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quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Para que não se diga que não falamos de bola

Não gosto de quebrar promessas, mas resolvi "martelar" primeiro este tema com receio de que perca actualidade.... Mentiroso! Fi-lo apenas por que sim....
A. C.


Para que não se diga que não falamos de bola


Não vou esconder que muito embora goste do futebol, ter um clube do coração (O Grande Sporting Clube de Portugal) e tudo o mais, não consigo deixar de racionalmente ter enorme dificuldade em aceitar o mundo do futebol como uma coisa que me mereça muito crédito. E porquê?
Tão só porque no seu obscuro mundo, quase nada tem a dimensão aceitável, o nível de inteligibilidade consentânea com a dignidade humana. A começar no dirigismo saloio de “patos bravos”, passando pela “acéfalopatia” cultivada e com trejeitos de imposição contratual aos pobres (salvo seja) rapazes do chuto na bola. A estes é praticamente proibido ser ou dizer coisas inteligentes… Apenas podem seguir o formulário, assim estilo: Vou tentar fazer o meu melhor para ajudar o grupo de trabalho!!!! (Toma e embrulha!!!!)
E terminando na imprensa da especialidade onde monges copistas cultores do “futebolez” vão cerzindo a sua teia ao sabor do “lobiezinho” que lhes paga os pequeno almoços e assim.
Por detrás e sustentando isto tudo, estamos nós e a nossa inesgotável ingenuidade em contraste com a igualmente imensa generosidade, com que nos entregamos a esta paixão da bola.
Ora, como não quero sob qualquer pretexto entrar neste ninho de ratos, respigo apenas a “estória” que no seu leito correu e que aqui trago porque é um bom exemplo de um dos nossos “pecados mortais”.
O caso é que o Seleccionador Nacional de Futebol, Carlos Queiroz, está a contas com uma trama contra si urdida que pode levar ao seu despedimento, e pior, por via disso à esbanjamento de vários milhões de euros de indemnização.
Carlos Queiroz, está “nos cornos do boi” porque terá dito não sei o quê, referindo-se à autoridade anti dopagem, ou ao seu interprete de circunstância, o que constitui matéria de ofensa, também não sei se à instituição se à pessoa do executor da tarefa. E também não sei se alguém sabe quem é aqui o ofendido (a pessoa ou a instituição)…. O que claramente muita gente sabe é que o sr. Queiroz, terá sido o agressor verbal….
Já lá vai tanto tempo – ter-se-á passado antes do Mundial – que acho estranho que o suposto ofendido: a instituição ou a pessoa, cujo há-de por força ser de compreensão lenta…. Já que levou todo este tempo a sentir-se tão ofendido….
A não ser que caso a selecção portuguesa tivesse feito melhor figura na África do Sul, a ofensa já seria menor… Teria sido só de raspão. O que seria um espanto!
Tudo isto cheira a “encomenda”, onde uma “dama” manhosa faz de “Madalena” e a que, a imprensa, como sempre, corre pressurosa a aproveitar o filão.
A minha opinião é que não se perdoa ao Seleccionador Nacional, ser um mau interprete desta cultura rasteira travestida de futebol, e que ainda por cima não se expressa em “futebolez”. E o facto de ser inegavelmente inteligente causa brotoeja aos zelosos “servitas” do sistema.
A questão de fundo, a origem de isto tudo, não é este argumento de telenovela. A génese de que toda este intrincada ramagem é apenas consequência, é outra. É perversa e está sempre ao serviço dos manipuladores do costume. É uma das nossas originalidades, diria mais: anormalidades da nossa vida colectiva. O que de facto é o motor de tudo isto, é a “autoritarite” aguda das instituições e seus interpretes, que de alguma forma são autoridade disto ou daquilo. Raramente estão estas instituições, melhor, os seus executantes, dispostos a arcar com as inerentes responsabilidades de o serem. É ver a facilidade, quando há bronca, com que essa gente desaparece como por encanto. Agora a pavonearem a suas alegadas autoridades!!!!! “É um ver se te avias”….
Sabemos todos muito bem do que estou a falar. Já todos tivemos por certo um encontro do terceiro grau com este autoritarismo compulsivo. Ele é a marca indelével de quase todas as nossas instituições de serviço público. A tropa, a GNR, a PSP, a ASAE, – encapuçada e armada até aos dentes…. Ridiculo - os contínuos, porteiros, médicos, - aproveito para o cumprimentar sr. Fernando Pádua, autoridade das autoridades – os Professores, ( há quem os veja não como transmissores de conhecimento, mas como autoridades) e claro… Vossas altezas reverendíssimas sereníssimas e certíssimas: as autoridades eclesiásticas, o chefe de uma qualquer repartição….. Sei lá…. São aos centos. E se for caso disso, pode até criar-se mais. Sugiro a criação do posto de chefe dos “mictórios” públicos. Dá-se-lhe um boné e uma farda, e o homem há-de passar o santo dia a zelar por que não se sacudam vezes de mais as “ferramentas”. E chamar-se-á: Contador Supremo de Sacudidelas. Acho que já é suficientemente digno e sonante….
Temos essa mania: O autoritarismo é um resquício do tempo do “facho” que infelizmente encontra sempre entusiastas, não só actores, mas também defensores…. Não tenho qualquer dúvida de que este comportamento, associado a outros é certo!!!! Mas seguramente este, é um travão a qualquer desenvolvimento social, económico, ou político.
E em conclusão, não me custa nada a crer que o tal senhor que ia recolher o “chi-chi”, ou lá o que era, dos nossos briosos rapazes se tenha armado em “autoridade”, e não terá querido ceder a fazer a coisa noutra altura, por ventura, mais adequada ao programa de treino.
Bom… Terá dito de si para si: Ceder a não sei quê?!?! Isso é que não. Eu sou a autoridade do “chi-chi” e ando à cata de prevaricadores…..
Está bom de ver que é do interesse de todos, sobretudo do seleccionador, que as análises fossem feitas e descartada alguma hipótese de uma “vergonhaça” em pleno Mundial…
Tudo aponta para que tenha sido um caso de “autoritarite aguda” a que o excesso de pressão do seleccionador levou a que disparasse alguns impropérios. Mas em privado…. Isto é, não em público…....(Normal, diria…)
Os “servitas” do costume aproveitaram logo, uns para aparecer na televisão – há tanto que não os via!!!! – E outros para tentar restabelecer o cenário de celebração tipo IURD, na nossa selecção. Coisa para a qual o Sr. Prof. Carlos Queiroz demonstra grande impreparação….
É de fazer perder a paciência a um Santo…
Depois não se diga que presunçosamente não falamos de bola.
António Capucha
Vila Franca de Xira Agosto de 2010

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