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Carissimos:
Pareço um padre a falar, não é?
Pois é, mas ao contrário do que é costume não me dirijo ao “éter”, ou à mole humana que somos nós colectivamente considerados. Desta feita queria dizer-vos ao ouvido a cada um de vós, um recado. Para tal impõe-se um pedido prévio de desculpas pelo atrevimento do acto.
Como é de força que tenham reparado, sempre que abordo as questões políticas, ou filosóficas que têm a ver com os nossos destinos colectivos, termino normalmente sustentando que a solução está nas nossas mãos. Que de certa forma somos culpados da chuva que nos cai em cima.
Quem do nosso voto precisa faz trinta por uma linha para nos ludibriar, melhor: seduzir…. E aí há dois ou três factores primordiais com que eles contam:
1º - Com a brevidade temporal dos nossos protestos.
Desarmamos facilmente… Na maior parte dos casos basta uma ligeira folgazinha na tarraxa e já está tudo jóia. E ficamos automaticamente à mercê dos trambiqueiros.
2º - Com os baixos índices de memória. Os mesmos truques e manigâncias são ciclicamente utilizados até ao despudor contando exactamente com isso: O nosso esquecimento.
3º - Com a nossa proverbial ignorância. Que não confessamos. Mas existe. Costumamos dizer : Áh isso são coisas da política…. Isso é lá para eles. Deriva este comportamento da cultura, ou por outro, da anti-cultura feita pelo salazarismo, como forma de nos manter de canga e como dizia Guerra Junqueiro: Bestas de nora.
Muitos mais aspectos haverão. Mas se conseguirmos alterar estes três, vão ver que estes iluminados de merda, ficam a pregar no deserto.
A cidadania é a pedra de toque destas coisas. Aceitamos na calma princípios que não o são nem nunca o foram, como a sabedoria técnica no poder…. Nada mais falso. Se não pensem:
Se os médicos forem sempre quem controla o poder na saúde, ou a sua variante gestor se houver que conter despesas, quem fica invariavelmente a perder são os utentes. Porque por um lado o sr. Médico tende a ser corporativo e o sr. Gestor, afadigar-se-á em conter cegamente as despesas. Logo um Cidadão politicamente bem preparado, tendo ideias e princípios filosóficos face ao tema, será em princípio o nosso representante mais lógico…. Um de nós, o mais bem preparado e honesto de entre nós, seria a opção correcta. Lembram-se de António Arnaut?
Mas isto é apenas um exemplo do que um raciocínio claro, precisa de memória e cultura politica, para que ocorra a clareza suficiente para decidir correctamente.
Não me digam que é impossível…. Que o nosso povo é assim e outras lamechas que mais não fazem do que nos manter agarrados à nora.
Os países nórdicos nos primórdios do Século passado eram pouco mais que uma sociedade feudal. E vamos a ver, hoje são o que são. A Islândia, foi atingida no coração do seu sistema tal como nós, os Gregos e os Irlandeses, mas ao contrário de todos nós, trataram logo de depurar o sistema interno de poder e estão a um passo de sair por cima desta coisa. Coisa que a maior parte das pessoas não sabe o que foi, foi-lhes habilmente sonegado, porque é disso que têm exactamente medo: Que as pessoas saibam. Trabalho de "sapa" dos políticos no poder, corruptos, imprensa arregimentada e outra canalha geralmente implicada.
Destas coisas só nos libertamos adqirindo sabedoria…. Cultura politica….
E metam uma coisa na vossa cabeça…. Eles, os governantes, não são uns iluminados. Quando muito serão petulantes, vaidosos e arrogantes….
De resto….…… PEÇO MEÇAS.
António Capucha
Vila Franca de Xira, Agosto de 2011
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