se chama “Flores de aço”….. Senti-lhes a força ao cria-lo. Felizmente não me faltou agilidade mental para o fazer…. Exactamente por isso é um dos textos de que mais me orgulho….. Pode parecer muita coisa, mas é só isso, o que já não é pouco…..
Revisiteei-os e gostei…. Revisite-os também e digam-me qualquer coisa.
Consegui o que fundamentalmente queria, que era não falar da merda da crise que já foi financeira e económica e que agora é também política. Mas tenho para mim que o que é, é MERDA, pois a isso cheira. Já mete nojo ouvir tanta gente a repetir-se e a grizarem-se todos, sem uma pontinha de originalidade. Os nossos jornalistas, cronistas, comentadores e blogistas, arregimentados até aos tomates e a repetirem até ao absurdo a mais baixa expressão dos média portugueses de que tenho memória…..
Escapemos pois a esta vergonha colectiva…..
António Capucha
Vila Franca de Xira, Abril de 2011
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