Endereço do blogue........peroracao.blogspot.com

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Mercados

mercado municipal de Vila Franca de Xira
A minha pobre cabeça anda atormentada a tentar acompanhar o ritmo alucinante a que se sucedem as 
mediatizações de ideias factos ou conceitos que actualmente se produzem.
Cai dentro desta malha o termo muito em voga que respigo a eito de entre muitos outros:
- OS MERCADOS.
Largamente difundido este conceito é utilizado como se de tremoços se tratasse. Do Ex.mo Sr. Ministro do Estado e das Finanças, ao próprio Primeiro Ministro, passando pelo mais indistinto e tirocinante jornalista, até aos especialistas da área de economia e comentadores a granel, todos falam deles, todos os invocam como místicos fundamentalistas, como se fosse uma coisa incontornável; idónea e omnipotente. OS MERCADOS….
Ora…. A boa verdade é que – MERCADOS – toda a gente sabe o que são. Eu por exemplo, supunha ingenuamente, que era por exemplo assim como o mercado de Vila Franca, com os seus bonitos painéis de azulejos e cuja funcionalidade é ser local de venda e compra de coisas. Inquiri ao Deus dará, mas nem a Ti Maria do peixe, nem a padeira algarvia, tão pouco a Mari’Carvalha, confessam ter sido elas a origem da coisa. Nisso foram unânimes: Só se foram as da Ribeira, daqui não foi ninguém…. Bom Tal como nos chapéus… Mercados também há muitos…. É só procurar. Eles há-os de várias formas e dignidades, como o mercado dos ciganos, do Relógio, dos capões… sei lá, que digo eu… são centenas e centenas deles. E servem, todos eles, para o mesmo. Para irmos às “mercas” e para a ASAE fazer o gosto ao dedo…
Só que do pouco que eu fui tirando de tanto ouvir falar deles, dos MERCADOS, percebi que não se tratava destes mercados, mas sim de outra coisa mais sofisticada. Mas como toda aquela gente falava daquilo como se fosse uma coisa evidente…. Eu não quis fazer-me desentendido, porque não sou menos que eles.
Redobrei a atenção e lá fui avolumando os conhecimentos tirando umas de outras. E juntando as partes ao todo. Aduzi então, que essa coisa dos ditos MERCADOS era, não uma, mas duas coisas. Por um lado os MERCADOS BOLSISTAS INTERNACIONAIS. E por outro O MERCADO FINANCEIRO INTERNACIONAL.
Sendo que um influencia o outro e vice-versa. Isto é:
- As BOLSAS traduzem o grau de confiança num determinado negócio ou Empresa ou tudo no seu conjunto, ou seja um país. E os BANCOS INTERNACIONAIS em função disso determinam o juro a que emprestarão o “caroço”, para o tal negócio, a tal Empresa ou país.
Parece simples e intuitivo. E qual será o grau de rigor do funcionamento deste sistema
Vejamos… Se o funcionamento das BOLSAS assentar as suas avaliações no juízo das pessoas que as frequentam, estamos mal, porque na sua maior parte, Deus Nosso Senhor, substituiu-lhes a inteligência pela GANÂNCIA?
E se para além disso, ou exactamente por causa disso, estes, viverem no permanente pavor de perder dinheiro, ou de não o ganhar? (para eles é o mesmo)
Então estes coelhos assustados, exactamente por o serem, farão normalmente, análises das situações políticas e económicas, com graves desvios. Isto por um lado.
Esse facto, (a avidez do lucro e o pavor de o perder) a que se junta um QI rasteirinho, leva-os a embarcar frequentemente em patranhas bem urdidas pelos espertalhaços do tal SISTEMA, especializados em faz de conta.
Sobra pois que, se as INSTITUIÇÕES DE CRÉDITO INTERNACIONAIS, se baseiam nas operações que aqueles lorpas operam em Bolsa, Igualmente graves desvios devem haver nas suas decisões acerca do juro dos empréstimos, digo eu…
E não andarei muito longe da verdade se disser que os desvios, ou enganos, são sempre a seu favor. E contra os interesses dos seus clientes.
E se calhar também não estarei a adivinhar de mais se achar que essas INSTITUIÇOES têm ao seu serviço uma plêiade de especialistas (leia-se aldrabões) industriados em influenciar as “abéculas”em bolsa e virar os seus resultados no sentido mais conveniente para os seus patrões….
Um exemplo ao acaso:
- Há uns anos por alturas dos furacões nas Antilhas e costa Sueste dos EUA, alguma alma caridosa pôs a correr que haviam vários poços de extracção petrolífera off-shore na região, e que esse cenário de catástrofe iria provocar uma quebra na produção. Os tolos nem se deram ao trabalho de investigar um pouco a verosimilhança da “dica”. De imediato se deu uma corrida à compra de acções, porque com menor oferta, sobe a procura e isso significa mais “carcanhois” e mais-valias ao alcance da mão.
Como o furacão passou ao lado, como estava previsto, não foi “golo”. A bola foi à “trave”….
Claro que neste intervalo muitos milhões mudaram de mãos.
Eu só queria um décimo, não desses milhões, mas do que os tristes pardalitos por essas bolsas fora, gastaram em solas de sapatos no seu corre-corre a tentar não perder o comboio.
E SIM… Também nós pobres tolos, é verdade que acabamos por pagar todos, um pouco mais caro do que era devido pela gasolina para os nossos pó-pós.
Pensar eu que é isto que comanda os destinos das economias entristece-me e preocupa-me.
ENTRISTECE-ME por ver pessoas com tão bom ar, tão compenetrados e exalando sisudez por todos os poros, e que em última análise até são os nossos legítimos representantes - Os senhores: Primeiro-ministro e o das Finanças e até o nosso Presidente, (essa alma unívoca, ímpar) - a fazerem estes ridículos e lamentáveis papéis de “meninos bem comportados” para que os tubarões que manipulam este jogo, não nos aparem as asas e assim se perca ainda mais do que já deixaram que se perdesse….
E PREOCUPA-ME porque não se pode esperar nada de bom deste autêntico “nonsense” que ao fim e ao cabo É aquilo a que chamam: A mola real da economia global.
Ao invés trata-se de uma realidade virtual de um faz de conta, mas da qual, perversão das perversões… Os efeitos quase sempre nefastos, são bem reais… E a tal ponto o são, que “a bolha rebentou” (termo que foi usado para o recente estoiro do SISTEMA que abriu a crise que ainda persiste) ….. Preocupante!
Esta, até há pouco tempo inimaginável, inversão de valores no exacto seio do capitalismo internacional, que como é sabido assentava a criação das mais-valias na valorização, de um qualquer produto, mediante a sua transformação em algo mais valioso, por via industrial ou outra, hoje assenta na especulação bolsista. E foi tal a ganância, inflacionaram a tal ponto os negócios, que foi impossível esconder por mais tempo a falência do SISTEMA. E é exactamente uma derivação desse mesmo SISTEMA falido, que nos olha e avalia à lupa para dizer se sim ou não, somos um país viável… Ou devo dizer: APETECÍVEL….
Este SISTEMA, a que eufemísticamente chamam de: OS MERCADOS, não passa pois, de uma mistura não ponderada de uns quantos Chicos-espertos. A que se juntam muitos assustados coelhos. Imensos “tarantas” e acéfalos. E ainda uma pitada de “mongas” QB. Sendo que o traço grosso que a todos une, é a GANÂNCIA…
E “voilá”… Serve-se requentado…
Obrigado… Não tenho fome!!!!!!
   
                                                                      António Capucha

                                                        Vila Franca de Xira, Março de 2010
PS - Salvo da varridela de ficheiros. Apesar da data, ainda está fresco e na ordem do dia.....
                                                           

Sem comentários: