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quarta-feira, 15 de junho de 2011

Estávamos a falar do quê????

Guernica - Pablo Picasso

A grande chatice é que os nossos demónios acordam sempre antes de nós.
Quando tomamos conta do domínio dos nossos sentidos, após a soneca entorpecente, já há muito que os nossos medos e vergonhas, estão no terreno exercendo o seu trabalho de “sapa” de minar as possibilidades de sermos melhores e mais úteis. Alguns, diria, nunca dormem! Esses são os piores. Mefistófeles implacáveis, de eficácia total e sem remissão. Nem sequer é curioso que todos eles façam parte intrínseca da nossa condição de ser. É a mais pura das verdades…. O sono; a fome; a agressividade; o sexo; a paixão…. Sei lá, tantos nomes tem a besta, que nem sequer necessita da nossa vontade para se afirmarem…. Pelo contrário, as virtudes, como: O amor; a solidariedade; a bondade; a generosidade e outros predicados, já requerem toda uma conjunção de sentidos e toda a racionalidade que pudermos arrebanhar.
Isto é: Para fazer “merda” não precisamos de mexer uma palha. Mas para fazer algo que valha a pena, já temos que reunir muitas vontades e todas as capacidades que para o efeito forem requeridas….
Se esta é, e assim parece ser, a ordem natural das coisas, já é esperar muito que nos portemos bem.
Portar mal, passa a ser portanto a ordem natural das coisas, e de estranhar, é que bem nos corram.
Nesta estrutura, que acreditamos seja a nossa, pessoas há que tendo a “telha” de matutar sobre isso, vivem de tropeço em tropeço, numa constante expiação dos seus muitos pecados… E da sua incapacidade de fazer prevalecer a o razoável sobre imponderável. Envelhecem inexoravelmente na complexa frustração de tentarem fazer triunfar o racional e bom sobre o demoníaco venial do seu ser….  Apenas uma coisa pode e pesa bastante nesse particular…. E esse é outro factor que não se controla, é também da lei da vida…. É o Tempo…. Que imperativamente passa sempre e só num sentido. E com ele trás a falência dos demónios. Que não se entregam sem luta. Longe disso! O sono e a fome, deixam de ser urgências. A agressividade, fica nas covas com a fraqueza evidenciada. O sexo…. Deixa-me rir…. E a paixão, por maioria de razão, fica a ser uma coisa dos livros…. 
Apenas num pormenor esta não é a completa e derradeira verdade…. É que por estranho que pareça, é o lado racional, o intelecto portanto, que pega nessas bandeiras do demo, e as projecta numa vida virtual, mas de um rigor tal, que as emoções são mais fortes e distintas do que eram, quando eram só defeitos…. E por artes mágicas, deixam de ser sentidas como perniciosas….
É o verdadeiro “Império dos Sentidos”, sem culpa nem nada, as paixões mais violentas, o sexo mais ardente, desancamos sem piedade neste e naquele, se calhar porque são curricularmente: Este e aquele…. Dorme-se e come-se quando se quer…. E tudo sem remorsos…
Lamento mas se ainda cá não chegaram, a este estágio de perfeição, não tentem entender. Apenas sereis conduzidos a sentimentos de menoridade que podem não ser reais…. Só mais tarde se revelará de que massa sois feitos… Vivam com calma e serenidade porque muito pouco depende da vossa vontade… Não matem a cabeça a procurar a pureza do suco da barbatana. Porque quando cá chegarem verão que não passava de carapau de gato…..
Bom….. Mas, estávamos a falar do quê?????


                           António Capucha

              Vila Franca de Xira, Junho de 2011

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