Endereço do blogue........peroracao.blogspot.com

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Coma.




Deixem-me contar-vos uma "estória", com laivos fortes de verdade, verdadinha, e doses controladas de imaginação. Como já outrora vos terei dito, o ano passado estive em coma umas boas quatro semanas, boas o tanas ,  digo eu que não sei do que falo, porque a memória que tenho desses dias é zero, bom não exactamente zero a minha mente sempre activa esteve a passear por vários locais, e invadiu claramente a área da minha vontade. Lembro-me que quando ao meu sub-consciente me colocou em Londres, que reconheci pelo grau de humidade e frio, aquilo era uma torre em azulejo branco com friso alto em verde. Sem saber  como lá tinha ido parar. Mas reconhecendo algumas fardas de enfermeiros e que falavam em português, inventei logo ali que aquela era uma agência britânica de S. Marta, para onde eu tinha sido enviado com o objetivo de fazer uns exames complexos. Lembremos que eu estava em S. Marta para operar o "grilo" de peito aberto. A estadia em Londres era estranha. Estávamos em pequenos grupos em pé, e àvolta de nós circulavam técnicos de saúde de toda a sorte. Tudo aquilo se revestia de enorme imponderabilidade e fantasia quanto baste. Mais tarde imaginei-me numa sala da antiga direcção da Emissora Nacional, onde trabalhei largos anos e inferi que lá estávamos, nós, mais uma equipe de enfermeiros, numa espécie de operação de charme no âmbito dos programas de Rádio/serviço da Maria Júlia e do meu amigo Fernando Correia. Também fiz uma longa passagem por uma terra chamada : Marteleira, onde me achei sem mais esta nem aquela, e nesse local decorria uma espécie de simpósio de técnicos de saúde de S. Marta. Após peripécias que não lembram ao diabo e que tenho alguma difculdade em pôr de pé, Lembro que a minha mulher desempenava no evento um papel, assim tipo, madame directora de caridadesinha, género Caritas. Um papel importante, digo eu..... E o Cirurgião chefe, de S. Marta, era o dono da mansão onde se davam estes estranhos fenómenos. Eu bem gritava e esperneava que não era dali daquele sonho, mas a minha mulher não se condoía e não me levava dali para Pdniche, que ficava um pouco mais à frente naquela estrada. Na noite em que supostamente esperava vez para ser operado, vi o cirurgião chefe, um velhote simpático ser injectado com um balde de bagaço, na veia duma perna. Calei-me bem calado e reservei essa revelação à minha mulher, para altura mais oportuna. Novo grupo de peripécias menores e a traço grosso eis resumidamente o que ocupou o meu cérebro durante as quatro semanas de coma. Acredito que neste a arrasoado de "estórias" fantásticas, está a solução que desembocou ou fez desembocar a solução disto tudo no individuo novo/renovado, que hoje sou. Não me resta outra solução que chegar a essa conclusão. Se tivermos em conta os relatórios médicos do coma, eu devia estar desde então a fazer tijolo plácidamente, Não há médico nenhum que não diga que não conhece ningém que tenha sobrevivido a um quadro desses. Ora, como não há milagres, só poderá ser encontrada a solução, desse assunto, na "estória" dele próprio. Digo eu que não sou d'intrigas. Nas "estórias" que vos contei não há nada que as diferencie de quaiquer outras fantasias alucinadas. Mas meus caros a matemática cerebral, não é bem a aritmética que aprendemos nas escolas. Dois e dois são quatro, se forem!?!?
Um dia, pode ser que me lembre de um qualquer factor que faça jogar tudo isto. Se acontecer, eu conto-vos..... è uma das maiores dificuldades que tenho de momento, é não saber o que se operou e  porquê que me transformou da forma tão drástica que o fez. Impressionante!!!!   


                          António Capucha

               Montijo, 20 de Agosto de 2012

1 comentário:

Victor Manuel disse...

Realmente, apesar de todas as peripécias de saúde porque passaste, continuas a ser o Tónica capucha que tive o privilégio de conhecer e trabalhar nos anos locos do início das Rádios locais em Portugal.
Foi no facebook e posteriormente neste blog que tomei conhecimento de algumas dessas aventuras e como as fostes superando com as visitas retemperadoras ao teu sempre querido Peniche.
Um grande bem-haja e a continuação desse espirito literário na feitura do blog.
Um Abraço grande e um beijinho da Mila a minha mulher