Enfim , cá estou eu nas aerovias. Como dizia o meu amigo Zé Artur, que era pessoa de dizer coisas. Este por exemplo era o preâmbulo de uma carta para a namorada, na qual lhe trocava o nome, ela era Maria Emília e ele chamava-lhe Madalena. Felizmente que ainda vai havendo gente como ele, capaz de dizer coisas que ficam na memória, pela sua força intrínseca, ou harmonia expressa. Este Zé Artur, é uma peça do calibre dum João tabefe, ou, Do Nandinho de Campolide, o tal do "acarta presuntos" "que ficou a meter canela nos pasteis", artistas já aqui retratados. Artistas e tanto, são estes fenómenos da natureza o sal que tempera a vida. Na sua forma de contar as coisas, não há lugar ao corriqueiro, é tudo fenomenal e monumental, seja pintado a traço grosso ou fino. os pormenores são deliciosos ainda que revelem "estórias" escabrosas, tal a riqueza de acontecimentos gagos e sem sentido comum. As descrições ganham foros do lado diferente da vida, e ela é tão rotinada e cinzentona que bem precisa de artifícios destes. Tal como uma varina não precisa, mas o vestido novo de chita, colorido e rodado, só lhe dá vontade de dançar. E vira , que vira, e torna'virar. é alegria , infantil dirão, mas alegria em bruto, espontânea. Assim são este Zé Artur, Que mora aqui no Montijo, o Nandinho de Campolide e o tabefe. Gente que toureia o cinzentismo da vida. E eu, criador destas personagens, grizo-me todo a dar-lhes forma. Menos o Zé Artur, esse é bem real, só que as suas "estórias" são quase todas incontáveis, porque isto trata-se de literatura séria. Embora pálida, já dei uma ideia do que queria. Por aqui me fico antes que resvale......
António Capucha
Montijo, 7 de Agosto de 2012
Sem comentários:
Enviar um comentário