Deixem que vos conte uma "estória".... Vão uma paulada d'anos, numa passagem de ano, estava em casa com a minha mulher e uns primos a malhar champanhe e fumar charutos e pouco passava da meia-noite, A campaínha toca furiosamente e uma vizinha esbaforida, lá se fez entender, e que chegasse lá a casa, que o marido tinha caído.... Segui-a e ajudei o senhor a levantar-se, obridadinho sim senhor, mas que não era preciso mais nada, mas a vizinha insistiu que ele fosse ao Hospital. Se eu não me importasse, levava-o eu... Que sim senhor, claro.... O homem, quando se apanhou sozinho comigo, disse : Óh vizinho não ligue.... Eu tenho "câncaro" e isto já passa.... Queria dizer na dele que não valia a pena ir ao Hospital, havia de voltar com ele na mesma, que não havia remédio.... Amanhã vem o meu filho passar o dia comigo e eu não quero estar no Hospital, mas como sempre, e em tudo, é a mulher que manda, vai daí, meti uns charutos no bolso e lá fomos. levei pelo sim pelo não, um saco de plástico com os medicamentos que ele estava a tomar. Eram uma "macheia" deles e lembro-me de ter pensado: não admira que esteja doente, porra.....
Mal sabia eu, que volvidos uns anos, seria eu a andar com um saco enorme de "drunfos", atrás, e a fazer quartos de sentinela no hospital.... Já não com "câncaro", ( foi-me tirado um do intestino , mais precisamente do "cólon"), suponho, mas com os meus achaques.... Espero que a Nita, não tenha que andar a pedir socorro aos vizinhos, muito menos a uma passagem d'ano, em que toda gente o que quer é emborrachar-se à força toda e dizer babozeiras.... Sinto uma certa e doseada alegria de viver e enquanto assim fôr, acho que, não haverá novidade... Mas a quebra dar-se-á.... Disso posso estar certo.... Mas ainda falta algum tempo.... Utilizemo-lo portanto, enquanto é tempo.....
António Capucha
Vila Franca de Xira, 12 de Abril de 2013
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