Quero sinceramente evitar um tema.... É ele a actualidade política, a crise permanente, os péssimos actores, e as suas tropelias... Nem no período mais quente do PREC, ocorreram semelhantes disparates... A fealdade é indisível....
Enquanto o resto do país sofre com o calor, aqui em Peniche o Sol fez-se tímido e escondeu-se, e claro a predominância marítima faz-se sentir e arrefece-nos os ânimos, até aos ossos... São as leis da natureza.... Peniche é uma península, espetada no mar, que se destaca da linha de costa, logo esse facto paga-se, impõe-se, entra-nos por nós a dentro sem se fazer anunciar, sem qualquer cerimónia. A população também era assim de acordo com o clima, frontal, informal mas generoso. Sem que isso tivesse o significado que geralmente se lhe atribui, o tratamento por tu era frequente.... Agora estão mais rebuscados, cerimoniosos, passam mais tempo nas esplanadas que nas tascas, que até já nem existem.... Que saudades das cabacinhas e da ginginha, soberba.... Ainda se vende no Páteo da lagoínha, não sei é por quanto tempo mais... O Cavaco destruiuas pescas e Peniche deixou de cheirar a peixe, refinou-se, perdeu-se.... Esplanadas cheias, não só de turistas, pastelarias cheias de varinas, especialistas em peixe que foram a recém especialistas em ducheses e meias de leite. Até as moças deixaram de ter as peles curtidas, e são agora pasto de cremes de beleza, são agora garotas d'Ipanema.... De pardais telhados a aves exóticas,manipulando os seus telemoveis topo de gama, que ostentam toques estridentes, porque as donas não cantam e pouco piam.... Assisto a este lento deslizar em silêncio pesado, solene, impotente.... É a vida.... e segue lance....
António Capucha
Peniche, 12 de Julho de 2013
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