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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O avô Zé Vaz

José Vaz Antunes
O inefável João tabefe, homem façanhudo de bravata fácil, e sorriso pronto, co-fundador da nossa estirpe, conjuntamente com a Capuchinho vermelho, de quem herdamos o nome. Personagem já atrás "blogada", revelou-se com uma aptidão para figura “estórica”  fora do comum, protagonizando inúmeras peripécias que por pouco não mudaram o rumo da grande História. Não sei exactamente porque portas travessas, um seu sobrinho-neto veio a herdar-lhe o jeito de ser, bonacheirão, desbragado e valentão. Quase que sem de tal se dar conta, acaba este, por repetir ao ancestral, a vocação para fazer "Estória" incógnito, ou quase. Pese embora o facto de a História o mais das vezes o ter esquecido, tal como já tinha feito ao seu parente de antanho, por vício de sistema, ou ignorância dos seus autores autorizados. Fica-nos de ambos, valha-nos isso, flamejante, a "Estória" quase sempre mais verdadeira que a oficial.  Porque “ficou escrita no vento” que sempre sopra a “destempo”, quando não completamente contra a corrente oficial…..
Chegou a vez de este último, o sobrinho-neto, saltar para a ribalta....Era apanhador e processador de “sumagre”, uma espécie de acelga ácida, que antes do limão chegar à Europa, era usada desde os romanos para temperar saladas. E não só.... Dela também se extraía um pó vermelho usado em tinturaria, e segundo reza a sabedoria popular, (A voz do povo , é a voz de Deus) ,  esta planta de montanha, tem igualmente, propriedades medicinais…..
O José Vaz Antunes, assim se chamava o nosso herói, Passou a sua infância e adolescência na terra dita dos “sumagreiros”: Tinalhas…. De onde foi arrancado pelo serviço militar. Não se lhe deu acusar o toque. Imperturbável foi industriado nas artes e aprumo militares. E também foi com serenidade que foi mobilizado para a guerra na longínqua França, isto na  anciã, Primeira República Portuguêsa….. (como se escrevia na altura). Não consta que fosse fervoroso republicano, mas monárquico também não o seria, penso.... Destemido era-o por certo. Andou a fintar as balas e canhoadas dos obuses dos Boches, na batalha de LA LYS, onde muitos portugueses deixaram a pele durante a I Grande Guerra Mundial, reeditando o mito do portuguezinho valente e comedor de Castelhanos e mouros ao pequeno almoço. 
Pois o nosso avô, sobrinho-neto do Tabefe, Não se deixando impressionar pelos horrores da guerra, era no entanto rapaz astuto e observador das gentes e suas coisas. E os franceses, que ele nunca vira mais gordos, tinham jeitos e trejeitos diferentes dos seus e formas diversas de fazer coisas, como o vinho por exemplo. E as mulheres não tinham a alma tão cercada pela “burka” do preconceito. O nosso Zé bebeu de ambos…. E aprendeu-lhe o truque dos vinhos e do resto….  E se de uma lhe valeu a argucia de saber entender as coisas que observava.... Da outra, valeu-se da perdição das francesas pelos seus olhos escuros e risonhos....
De tal forma sorveu as diferentes formas de fazer e ser, que quando regressou à Pátria, ganhou o concurso regional de vinhos e  Arranjou noiva.... Nunca mais passou a bola a ninguém….
O truque parece-me agora ter sido o mesmo para ambos: O amor…. Coisa que para ele, era de aplicação comum a mulheres e pelos vistos: ao vinho. Isto porque na fase critica da sua fermentação dormia na adega fazendo amor com o mosto, controlando a sua passagem do açúcar para o álcool. Como um amante controla e doseia o fruir do prazer que "prodigamente" se cede às companheiras …Como é que eu sei disso? É que eu provei o vinho…. E como felizmente conheço o amor, posso dizer que têm um trajecto comum…. É  feito da mesma massa….


      António Vaz Antunes Capucha

Vila Franca de Xira, Fevereiro de 2011

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