Joaquim Benite (1943-2012)
O encenador Joaquim Benite, director do Teatro
Municipal de Almada e do Festival de Almada, faleceu esta noite, na
sequência de complicações respiratórias motivadas por uma pneumonia. O
fundador da Companhia de Teatro de Almada preparava a estreia absoluta
em Portugal de Timão de Atenas, de Shakespeare, que representaria
o seu regresso à actividade após um período de ausência dos palcos por
motivo de doença. O País perde assim um dos seus mais prestigiados
encenadores, ligado ao movimento de renovação do Teatro português no
período que antecedeu e que se seguiu à Revolução de 1974.
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Joaquim Benite nasceu em Lisboa
em 1943. Começou a trabalhar como jornalista, aos 20 anos, no jornal
República. Posteriormente fez parte da redacção do Diário de Lisboa e
foi chefe de redacção dos jornais O século e O diário. Foi crítico
de teatro no Diário de Lisboa e em diversas revistas e publicações.
Em 1971 fundou o Grupo de
Campolide e estreou-se na encenação com O avançado centro morreu ao amanhecer,
de Agustin Cuzzani. Com a peça Aventuras do grande D. Quixote de la Mancha e
do gordo Sancho Pança, de António José da Silva, ganhou, no ano seguinte, o
Prémio da Crítica para o melhor espectáculo de teatro amador.
Em 1976, no Teatro da Trindade,
transformou o Grupo de Campolide em companhia profissional. Em 1978 a sua
companhia instala-se em Almada, cidade de onde não mais sairia, e que
transformou num dos principais focos teatrais do País, cujo expoente máximo será
porventura o Festival de Almada, criado em 1984, e que em 2013 terá a sua 30ª
edição. Em 1988, Joaquim Benite inaugura o primeiro Teatro Municipal dessa
cidade, e em 2005 é finalmente concluído o projecto do novo Teatro Municipal de
Almada - num edifício da autoria de Manuel Graça Dias e Egas José Vieira -, que
se tornou num dos principais teatros do País.
Tendo criado mais de uma centena
de espectáculos, Joaquim Benite foi responsável pela estreia em teatro de José
Saramago, de quem dirigiu A noite (1979) e Que farei com este livro?
(1980 e 2007). Encenou ainda obras de Shakespeare, Molière, Brecht, Lorca,
Bulgakov, Camus, Adamov, Gogol, Beckett, Albee, Neruda, Thomas Bernhard, Sanchis
Sinisterra, Antonio Skármeta, Pushkin, Peter Schaffer, Marguerite Duras, Dias
Gomes, Nick Dear, O’Neill, Marivaux, Feydeau, Almeida Garrett, Gil Vicente, Raul
Brandão, entre muitos outros.
Entre os seus últimos trabalhos
contam-se: Que farei com este livro, de José Saramago (2007); as óperas
A clemência de Tito, de Mozart (2008), O doido e a morte (2008) e
A rainha louca (2011), de Alexandre Delgado; O presidente, de
Thomas Bernhard (2008); Timon de Atenas, de Shakespeare (Festival de
Mérida, 2008); A mãe, de Brecht (2010); Tuning, de Rodrigo
Francisco (2010); Troilo e Créssida, de Shakespeare (2010); e Hughie e Antes
do pequeno-almoço, de Eugene O’Neill (2010).
Entre os numerosos prémios e
distinções com que foi distinguido, Joaquim Benite foi agraciado com as Medalhas
de Ouro dos Municípios de Almada e da Amadora, e as Medalha de Mérito Cultural
do Ministério da Cultura e Mérito Distrital do Governo Civil de Setúbal. Foi-lhe
também atribuído o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique; os graus
de Cavaleiro e Oficial da Ordem das Artes e das Letras de França; e o grau de
Comendador da Ordem do Mérito Civil de Espanha.
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