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sábado, 12 de janeiro de 2013

Poema

O Xico Braga e eu próprio em Dezembro de 2012


Estava de volta dos meus papeis e dei de caras com um poema que escrevi quando tomava uma bica à espera de serem horas de te ir ver, no S.Jose.
Um abraço
Xico


Set  2011

É senhor do claustro, aquele pombo!
Não entendo o que diz no sussurro de cada voo
mas algo sei: é comigo que ele fala.
Aqui, outrora, havia frades a intrigar com deus
Em rezas surdas, pediam companhia com certeza.
Não eram menos do que este pombo, senhor do claustro
feliz por ter agora parceiro no voo
daqui para ali e vice-versa. Arrola o pombo.
Ganhou, como se fosse frade, uma donzela.
Escrevo um poema num claustro antigo enfeitado a azulejos
os célebres azulejos do país que é Lisboa.
Disfarço. Em versos, recuso dizer a causa que me trouxe.
Falo de pombos, de claustro, de versos.
E não digo que menti.
Sim. Compreendi perfeitamente o que dizia o pombo
no seu voo enclausurado. Mas disfarcei.
Dói muito ouvir: “O teu amigo vai morrer!”
É senhor do claustro, aquele pombo.
E sabe. E tudo sabe. Sabe tudo, aquele pombo.

(Enganou-se, felizmente. Ou, de propósito, me enganou
para que eu relembre a dor que dói quando se veste de saudade.)


PS - Enviado pelo meu amigo Xico Braga via e-mail, e contém apenas um erro: em Setembro de 2011 eu estava em S. Marta, que tem de facto uns magníficos claustros... Obrigado...

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