Minhe-jú III

joaninha

Tocaram as sinetas de aviso, a temperatura baixou-lhe um grau, apareceu uma poça de líquido no chão do quarto, procura os cantos para se enfiar lá,  a Nita deixou de sentir os bacoritos, está no entanto esperta. Pelo sim , pelo não, foi para o vet. Estou aqui em casa à espera de novas. E o assunto do dia é naturalmente este. Cronista do quotidiano que também sou, não podia ainda que quisesse, tornear esta questão. Não porque o que acontece nesta família, seja assim tão importante. Mas tenham lá um pouco de paciência, mas tenho que escrever o que sinto, e neste momento não consigo sentir mais nada. Aquela bichaneca é-me muito dedicada e eu gosto imenso dela. Aliás para mim e a minha mulher é só ternura, para os miúdos é algo intolerante porque eles a judeiam, dão-lhe apertões e dizem-lhe coisas duma maneira, que a abespinham. para os desconhecidos é toda dentes. Falta ver como se vai portar como mãe. Não é assim tão invulgar que cadelas rejeitem os filhos ou os negligenciem. Mas esta cadelita, parece ser,  pelo menos sempre alardeou ser, uma bichana de instinto. Espero, e apenas o posso fazer, espero dizia, que continue a ser instintiva também neste particular. Oxalá tenha uma boa hora, como costuma dizer-se........ Metem a chave à porta, um segundo depois entra a Minhe-Jú, a bambolear a pança, depois a Nita.
Falso alarme. Afinal a conjuntura revelou-se falsa. Ainda não foi desta....

                                 António Capucha

              Vila Franca de Xira, 15 de Outubro de 2012