Ele não tem culpa da má fama que lhe criaram. E a propósito dele foram ditos tantos disparates, muitos mais que os que dele abusam disseram, dizem, ou dirão. Desde que beber vinho é dar de comer a um milhão de portugueses, até afirmações peremptórias de que é viciante, muito disparate foi, é e será dito. Naturalmente os "chicos moralistas" que fazem da função de proíbir, a sua realização pessoal, eles sim é que são viciados, viciados em mando e comando.
Sempre tive uma boa relação com o vinho, sobretudo o tinto maduro, e desminto categóricamente que seja um mau hábito, viciante e desviante, Claro apanhei as minhas cadelas, que por vezes está a saber tão bem que não se pode parar, mas duravam um tanto, posto o que voltava ao normal. estive largos períodos em que não podia beber e isso, não me custou a ressaca que se afirma, à tôa, ser demente. Quando pude voltei a beber e sem mácula. Por prazer e com prazer. Nada compulsivamente. Só que há uma tendência para o poder encarar o prazer dos pobres como pecado que precisa de expiação. Foder, também é uma coisa mal vista, porca. A mossa sociedade ainda é muito tosca.
Bom mas vamos ao roteiro, aliás breve, Em princípio gosto de todas as pomadas feitas a preceito por métodos tradicionais, sejam do Dão do Douro, Alentejano, Extremenho, Algarvios, ou da Bairrada, passando pelos verdes e Alvarinhos , tudo cai bem. Mas o melhor vinho que alguma vez bebi foi uma pomada do Gabinete da Área de Sines, projecto industrial dos anos sessenta. A Área consta não só de industria mas tem vastas zonas rurais de criação de gado e pomares e vinhas. E faz um tinto que é de beber de joelhos, coisa pouca.... Aí à volta de quinze dezasseis graus, e de sabor inegualável. Que coisa meus amigos!
E como é que eu ascendi a ele? perguntais! E respondo, que um amigo do peito, mal amanhado corisco, é veterinário e tem um contrato com o Gabinete de Sines para tratar os animais da exploração. Claro que se trata de uma relação profissional, mas volta não volta lá lhe dão uma caixa ou duas de vinhaça, não se encontra de outra maneira, é distribuido pelos directores e funcionários superiores e vip's , como é o caso deste meu amigo. E foi assim que à sombra de uma árvore no jardim de uma casa que ele tem junto a Porto Covo, este vosso amigo esteve a beberricar esse fabuloso néctar, acompanhado de salpicôes e coisas do género. Pois é meus caros esqueçam os "Pêras mancas", os tintos da Herdade do "Esporão", os Borbas, os Douros, os Dãos, aquele tintol faz esquecer tudo e todos, tudo ofusca. Parece que ainda lhe sinto o sabor....
António Capucha
Vila Franca de Xira, 30 de Novembro de 2012
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