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quarta-feira, 7 de agosto de 2013

"Quase Morte"...




Estou a assistir a uma reportagem de pessoas que relatam as coisas vividas durante experiências da chamada “quase morte”. Ouvi e respeito as suas opiniões e a sua descrição do fenómeno, mas eu que estive nessa situação ao que me dizem por mais que uma vez, não recordo nada de semelhante. Aliás não recordo coisíssima nenhuma. O que tenho de memória desse tempo são verdades plausíveis sequências de acontecimentos extraordinários no entanto plausíveis. Coisas naturalmente fantasiosas mas muito reais, e como disse passíveis de acontecer, no entanto improváveis. Estive em Londres, numa filial do hospital de S. Marta, estive no velhinho Quelhas para onde se teria transferido a enfermaria, estive numa suposta casa a caminho de Peniche, mais precisamente na Marteleira. Casa das arábias onde residia o cirurgião chefe de S. Marta, cujo se injectava com bagaço da sua lavra, numa artéria da perna, e onde ao fim de um tempo que terá levado a cedência que fiz da minha vez, para operarem uma miúda que padecia não sei bem de quê. O realismo e a fantasia coseram-se de tal forma que me vejo no edifício da minha escola secundária a recuperar e recordo negativamente que um enfermeiro por quem nutria um ódio de estimação, porque era petulante e arrogante e em suma parvo, e estando á roda com outros doentes estava a contar uma “estória” em tom jocoso e o parvalhão assenta-me um murro no peito. Terá sido o desfibrilhador … Ou quê? Pois é, “no sabremo mai”…. De novo a fantasia plena de realismo fez com que a minha cunhada, pessoa de quem gosto particularmente me foi visitar e me deu a sopa à boca e a quem mostrei a costura da operação de peito aberto. Cabe aqui referir que fui compelido a entrar no hospital para fazer uma operação urgente ao coração, fazer quatro “By pass”
Em vez disso fiz quatro semanas de coma…. Não partilho das descrições das pessoas nesse programa aquela “estória” da luz intensa e bela o sair do corpo e ver-me a mim próprio, na cama e cheio de tubos por todo o lado. Isso parecesse demais com as teorias balofas da natureza humana segundo os preceitos da Santa Madre. Eu ateu que sou, fico-me pela fantasia bem realista e daqui não saio nem que me matem…. O meu intelecto terá criado toda esta panóplia de fantasias reais, e acredito que escondida no meio delas, estará  o click, um qualquer factor químico, que não me deixou transpor a linha para o lado de lá. Seja como fôr, tanto eu como as outras pessoas que foram trazidas a relatar os seus casos, nada do que nos aconteceu, aconteceu para lá do nosso intelecto, tudo teve origem e fim determinado pelo nosso subconsciente, que é uma parte do nosso intelecto. Cada um de nós viveu-o de acordo com a sua formação cultural, e posição religiosa…. As ”estórias” resultam diferentes, penso, que devido às diferenças de convicções do “pós morten”. No meio desta caldeirada de amores e desamores, estará a verdade, cuja, nunca terá saído das nossas cabeças. E não sei dizer mais….. A questão já é sobejamente extraordinária, pelo que, se dispensam angelicais figuras, e visões celestiais, ou tenebrosos diabos e infernos….
Mas como já disse, respeito as histórias de cada um, só espero que respeitem a minha…. É que é hábito da cultura prevalecente, impor a sua verdade como única.

                                  António Capucha

              Vila Franca de Xira, 7 de Agosto de 2013

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