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sexta-feira, 17 de maio de 2013

Desde Sines até hoje, nada aprendemos....




A propósito, lembro que pouca gente sabe, o porquê, e em que circunstâncias foi feito o projecto da área de Sines.... Estávamos no "tempo da outra senhora" e ocorreu uma guerra sem quartel no golfo pérsico. Que instabilizou toda a região inclusivé o "canal do suez". As petrolíferas com medo de passarem lá, resolveram que seria mais económico construir super petroleiros, e passar a fazê-los circular pela "rota do Cabo", na África do Sul.... Só que essas poderosas máquinas, os super petroleiros, requeriam muita, e muito cara manutenção e para abastecer a Europa e suas refinarias, precisavam de um Porto de águas profundas. Então os nossos pensadores industriais, acreditando,  e por acaso não se enganaram muito, que a tensão no golfo estava para lavar e durar, construíram as Lisnaves, Setenaves e o porto de Sines com o sua área industrial de entreposto abastecedor, faltando sempre uma via rápida de transporte do petróleo para a Europa, que era fundamental para convencer os magnatas a considerar a nossa alternativa... Só que os magnatas do petróleo resolveram equilibrar os pratos da precária estabilidade na região do golfo e naturalmente investiram milhões e milhões a garantir a estabilidade necessária no Suez, e voltar à velha rota mais curta e economicamente mais favorável. Quem ficou com a batata quente a estalar nas mãos, foram os "Chicos espertos" portugueses que ficaram com esses "monos", atravessados na peida.... Autênticos monumentos à nossa estúpida ambição e incapacidade de realizar obra de fio a pavio... Outro tanto acontece com o projecto do Alqueva, a albufeira em si seria o princípio, e apenas isso, o verdadeiro projecto era o plano de rega do Alentejo que o transformaria de terreno árido em terreno altamente fértil, e a produzir imenso.... Em vez disso a albufeira lá está para deleite de meia duzia, e a rede de rega está para as calendas.... Meia duzia de projectos turisticos implantados, não têm comparação com o projecto visionário de pôr o Alentejo a produzir a partir do regadio... Até hoje, essas super estruturas industriais e agrículas,  perfilam-se quais fantasmas, mantendo em lume brando os velhos sonhos  de grandeza.... É aliás a nossa maior característica... Alimentar sonhos, sejam de Impérios coloniais, de evoluções espectaculares e acabamos sempre por ficar à mercê dos resgates financeiros que os nossos algozes nos aprontam.... E porquê?   Porque nunca mais aprendemos que as contas se fazem no fim, perdemo-nos em detalhes e lateralizações e assim desfitamos o objectivo, que nunca esteve claramente definido, e que devia  ter sido tenazmente mantido e defendido.... 
Qual será o objectivo primordial do momento, claro, estamos de acordo, é vencer a crise. E seria preciso para isso, termos de passar por esta coisa que nos está a destruir, o chamado "tecido económico" Acho que não, o que estamos a fazer é "profissão de fé"  nos sistemas financeiros internacionais, os tais mercados... E isso, é caminho que tenha de ser percorrido? Claramente não.... Isto está a custar-nos para lá da economia, o bem estar das pessoas, e o equilíbrio social.... O desemprego cresce assustadoramente, e não é apenas o facto de milhares e milhares de pessoas deixarem de produzir, Talvez o pior seja que esses milhares e milhares de cidadãos, entraram sem remissão, na zona da pobreza mais atróz... As pessoas passam por tremendas dificuldades, apenas para se fazer "profissão de fé". Já se perdeu o Norte ao objectivo... Sempre a alimentar sonhos.... Agora é o sonho do retorno aos mercados.... Que acreditam estes badamecos que será a panaceia, que tudo irá curar.... Badamecos, Anormais....

                                                  António Capucha

                                Vila Franca de Xira,17 de Maio de 2013

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