O Xico Braga e eu próprio em Dezembro de 2012 |
Estava de volta dos meus papeis e dei de caras com um poema que escrevi quando tomava uma bica à espera de serem horas de te ir ver, no S.Jose.
Um abraço
Xico
Set 2011
É
senhor do claustro, aquele pombo!
Não
entendo o que diz no sussurro de cada voo
mas
algo sei: é comigo que ele fala.
Aqui,
outrora, havia frades a intrigar com deus
Em
rezas surdas, pediam companhia com certeza.
Não
eram menos do que este pombo, senhor do claustro
feliz
por ter agora parceiro no voo
daqui
para ali e vice-versa. Arrola o pombo.
Ganhou,
como se fosse frade, uma donzela.
Escrevo
um poema num claustro antigo enfeitado a azulejos
os
célebres azulejos do país que é Lisboa.
Disfarço.
Em versos, recuso dizer a causa que me trouxe.
Falo
de pombos, de claustro, de versos.
E
não digo que menti.
Sim.
Compreendi perfeitamente o que dizia o pombo
no
seu voo enclausurado. Mas disfarcei.
Dói
muito ouvir: “O teu amigo vai morrer!”
É
senhor do claustro, aquele pombo.
E
sabe. E tudo sabe. Sabe tudo, aquele pombo.
(Enganou-se,
felizmente. Ou, de propósito, me enganou
para
que eu relembre a dor que dói quando se veste de saudade.)
PS - Enviado pelo meu amigo Xico Braga via e-mail, e contém apenas um erro: em Setembro de 2011 eu estava em S. Marta, que tem de facto uns magníficos claustros... Obrigado...
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