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domingo, 29 de agosto de 2010

O país de pernas p’ró ar

O país de pernas p’ró ar
A avaliar pelo título parece uma “estória” infantil. Mas a verdade verdadinha é que quase o poderia ser não fosse o assunto ser tão penoso.
Comecemos então como começam as “estórias”.
Era uma vez um país, que é este nosso, onde, sem que muita gente se interrogue acerca disso, está tudo ao contrário do que seria lógico estar.
Começa logo nos eleitos para os cargos públicos. O Presidente da República desde que deixou de ser um militar, é agora o mais sisudo e parcimonioso dos candidatos. Que aliás não precisam de o ser - sisudos e parcimoniosos - basta que o pareçam e aguentem a máscara até serem eleitos. Alguns deles gostavam de ser Rainhas de Inglaterra, outros respeitáveis e paternalistas republicanos… Este que ora temos gostava de ser Presidente Supremo de todos os Governos formados e a formar, e, se possível, gostava de ter outro país feito só de Bancos e Bolsas e com um púlpito como o de César para ele perorar sobre economia e a sua inevitabilidade nos tempos que ora correm ou andam a passo, ou às “arrecuas”….. Livra!!!!
O primeiro Ministro, que não foi eleito para tal. Quando muito tê-lo-á sido para Primeiro Deputado e é um pau. O que nós votámos foi numa lista de candidatos a deputados e um Programa eleitoral. Teoricamente a Assembleia da República controla o governo e zela pela aplicação do programa eleito. Pura ficção!!!! O Governo cujo é comandado pelo Primeiro Ministro que é simultaneamente o “controleiro” supremo do seu partido, é que controla a assembleia levando o seu grupo parlamentar de apoio à servidão mais indigna. Claro que se algum deputado não concordar é corrido e substituído por outro que esteja normalizado.
E a oposição, não é melhor…. É nesse aspecto a mesmíssima coisa mas sem Governo….
Depois basta falar num tema ao acaso e veremos que está tudo invertido.
A saúde.
A saúde não é controlada por quem a paga e dela precisa. É controlada pelos médicos,(que são em geral quem lucra com a saúde), e todas as suas organizações corporativas… Até o Ministério é controlado por eles, ao qual se acrescentam, naturalmente, as vicissitudes e “pulhices” da política.
O mesmo acontece no ensino.
O que se passou recentemente não foi mais do que uma luta sem regras, entre a necessidade de mudar as coisas e a manutenção do poder dos professores no ensino. Mais corporativismo portanto. O professor autoridade, versus, professor formador.
Os militares.... Esses são, claro, os controleiros da defesa nacional e apenas aceitam a intromissão comedida do Presidente da República… Claro que os canais de compra e venda de logística está nas mãos de um “escol“ de altas patentes, igualmente altas na sua venalidade. Bombeiros, Proteção Cívil, e tal sofre tudo da mesma enfermidade, (e estão aliás infiltrados por inúmeros militares)
E da justiça valerá a pena falar da justiça. A justiça ao invés de ser um direito da população é uma coutada privada dos Sr.s Dr.s Juízes que tal como todas as outras corporações apenas aceita controlar um aparelho à medida dos cargos que satisfaçam toda a sua gente e fecha-se a tudo o mais. Agora mais recentemente desvendou-se a infiltração política no aparelho da Justiça, e como não deu tempo para inventar um, ou uns, órgãos a isso destinados, deu-se a volta à questão e assalta-se o Sindicato fezendo eleger os seus e depois a partir daí disparar pauzinhos na engrenagem. Numa espécie de auto-fagia é de dentro que partem as infiltrações e se subverte a justiça.
Uma coisa que trespassa todo este espaço de incoerência é o princípio das competências.
É assim: Em qualquer curso com classificação final. estabelece-se uma hierarquia de qualidade provável, digamos assim, que isto de notas de cursos, diz pouco da qualidade e competência dos futuros profissionais. Mas a verdade é que aos teoricamente melhores, o sistema reserva-lhes os lugares mais sossegadinhos e de menor exigência. Ao passo que aos outros tidos como menos bons, levam com os lugares difíceis. Ora isto apenas concorre para perpetuar o atraso destes.
No tempo da guerra colonial, que era para ganhar no dizer dos sabujos(cães de fila) de então, os primeiros a ser mobilizados eram os de nota mais baixa, sendo que os melhor classificados, nem chegavam a ir à guerra, que juravam eles a pés juntos, era para ganhar…..
No ensino é o mesmo, para as escolas problema vão os do fim da escala, quando deviam ir os melhores, se é que se quer recuperar esses estabelecimentos de ensino. Mas não…. As coisas estão feitas para satisfazer os interesses corporativos e não o ensino….
E é assim em tudo neste abençoado país. Concursos públicos ou privados, cursos escolares ou de formação profissional…. Tudo…. Se calhar até na religião…. Os padres sabatínicos, quadrados, belfos, manetas, aleijadinhos da cabeça, ficam com as paróquias de zonas pouco desenvolvidas ao passo que os mais desenvoltos, - não sei como, mas há-os - ficam nos grandes centros a darem entrevistas à televisão.
Enfim coisas!!!!!!
E por favor não me digam que exagero……

António capucha
Vila Franca de Xira, Agosto de 2010

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