Em
demanda do desconhecido, calcorreando montes e vales, atravessando a vau rios e
riachos, sem molhar as nobrezas, coisas que trago agarradas a mim e de mim fazem parte. E numa perna
apenas. Isso digo eu, e apenas o digo porque falar é fácil para mim, se fosse
como muitos o são: os acometidos por AVC’s. falar seria o diabo. Tão diabólico
como andar, saltar à corda, ou tocar guitarra. Imaginemos que tínhamos tido uma profissão tão exigente como
ter sido contabilista. E que vítima de imponderáveis que não queremos nem
controlamos, de repente nos vimos incapazes de sequer soletrar um simples nome.
Quem resistirá a tamanha devastação? Eu acho que sucumbiria debaixo de
semelhante peso. E venha o mais pintado dizer que não! Que eu lhe chamo
mentiroso. Se fosse privado de falar com coerência, e escrever com desembaraço,
o que quero dizer, seria um vegetal. Ainda por cima daqueles que só dão para
sopa de letras. Nem um misero caldo verde, daria para cozinhar.
E,
querem saber mais, essas pessoas existem, e têm personalidade, e embora não os
nomeie por respeito a´sua privacidade, têm nome e continuam a lutar para
recuperar as anteriores capacidades. Julgo estar dispensado de dizer o quanto respeito
essas pessoas. Quase se pode dizer que
as amo. Não como amo os meus filhos ou a minha mulher, mas amo-os
efectivamente. Só visto. Não sei contar melhor.
É
por essas e por outras que me custa ouvir os eternos velhos do Restelo à mesa
da refeição dizer mal de tudo e todos, e que assim é que seria bom ou que desta
forma não vão a lado nenhum . Engrossar esse voserio, seria trair os esforços
dos que penam o diabo para melhorar. Falar de barriga cheia, é o que é. Não é
por simplismo, que não prevelígio, a maledicência, Não! É por respeito pelos
que lutam. Mudos e quedos, sem um queixume. Tenazmente e sem desfalecimento.
SÃO OS MEUS HEROIS! Que me perdoem os tantos e tantos que me merecem respeito, mas estes têm um cantinho especial no meu coração.
António Capucha
Montijo, 21 de Agosto de 2012
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