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quarta-feira, 6 de março de 2013

Penso eu de que....




Como funcionamos uns com os outros? Parece uma coisa "standard" de simples relação, mas nunca é assim. Primeiro nunca falamos com outro em função de ele mesmo. Falamos, isso sim, de nós para connosco.... Que quer isto dizer, não falamos com o outro, mas, aquilo que achamos que somos, fala com aquilo que achamos que o outro é, se houver coincidência entre o que o outro pensa de nós e  o que nós achamos que somos.... Há diálogo, isto é: Connosco.... Nós próprios, com a nossa ideia do outro..... Complicado não é? E para que a conversa seja profícua, torna-se necessário fazer casar, ambos os conceitos. Se abdicamos do juizo sobre o outro a conversa não será mais do que circunstancial, de menor envolvimento por assim dizer, embora possa parecer o contrário, isto é, ser prova de respeito pelo outro. Quando não o é.... Prova de respeito pelo outro, é facultar-lhe o conhecimento do que nós achamos dele.... É matéria muito complicada exactamente por isso, é que o outro pode não gostar da ideia que dele damos. Daí a origem de desaguisados e desentendimentos, porque é muito raro que haja coincidência, entre o que achamos de nós próprios e o que os outros acham de nós. Fiz-me entender? Mas à cautela, sempre será melhor sermos inequivocamente e sempre, nós próprios, fica pelo menos metade da inteligibilidade conseguida,  melhor: Garantida... 
Vem esta reflexão a propósito de desesperadamente tentar um dialogo que não há meio de tomar forma com uma pessoa de quem sou comprovadamente amigo. Algo está a escapar a esta intrincada malha de lógica... Existe o conhecimento mutuo, é inegável.... Está a falhar o quê exactamente? Pois não sei... É um mistério de anos e anos. Acho muito sinceramente que é capaz de ser pelo facto de um de nós ou ambos não se revelarem completamente, tornando estranho este dialogo entre eu e eu..... Ou a avaliação de um de nós, não está certa ou não agrada ao outro.... Mas sinceramente acho que é a auto-apreciação de um de nós, que não bate certo com o que ele é intrínsecamente.....

                                               António Capucha

                               Vila Franca de Xira,6 de Março de 2013  

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