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quinta-feira, 25 de abril de 2013

Vinte e cinco d'Abril Sempre...




Hoje estou sem sono, como há quase quarenta anos estiveram os militares que saíram a terreiro, para nos devolverem a esperança. O que começou por ser um movimento corporativo, depressa extravasou, e estendeu-se a todas os sectores dos militares, e civis e adquiriu contornos claramente políticos, a começar pelos conceitos mais prementes há altura, como sejam a restauração das liberdades de associação e manifestação, de imprensa, a libertação dos presos políticos, em suma, as liberdades "lacto censo". E o fim  da guerra colonial. Quase tudo o mais seria coisa que viria por acréscimo, Pouco se dizia quanto à forma política que revestiria todo esse conjunto de novidades, mas estava quase implícito que os pontos importantes seriam a Democracia,  o pluralismo e eleições livres e uma nova Constituição. Como se sabe, Haviam ao Tempo diversas formas de Democracia, desde a representativa. do tipo Europeu, à popular, dos países do leste e China. O fim da guerra colonial implicava a independência das Ex-Colónias. E isso ficou muito claro logo do principio. Não tão claro era o quem é quem e quem mandava. A primeira figura foi o General Spínola, figura petulante e controversa, que teve a lata de se achar a referência dos militares revoltosos, e negociar com o Marcelo Caetano a rendição do regime. Em relação à sua figura os militares também conhecidos pelos capitães d'Abril, estavam divididos... Montes de contradições e acções muito mal explicadas, vieram a resultar no progressivo afastamento do General e a assunção da nova estrutura dominante: Um novo Conselho da Revolução. Também não isento de divisões, teve no entanto o mérito de rebocar a situação até serem cumpridas as promessas fundamentais. 
O resto já se sabe como foi. o que nem toda a gente sabe é como tudo nasceu. Chamei-lhe há dias o dia  em que quase se fez um milagre. A Constituição, em vez de uma Democracia pluralista avançada, acabou por criar um sistema de "partidarite aguda".  O surgimento dos partidos foi algo de muito importante, significava o ploralismo político, mas não se esgota neles, nos partidos.       Torna-se bem difícil criar qualquer organização de intervensão política, de Democracia directa, iniciada por cidadãos independentes, dos partidos, qualquer outra, que escapasse ao seu controlo, não era bem vinda. Assim se tornaram na forma quase exclusiva de fazer política. E para nossa desgraça os partidos trocaram as ideologias que os distinguiam, uns dos outros, por apoios de grupos de interesses económicos, que os ajudássem a ganhar eleições. A militância, cedeu o lugar ao clientelismo político, e os programas políticos deixaram de o ser, para no seu lugar surgirem as estratégias de grupos de poder global, que tinham por base empórios económico financeiros e agora também expressão política, com possibilidades de influenciar e até legislar   no seu interesse. Claro que a contrapartida disso resulta na mais hedionda exploração da população trabalhadora, mas não só.... Também ficou para trás o interesse Nacional. 
Honra seja feita ao PC e ao BE, que mantém a sua matriz ideológica. O resto, desgraçadamente, está vendida a interesses vários que não os do povo e da Nação portuguêsa. E esta situação dura até hoje, de momento agravada pelas contradições da chamada crise, que nos vem sendo imposta, com os efeitos que todos sentimos. Já se ouvem vozes dentro da tropa a dizer que: temos que fazer outro vinte e cinco  de Abril, Por mim estão à vontade....  Nós povo, teriamos muito pouco, ou nada a perder....  

                                                    António Capucha

                                    Vila Franca de Xira, 25 de Abril de 2013

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