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segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Outono


Férias fora de época, como dantes quando os meninos ainda não tinham escola. O eterno poema da mudança de cores e odores do jardim. As estrelícias que rebentam, os gladíolos ainda nas covas e a videira brava que teima em não cobrir o muro. Tudo presenciado pelo pinheiro manso maneta, veterano de guerra com a nortada gélida e mortal, continua a estender os braços para as rolas e pardais pousarem, enquanto não chega a hora dos estorninhos que correm com eles todos e se assenhoreiam das suas braçadas, e o rouxinol canta a sua canção de embalar no loureiro fronteiro. Onde será que um bicharoco tão pequeno vai buscar tais ganas e pulmões para cantar tão alto. E os atrevidos dos melros sabidões, deixam assobios no ar enquanto  roubam as uvas que restam porque as ginjas já foram e os marmelos estão a aboborar. 
A chuva ronda por perto, pois deixa-la rondar, eu ralado, cheiro o ar que vem do lado do mar e ele dá-me noticias de secura, por enquanto. Há pessoas na praia, enquanto lá longe, ao cair da tarde. Vejo nuvens d'oiro que são os teus cabelos. Fico louco ao vê-los, são o meu tesouro. Lá longe ao cair da tarde. Quando o Sol se põe aqui , incendeia o Céu até onde o céu toca o mar. E o prateado dos robalos e douradas, sarapintam as ondas quando se elevam  e encaracolam. 
Saudades, sim pois claro, mas mitigadas pela beleza da cercadura. Os seguidores e fieis leitores que fazem o favor de me ler, façam lá mais um favor de me desculpar mas ainda tenho a cabeça no Montijo, e dos que lá deixei a carregarem-me de saudades. Por vezes cedo à tentação de falar directamente para eles. 
Isto passa juro..... Isto de falar directamente para eles, que as saudades essas, não passam.


                                    António Capucha

                       Peniche, 24 de Setembro de 2012

1 comentário:

Miss Sensual disse...

Pode continuar a falar para nós que nós deste lado escutamos atentamente... :D