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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Berlengas


Berlenga Grande
 
Berlengas
A pedido de várias famílias lanço hoje e aqui, em jeito de apelo, não que votem naquele estúpido concurso das sete bestas do Apocalipse, Perdão!....Das sete maravilhas de Portugal, a saber: Cavaco silva; José Sócrates; Pinto Monteiro; Jaime Gama; Alberto João; etc….etc…. Como ia dizendo não estas, de comprovada maravilha, Mas outras…. E são tantas. Não votem portanto…. Vão mas é lá.
Quem me conhece sabe que tenho uma fixação por Peniche. De que gosto desesperadamente pelas razões que já não sou capaz de executar. Ainda assim sobra a saudade, e por via de dúvidas, a beleza quase selvagem de toda a península. A Papôa, o Cabo Carvoeiro e sobretudo as Berlengas são qualquer coisa de verdadeiramente extraordinário, melhor que chocolate, que dizem ser melhor que sexo, eu disso não sei grande coisa, porque não como chocolate há muito… Queriam o contrário era….. Pois fiquem-se pelo querer…. E querer por querer deviam é querer ir à Berlenga – A grande - que é a única para onde há transporte. Um barco (o Cabo Avelar Pessoa) muito bem equipado e de qualidade para a viagem que costuma ser uma agonia anunciada. Mas vale a pena Depois na ilha há passeios de barco ao redor da ilha de visita às grutas ou para levar pessoas ao forte de S. João Baptista 3€, Onde se pode ter uma amostra da coisa. Isto é: Dá para entender a beleza e condição selvagem do ecossistema que não se ensaia nada em agredir o nosso invólucro civilizado, normalizado e potencialmente doente….. Há portanto cuidados a ter. Levar muita água (a água lá vale ouro e é caríssima). Ter cuidado com o Sol que ali parece ser outro, mais forte, mais limpo, mesmo com o tempo encoberto os escaldões são frequentes e a evitar. Proteger bem a cabeça e os ombros. Comer coisas leves para estar sempre pronto a mergulhar. Fazê-lo sempre de olhos abertos ou então equipar-se para tal. O ambiente subaquático é único. Cumprir com rigor as indicações nos locais onde se assinala por onde caminhar ou proibir  a presença de pessoas.
A Associação dos amigos da Berlenga por exíguos 36 €/noite aluga um quarto duplo no forte de S. João Baptista e digo duplo, porque, e isso é outra regra fundamental. Por todas as razões e mais uma, não se deve ir para lá sozinho por questões de segurança, não aquela de que nos queixamos nas cidades, mas a que resulta de eventuais acidentes derivados da rudeza das condições envolventes. 

 Forte  de S. João Baptista

E depois há outra razão para não ir sozinho, porque abusar do chocolate engorda. E não queremos contribuir para o “desfeiamento” do estimado/a leitor/a.
Devia ser capaz de conseguir uma vaga de fundo que levasse toda a gente a procurar a Berlenga como local de veraneio e devaneio. Isto porque há interesses de um grande grupo turístico/financeiro, em transformar por exemplo o forte da Berlenga numa estrutura de cinco estrelas. Isso arreda-nos, à maioria da população, do usufruto daquela beleza em estado puro. Daí a vedar-nos o acesso à ilha e permitir as viagens apenas aos hospedes endinheirados e fazer lá um “casinô”, onde os broncos vão largar a “peseta”. Vai um pequeno passo. A tentação da autarquia, em ter uma estrutura de luxo no seu âmbito, que projectará supostamente o nome de Peniche na rota dos alarves do Jet Set, é grande. Pesem embora os preconceitos ideológicos da actual câmara, ensina-nos a prática que nestas coisas não há ideologia que valha, é o vil metal e o sucesso económico quem dita a lei e ponto final.
É pois portanto fundamental que o projecto dos Amigos da Berlenga tenha sucesso e tenha tanta adesão que crie uma vaga de fundo que dissuada aventuraras neocapitalistas. Porque a alternativa é deixar de haver Berlenga e passar a haver um Porta-Aviões a sete milhas e meia de Peniche  Com o seu Green de Golf e tudo…. Berlenga é que não…. A consolação que me resta é que os velhadas hão-de malhar como tordos com insolações…..
Bom, mas falemos do que ainda é o arquipélago.
Há curiosidades absolutamente surpreendentes. Por exemplo:
As ilhas são constituídas de Granito rosado. Uma variante granítica que apresenta um tom rosado o que revela a presença de óxido de ferro Em toda a costa portuguesa não existe tal rocha que só vamos encontrar do outro lado do Atlântico nas costas leste dos Estados Unidos e Canadá. Ora como sabemos que o continente americano começou há milhões de anos a emigração que agora foi repetida pelos Homens partindo da Europa e África para onde está hoje, e continua a afastar-se à razão de não sei quantos centímetros por ano. Tudo leva a crer que a Berlenga é uma parte da plataforma continental americana que ficou agarrada à velha mãe Europa… Um espanto portanto, a América aqui tão perto….. Isto para além de ser a maternidade de éne espécies marinhas quer sejam aves quer sejam peixes e sucedâneos….
 Quem me encomendou esta iniciativa passou no forte uma noite e diz serem indescritíveis as sensações de estar assim isolada e integrada naquela biodiversidade imensamente esmagadora, O silêncio e a escuridão da noite revelam um céu que a maioria dos fabianos nunca viu. Obriga-nos a reflectir na nossa realidade, no que de facto somos face aquela grandiosidade, que longe de nos agredir, nos envolve, domina e aquece…. Isto é, passamos a ser mais humanos, ou melhor, a ser melhores seres humanos….
Perguntarão e uma noite dá para perceber isso tudo…. E eu respondo, depende, se for um completo idiota, nem que estivesse um ano inteiro no céu ia perceber a diferença…. Sim dá responderia…. A mensagem é de tal maneira forte, que é como digo, só sendo completamente tapado…..
Os amigos das Berlengas estão acessíveis através da “internet” Até para o pagamento, tudo fácil….
È só querer ir…. Creio que até quinze de Setembro há carreiras regulares para a Berlenga Grande.
Toca a ir lá… E não esqueça muita água, roupa folgada, botas de montanha Chapéus de aba larga, um agasalho para a noite, equipamento de mergulho e sobretudo espírito aberto. Áh, se não tiver namorada ou namorado arranje um para a circunstância…..
Dá jeito…..Ter com quem partilhar o chocolate…. A bem dizer!
                 António Capucha
Vila franca de Xira, Setembro de 2010

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